![]() |
Humberto de Campos |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
CLÓVIS
BEVILÁQUA – PARTE – 19
Uma vez
que aludi a casa da rua Barão de Mesquita, contarei aos mais moços,
que a moradia de Clóvis era de extrema simplicidade. Vivia como um
cearense pobre, bom e simples até a medula. Os animais encontravam
refúgio certo e agasalho doce, nesse lar de um verdadeiro
franciscano. Leia-se a belíssima página que Humberto de Campos
dedicou a escrever como viviam os pombos, os gatos, cães e galinhas,
na casa de Clóvis. Aqueles eram – diz Humberto de Campos – os
galináceos mais felizes da terra...
E a
família que ali vivia? Como seriam aquelas criaturas? A poetisa e
escritora D. Amélia de Freitas Beviláqua? Suas filhas? O próprio
Clóvis definiu-as na dedicatória que lhes fez do seu Código Civil,
ocupa longo espaço o pensamento da família; neste livro, o afeto do
lar foi a luz inspiradora, de irradiação suave, mas persistente”.
Eis um
pequenino e delicioso retrato da vida familiar de Clóvis, traçado
por um dos seus melhores biógrafos, Macário de Lemos Picanço – e
completado por um dos mais destacados filósofos brasileiros:
“Depois
do casamento, passou Clóvis a dedicar-se única e exclusivamente aos
livros e à família. Clóvis sempre encontrou no recesso de sua casa
a mais completa felicidade. Tudo é para ele. Suas filhas Floriza,
Dóris, Velleda e Vitória vivem para o pai. Dá gosto ver-se o lar
de Clóvis. Aí tudo é brandura, tudo é amizade, e dele disse
Farias Brito, numa recordação: na família do Dr. Clóvis Beviláqua
encontrei o retrato vivo da felicidade. Tudo aí é simples,, tudo é
harmônico. A majestade do saber alia-se a poesia da virtude”
(Direito, 20/36).
Quem
vive assim, quem trabalha assim, quem sempre colocou os interesses da
sociedade e da pátria muito acima dos seus próprios, é sábio e é
santo.
Eis
porque os homens de sua própria geração, inclusive aqueles que
mais guerra fizeram, quando o pombo alvíssimo alçou voo e
destacou-se no azul do céu, todos foram compelidos a reconhecer-lhe
os méritos. Rui Barbosa, em discurso no Senado. Proclamou-o:
“culminante sumidade jurídica”. E certa feita, presidindo a uma
conferência de Clóvis sobre Teixeira de Freitas, conferiu-lhe a
palavra nestes termos: – “Dou a palavra ao maior dos civilistas
vivos, para que fale sobre o maior dos civilistas mortos”.
Continua
MANUEL
AUGUSTO VIEIRA NETO