Padre Henri Lacordaire |
GRANDES VULTOS
BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
TOBIAS
BARRETO – PARTE 05.
Na
Escada funda um clube popular, onde, em 1877, pronuncia discurso, que
representa claramente um dos pontos básicos do seu pensamento
político. Antes, ouçamos Hermes Lima:
Na
crítica política, seu pensamento apresenta duas características
principais: a primeira, a noção de que as instituições políticas,
assim como os princípios desenvolvidos pela Filosofia a que dão
lugar, são colaborações relativas à épocas e a países e que,
portanto, devem ser considerados à luz dessa relatividade; a
segunda, Tobias emprestava à palavra povo antes um significado
social do que um significado constitucional. Ou melhor, essa palavra
sugeria-lhe antes o conjunto da população nacional a ser conhecida
nas exatas condições do seu viver do que no princípio político de
soberania, que a Constituição depositava e encarnava no povo.
A
primeira característica pode ser verificada, entre outros passos de
sua obra, nas páginas dedicadas à questão do poder moderador; a
segunda, no Discurso em Mangas de Camisa, principalmente”.
Neste
discurso, pronunciado no Clube Popular de Escada, Tobias expunha
ideias avançadas para sua época, ideias que tinham como “principal
agente o espírito popular, o ímpeto democrático do século”.
Isto criaria contra ele um ambiente de incompreensão e adverso.
Ideias novas sempre têm inimigos. Para esses “o exercício de um
direito pode tomar proporções de um fenômeno perigoso, de uma nuvem tenebrosa, que esconde no seu bojo alguma tempestade".
O
próprio nome do discurso trazia algo de revolucionário. No tempo
dos homens encasacados, ele se propunha a falar, simbolicamente, em
mangas de camisa, isto é, com simplicidade, em família. O discurso,
cuja primeira edição é de 1879, assim é anunciado:
“Disse
uma vez o padre Lacordaire que a posição mais desfavorável do
orador é ter que falar a homens que comem, – porém há outra, a
meu ver, ainda mais desfavorável: – é quando se fala a homens que
têm fome, se não se trata de meios de satisfazê-la, ou ao menos de
moderá-la. Tal seria, por certo, a minha posição diante de vós,
como iniciador da ideia de um Clube Popular, se me viesse à mente a
singular lembrança de ocupar-me em outros assuntos, que não fossem
os males da nossa vida política, o estado de penúria e a pior das
penúrias, a penúria moral, em que laboramos, o desânimo dos
espíritos, a surdez das consciências, em uma palavra, todos os
sintomas da doença, que mata as nações, o abandono de si mesmo, o
esquecimento de seus direitos, pela falta de justiça e liberdade, de
que todos nós sentimo-nos sequiosos e famintos”.
Continua…
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