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Clóvis Beviláqua |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
CLÓVIS
BEVILÁQUA – PARTE - 01
(1859 –
1944)
“… possuía
na juventude a gravidade, as tendências e os hábitos de hoje...”
Em 1774,
procedente de Trieste, chega às prais do Ceará, vítima de um
naufrágio, o piloto italiano Ângelo Beviláqua. Casa-se, em
Fortaleza, com D. Luísa Gaspar de Oliveira. Dos seus dez filhos, o
segundo era José, de temperamento arrebatado e interessado em
política, tendo sido deputado à Câmara Geral. Esse foi o pai de
Clóvis. Sua mãe, D. Martiniana Maria de Jesus Ayres, natural da
Província do Piauí.
Nasceu
Clóvis a 4 de outubro de 1859, dia de São Francisco de Assis.
Viçosa, sua terra natal, fica plantada no alto de uma serra, em meio
do caminho que vai das alvas praias dos verdes mares, como diz
Alencar, ao sertão rude e trágico, onde o sertanejo se faz forte e
resignado.
Não é
vã a referência ao panorama. O berço natal traçou o destino de
Clóvis. Se voltado para o norte seus olhos se perdiam no infinito do
oceano, como em busca de um ideal, do sul chegava-lhe ao ouvido a voz
quente do sertão agreste. Assim se fez aquele ente singular que
elevava o coração aos páramos dos mais elevados sonhos, sem se
afastar da realidade, que enfrentava corajosa e resignadamente. O
próprio Clóvis confessa a influência telúrica em sua vida: – “O
cearense educou-se na luta e a ela afeiçoou-se. O solo esquivo
recusa-lhe os meios de subsistência sem aturado esforço; o sol cai,
como um incêndio, sobre uma terra que não possui rios, nem lagos,
nem grandes matas, onde toda vegetação desaparece com o verão; o
mar só se deixa domar pela afoiteza da jangada alvíssima. Numa
escola assim, aprende-se a lutar, sem jamais cansar. Adquire-se a
intrepidez e perseverança...” – (Revivendo o passado, volume II,
pág. 96).
Muito
criança sai Clóvis de seu lar. Faz os primeiros estudos em Sobral.
O curso secundário iniciado em Fortaleza é concluído no Rio de
Janeiro, em 1877.
Na
Corte, torna-se amigo de Paula Ney e de Silva Jardim, que procurou
convencê-lo a vir morar em São Paulo. Com esse diletos
companheiros, publica um jornalzinho escolar: – o “Labarum
Litterarium”, que obteve pleno êxito e revelou os primeiros
bruxoleios daquele que seria poeta, tribuno e jurista.
Continua
MANUEL
AUGUSTO VIEIRA NETO