quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Grandes vultos: Clóvis Beviláqua - Parte 02.

Martins Júnior


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
CLÓVIS BEVILÁQUA – PARTE - 02
Na juventude, Clóvis não sentiu a vocação jurídica. Era apenas literato, ledor apaixonado, que mistura Macedo, Castro Alves, Alencar com Lamartine, Taine, Chénier.
Muda-se para Recife, em 1878, para matricular-se na Faculdade de Direito, que tanto honrou e da qual seria o ilustre historiador.
O Recife, a princípio, não agrada. Clóvis tem apenas dezoito anos, mas é um moço triste. A um jornal de Macaé, escreve suas impressões sobre a capital pernambucana: – “… é insípida como um copo d’água para quem não tem sede; e na insipidez é monótona como em noite de insônia o eterno tiquetaque dum relógio de parede. Sufoca-se, morre-se de calor e de tédio. Procura-se ar, procura-se distração; não se encontra nem uma, nem outra coisa” (apud. Macário de Lemos Picanço, Clóvis Beviláqua, in Rev. Direito, vol. 20).
Os biógrafos interpretam essa passagem como lamuria de saudade. Admito a saudade. Inclino-me, porém, a crer que o jovem Beviláqua sentisse algo mais profundo: – havia reminiscências tristes do distante Ceará, de sua infância, de seus conterrâneos flagelados, e, talvez, a procura dele mesmo, pois nas letras Clóvis não encontrava a realização de sua fortíssima personalidade.
Esse tom de tristeza perdurou durante todo o tempo acadêmico, embora estivesse Clóvis cercado de excelentes colegas de turma: Martins Júnior, amigo íntimo e companheiro de tertúlias, Afonso Cláudio, Tito Lemos, o grande J. X. Carvalho de Mendonça, Urbano Santos, que seria vice-presidente da República. Em outras classes estavam: Farias Brito, Alberto Torres, Artur Orlando, Sousa Bandeira, Borges de Medeiros. No meio desses amigos e prestigiado por essa plêiade, Clóvis era retraído, sem a jovialidade e a exuberância dos estudantes de Direito. Descreve-o Afonso Cláudio nesses termos: – “… certo é que Clóvis já possuía na juventude a gravidade, as tendências e os hábitos de hoje… Jamais vi-o nos teatros, menos ainda fazer concessões ao janotismo ou ao galanteio das damas; nas livrarias, sim, tinha assiduidade, pois era a atmosfera onde parecia gozar de todos os deleites e recreações perlustrando obras” (Af Cláudio, Bosquejo Biográfico do Dr. Clóvis beviláqua, in Rev. Do Instituto do Ceará, 1916).
Continua
MANUEL AUGUSTO VIEIRA NETO


2 comentários:

Andre Mansim disse...

Bacana!
Te confesso que não conhecia. Mas vou acompanhar a biografia aqui.

Um abraço!

LUCONI MARCIA MARIA disse...

Amigo grata, só sabia por cima, vou esperar a próxima parte. abraços

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