Luís Murat |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
JOSÉ
CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 04.
Como
redator da “Gazeta de Notícias” suas atividades chegaram a seu
fim quando o mesmo se indispôs com a orientação limitada do
jornal. Necessitava de um campo maior onde pudesse lançar, com a
força de seu ímpeto, suas ideias abolicionistas, que não se
submetiam a medidas. Patrocínio deixou-se envolver por imensa
tristeza quando, então, seu sogro se dispôs a arranjar-lhe a
quantia de quinhentos contos de reis para a compra da “Gazeta da
Tarde”, jornal que acabava de perder um de seus donos, Ferreira de
Menezes, também integrado na campanha. Novo ânimo se apossa do
incontrolável e rutilante mulato e a “Gazeta da Tarde”
desfralda, nas ruas do Rio de Janeiro, sua nova bandeira de guerra à
escravidão, acompanhada pelos aguerridos soldados da pena. Luís de
Andrade, Júlio Lemos, Gonzaga Duque, Campos Pôrto, Leite Ribeiro,
Dias da Cruz e, na gerência, João Ferreira Serpa Júnior.
Dois
grupos unidos pelo mesmo ideal, formaram-se durante a campanha
abolicionista: o de Nabuco, chamado intelectual-filosófico, que
procurava conquistar as elite, e o de Patrocínio, que comanda o
povo, fá-lo vibrar pela causa redentora. Nabuco perante o Congresso,
Patrocínio perante a massa popular.
Os
escravagistas começaram a se insurgir contra sua campanha e o
apelidaram de “preto cínico”. Sua cabeça era posta a prêmio
pelos fazendeiros do sul. O terror não o abalava. Sua pena e sua voz
sucediam-se em catadupas, cada vez mais arrasadoras, convincentes.
As
atividades abolicionistas de José Carlos do Patrocínio dividiam-se,
então, em quatro facetas distintas e convergentes: a do jornalista,
destemido e radical; a do tribuno popular, fervoroso e dramático,
nas ruas do Rio e, como caixeiro viajante, de São Paulo ao Ceará; a
do escritor, poeta e romancista de parcos recursos, salvo algum
soneto ou o poema intitulado “A Revista”, descrevendo uma cena de
cativeiro e os romances “Mota Coqueiro, ou a pena de morte”, Os
Retirantes” e “Pedro Hespanhol” ; finalmente, a do boêmio, nas
mesas do Bar “Castelões”, da “Confeitaria Paschoal”, do
“Recreio”, do “Ginásio”, da “Adega Maison”, onde se
metamorfoseava no popular “Zé do Pato” entre seus diletos e
fiéis amigos, Paula Nei, Luís Murat, Olavo Bilac, Coelho Neto,
Guimarães Passos, Raul Pompéia, Aluísio Azevedo, Emílio Rouède,
Artur Azevedo, Pardal Malet, Emílio de Menezes e outros escritores
da época. A Paschoal era a preferida e ali entre a boemia,
discutiam-se os destinos da Pátria e partia a voz de comando da
campanha abolicionista, comandada pelo grande libertador de escravos.
Continua…
S. SILVA
BARRETO
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