Igreja do Rosário |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
JOSÉ
CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 14.
Seu
corpo foi trasladado da humilde casa do Engenho de Dentro para a
Igreja do Rosário, onde foi alvo das homenagens consagradoras do
povo que desfilava para vê-lo, tendo como guardião de sua cabeça
um exemplar da “Cidade do Rio”. Grande foi a multidão que o
acompanhou à última morada, entre os quais Olavo Bilac que, à
beira do túmulo, disse o célebre soneto, só por si consagrador de
sua imortalidade, cujo final é o seguinte:
“E,
eterno, à eterna luz dos séculos exposto,
Ficas
tu, que ao nascer, já na pele trazias
A
imorredoura cor do bronze imorredouro!”
A 31 de
janeiro de 1905, escrevia Félix Pacheco: “A figura do gigante
adormecido irrompe da terra fria, numa redenção magnifica, e
retoma, com o majestoso fulgor de antanho, o lugar que lhe cabe na
história do País… negro pela cor, mas ariano pelo espírito, esta
contradição fundamental entre um fútil acidente da natureza
transitória e a manifestação superior da eterna luz, devia
forçosamente fazer de José do Patrocínio um rebelado da vida”…
e termina magistralmente o mestre dos perfis: José do Patrocínio
representou exatamente isso. Ele constituiu a angústia milenar do
negro, abrindo-se, rebentando-se aqui numa eclosão vingadora.
Emílio
de Menezes, no dia 2 de fevereiro do mesmo ano fatídico,
homenageava, também, o dileto amigo que partiu, com dois sonetos
magníficos, o último dos quais assim termina:
“Negro
feito da essência da brancura,
Esse que
a Terra hoje em seu seio cobre,
Sóis
porejava pela pele escura!”
Assim se
extinguiu, aos 51 anos de idade, uma vida de contradições, sempre
voltada à defesa incondicional dos fracos. Não se extinguiu, porém,
o seu espírito, o exemplo de sua coragem, a nobreza das causas que
defendeu. Cada dia que passa, mais esclarecida e compreendida é sua
alma tempestuosa à qual tanto deve o Brasil.
S. SILVA
BARRETO
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