HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA
BRASILEIRA – PARTE 13
A ironia, a inquietação, a
obsessão da morte – constantes na poesia baironiana –
refletem-se na do nosso Álvares de Azevedo, de maneira vivencial e,
ao mesmo tempo, perturbadora. Dos nossos românticos, Álvares de
Azevedo parece ter sido o que melhor assimilou o spleen baironiano.
Em outra direção, não foi o processo do romance histórico europeu
(o de Walter Scott, de Cooper, de Garrett, de Herculano) que se
reproduziria na arquitetura do romance histórico alencariano? Poucos
Romantismos podem comparar-se ao nosso, em se tratando da revelação
de valores! Se assimilamos a experiencia europeia, a experiencia dos
românticos europeus nos gêneros de que a nova estética se fez
pregoeira, também criamos, de acordo com o nosso gênio poético, o
nosso lirismo inato, verdadeiras obras-primas. Num ensaio há tempos
publicado, não perguntava Gilberto Amado, referindo-se a Castro
Alves: que literatura pode apresentar um valor como esse poeta que,
morto aos 24 anos, deixou, entre outros, um livro como Espumas
Flutuantes? Quantos Romantismos podem apresentar uma elegia como o
Cântico do Calvário, de Fagundes Varela? Foi mais autentico, por
ventura, do que o de Gonçalves Dias e de Alencar o indianismo de
Chateaubriand e de Cooper? Nossa literatura teve a seu favor a
coincidência de, no século XIX, assistir o Brasil ao nascimento de
uma plêiade de talentos artísticos à maneira de como ocorreu com a
França nesse mesmo século e nessa mesma estética. Bastariam os
nomes de Castro Alves, de aparato verbal grandiloquente, adaptável
aos grandes temas sociais e polêmicos como a escravidão que seu
estro vituperou; de Gonçalves Dias, em quem a nacionalização da
poesia tem procedência na sua capacidade de intuir a natureza em
todos os seus aspectos, de fazer do índio um mito poético.
Gonçalves Dias, que Bilac
julgava o maior de todos os nossos românticos, chegou a impressionar
o gênio austero de Alexandre Herculano. Não foi, pois, baldado o
grupo de admiradores, o chamado Grupo maranhense que se formou sob a
égide, e que se constituía de homens como João Francisco Lisboa,
autor de uma excelente biografia do Pe. Antônio Vieira, do humanista
e tradutor (aliás de notáveis recursos) Odorico Mendes, do
gramático Sotero dos Reis...
Ob: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte:
“Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968,
volume 7.
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4 comentários:
Mais um ensinamento lindo Rosemildo.
Bjs e obrigada pela visita.
Carmen Lúcia.
Olá, Rosemido!
Naturalmente que quase todos os escritores sempre sofrem influências dos que os antecederam, em todos os países, e Álvares de Azevedo não foi exceção.
O fatalismo, o medo da morte, que se tornou patologia grave, tal como o desconserto do mundo de k falou Camões, está presente no espírito e nas obras desses escritores românticos brasileiros.
Esse morreu bem jovem, com vinte anos, apenas, vítima, segundo nos diz a História, da epidemia que grassava nesse tempo: a tuberculose, embora outros historiadores tenham apontado outras causas para a morte dele.
Profundamente influenciado por Lord Byron e Goethe, ainda escreveu bastante livros e frequentou a Faculdade de Direito, mas a morte o não deixou prosseguir e brilhar mais ainda.
Castro Alves escreveu muitos poemas sobre a escravidão e foi considerado o "Poeta dos Escravos", defendendo sempre a liberdade deles e seus direitos.
Morreu jovem, tb, com vinte e poucos anos, acometido, tb, de tuberculose, mas esse numa caçada feriu um pé k teve de ser amputado. Amou e desamou, algumas vezes, como é natural, mas a amputação o privou de continuar sua caminhada.
Em quase toda a Europa, mas sobretudo em França, Portugal e Inglaterra, surgiu todo um conjunto de geniais escritores, que, direta ou indiretamente influenciaram os românticos brasileiros, que, ainda hoje têm suas características próprias e únicas.
O Romantismo do Brasil foi diferente, embora influenciado, de todos os outros, pke vocês receberam/recebem e receberão, aceitam mto bem todas as culturas, raças e credos, e portanto, a miscigenação se fez, se faz e se irá continuando a fazer. Não podemos deixar de falar de África, cujo sangue está em vossos veias em elevadíssima percentagem, devido à Rota triangular do Atlântico, entre outros fatores.
Beijos.
De todos só li Castro Alves, os outros são-me completamente desconhecidos.
Um abraço e bom fim de semana
Através do seu blogue tomo contacto com escritores que até
então me eram totalmente desconhecidos. Vir aqui é uma
fonte de maior enriquecimento, que tenho que agradecer ao meu.
Abraço
Irene Alves
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