GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
IRINEU
EVANGELISTA DE SOUZA (MAUÁ) - PARTE 01.
(1813-1889)
“Cumpre
estar prevenido contra certas ideias apregoadas com dogmática
severidade por parte de doutrinários inflexíveis, as quais nem
sempre são aplicáveis a países onde as causas que determinam
certos fenômenos são diversas...”
Irineu
Evangelista de Souza, barão e depois visconde de Mauá, foi sem
dúvida alguma, a maior figura no campo econômico que tivemos no
Segundo Império, o mais audaz empreendedor do seu tempo e o
iniciador da industrialização entre nós. Seu nome, por isso,
projetou-se largamente na época, chegando aos nossos dias coberto de
glória, embora sua personalidade seja por vezes controvertida. Mas
isso é próprio das fortes personalidades humanas, que realizaram
algo de imorredouro.
Sua
existência, como a de todo grande homem, é fascinante, rica de
sinuosidades, compondo-se das mais variadas facetas, todas elas
plenas de ensinamentos. Se encontramos nela momentos de glória e
esplendor, há também episódios amargos, comoventes mesmo, que só
um espírito forte seria capaz de suportar, sem cair no desespero. E
no meio disso tudo, um esforço hercúleo, uma vontade inquebrantável
de atingir os objetivos visados. É a vida dos predestinados que
nos servem de exemplo. Temos assim, em primeiro lugar o lado humano,
ou seja, a trajetória do homem neste mundo, que foi eivada de
sacrifícios e caracterizada por uma nobilitante força de vontade
singular. Tendo nascido nos confins do país, em Arroio
Grande, Município de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, ficou órfão
de pai aos cinco anos, o que o obrigou a ganhar o seu próprio
sustento desde os verdes anos. Tendo aprendido a ler com a mãe,
evidenciando desde cedo inteligência
invulgar, menino ainda, aos nove anos é levado por um tio para o Rio
de Janeiro, onde se emprega no comércio, pois não tem qualquer
recurso para estudar. Do
minguado salário que percebe nesse modesto emprego ainda tira uma
pequena parte para enviar à mãe pobre, que ficara distante.
Desembarca
na Corte, trazido por um navio a vela, em 1822, o ano da nossa
Independência.
Sua escola, por isso, foi o rude balcão
sobre o qual dormia as poucas horas que lhe sobravam à noite, depois
de ler sequiosamente livros e mais livros à luz mortiça
do lampião
de azeite, guardando os livros na gaveta do mesmo balcão.
Demonstrando sisudez precoce e desejando ardentemente vencer,
procurava por todos os meios instruir-se
e ganhar simpatias. Um
dos fregueses da casa, notando naquele menino vivo e sério,
incontido anseio de saber, dá-lhe lições à noite, a portas
fechadas, escondido do patrão, proporcionando-lhe com isso mais
instrução e conhecimentos práticos, ensinando-lhe Contabilidade,
Francês e outras matérias.
Transferindo-se
a seguir, para outra casa de comércio, onde consegue desde logo
impor-se, conquista a confiança do chefe, a ponto de entregar-lhe a
chave do cofre. O dono desta casa comercial, João
Rodrigues Pereira de Almeida, não foi porém feliz nos negócios,
tendo de liquidá-lo contra a sua vontade, para satisfazer os
credores. Entre estes encontrava-se Ricardo Carruthers e Cia., a quem
o rapazinho Irineu é apresentado e com quem vai trabalhar daí por
diante. Tinha então dezesseis anos, no entanto, sua superioridade
sobre os demais caixeiros já era notória. Aprende inglês
rapidamente, praticando-o nas
transações cotidianas que realizava, adquirindo dessa forma o
manejo da língua inglesa em forma exemplar. Isso ajuda-o a subir e
ganhar a simpatia dos patrões. Com sete anos de atividade constante
e dedicada, torna-se sócio da firma, contando apenas vinte e três
anos.
Estava
vencida assim a primeira etapa, a mais difícil, a que tivera de
criar do nada, sem parentes nem instrução prévia para auxiliá-lo.
Em sua famosa Expedição aos Credores, considerada com razão
como sua própria autobiografia, recordará mais tarde: “Um dos
melhores tipos da humanidade, representado em um comerciante inglês,
que se distinguia pela inteira probidade da velha escola da
moralidade positiva, depois de provas suficientes de minha parte em
seu serviço, escolheu-me para sócio-gerente da sua casa, quando era
ainda imberbe, pondo-me assim tão cedo, na carreira comercial em
atitude de poder desenvolver os elementos que por ventura se
aninhavam em meu espírito”.
Continua...
Heitor
Ferreira Lima
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3 comentários:
Nunca lhe tinha sequer ouvido o nome. Obrigado pela partilha.
Um abraço
Olá, Rosemildo...
Estive pesquisando, alg. coisa, sobre esta ímpar e controversa figura e fiquei deveras agradada. É com sacrifício e mta determinação, que subimos, honestamente, na vida e Mauá, não foi exceção.
Visconde de Mauá, nascido bem no sul de seu país, bem longe das cidades mais intervenientes e influentes, e apesar de ter ficado órfão de pai, mto pequeno, soube, honestamente construir carreira, se salientar, sendo a economia, sua paixão.
Beijos e boa semana.
Nota - estarei ausente pra férias a partir do próximo fim de semana e até inícios de agosto. Estarei, tb, afastada da net.
Olá, Rosemildo...
Já estive pesquisando, alg. coisa, sobre o visconde de Mauá e tantos dados, eu encontrei.
Controverso, inteligente, rígido, sempre que necessário, determinado, de vida nada fácil, visto k ficou órfão de pai, bem pequeno, mas sempre soube se virar com honradez, atingindo seus objetivos, de forma brilhante e ao k parece o seu negócio era a Economia.
Beijos para todos vocês, com carinho.
PS - Rosemildo, entrarei de férias, nesse próximo fim de semana e só devo regressas nos princípios de agosto. estarei ausente da
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