Foto: A Iracema de José de Alencar, em pintura de José Maria
Medeiros
HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA –
PARTE 14
Quais os Romantismos que podem
mostrar-nos um poeta como o fluminense Nicolau Fagundes Varela, em
quem a consciência religiosa era uma forma de ser? Podemos esquecer
José de Alencar, o mais visual dos nossos românticos, de capacidade
descritiva tão intensa quanto a de Chateaubriand para a Literatura
francesa! Nossa natureza, tão irregular nos seus aspectos: de serena
à exótica, de paradisíaca à revulsiva – encontrou nele o
artista épico, aquele que soube ver melhor do que os outros, porque
era grande seu horizonte visual e não menor sua imaginação.
Iracema, misto de poema em prosa e romance, tanto quanto um documento
histórico: mostra um aspecto da formação de nossa raça, quando o
conquistador branco, Martim Soares Moreno, se une, perdido de amores,
a Iracema. O filho de ambos – Moacir – é o brasileirinho que
desponta para a grande aventura da raça... O Guarani, na pessoa de
D. Antonio de Mariz, em Ceci e em Peri, retrata o início de nossa
civilização, quando a História, na sua dialética e no seu
determinismo, procurava harmonizar a raça conquistadora (Ceci) com a
conquistada (Peri).
A prosa romântica teve em
Alencar o seu aspecto mais reativo: anticlássica e antilusitana,
porque rompeu com certos giros e matizes da sintaxe tradicional
portuguesa – (colocação auditiva e rítmica dos pronomes átonos,
emprego do gerúndio, nas conjugações perifrásticas, em
substituição ao infinitivo proposicionado) – criando não uma
língua brasileira, mas uma nova fase do idioma mais liberta do
predomínio das correntes eruditas e dos convencionalismos
linguísticos gerados pelo tempo e pelas escolas literárias.
O outro aspecto dessa mesma
prosa representam-no os demais romancistas, como Bernardo Guimarães,
Taunay, Joaquim Manuel de Macedo, Franklin Távora, Manuel Antônio
de Almeida, Machado de Assis (em sua fase de transição); os
teatrólogos, como Martins Pena; os historiadores como Francisco
Adolfo de Varnhagen; os críticos como Pereira da Silva e Joaquim
Norberto de Sousa e Silva; os jornalistas como João Francisco Lisboa
e Tavares Bastos; os oradores, principalmente os sacros, como Frei
Francisco de Mont'Alverne. De cada um deles poderíamos dizer algo:
se Alencar representa o romance indianista – Bernardo Guimarães,
com A Escrava Isaura, Franklin Távora, com O Cabeleira, Taunay, com
Inocência – distinguem-se no romance de características
regionais, enquanto Joaquim Manuel de Macedo, com A Moreninha, e
Manuel Antônio de Almeida, com Memórias de um Sargento de Melícias,
ilustram o romance de tendências urbanas. Dentre esses romancistas,
convém salientar Manuel Antônio de Almeida: precursor do realismo
brasileiro pelo seu espírito de análise e de observação, a época
que retratou (o Rio de 1810) está integral em seu livro, no qual o
romancista movimenta tipos sociais e figuras históricas, com os
quais soube reconstituir a humanidade do 1º reinado brasileiro.
Ob: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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5 comentários:
Post mais lindo, Furtado. Bom dia!!
Estou aqui te lendo há um tempão.:)
Uma aula de literatura.Show!!
Lembro tanto do Guarani,me impressionou aquela cena descrita no final quando o solar é destruído. Quando Peri e Ceci tentam escapar do dilúvio sobre a palmeira e desaparecem no horizonte. Lindo d + !!!
Beijos, amigo
Parabéns!!
Um texto que nos dá a conhecer um pouco mais de literatura brasileira do romantismo. Conheço muito pouco dessa época, aliás se exceptuar
A Escrava Isaura, penso que não conheço nada, pelo menos não me lembro de ter lido nenhum dos citados, embora o nome de A Moreninha não me ser estranho, penso que já li qualquer coisa sobre esse livro, mas não sei.
Um abraço
Lindo como sempre Rosemildo!
Aqui aprendemos muito.
bjs e obrigada pela visita e comentário.
Carmen Lúcia.
Bom dia
Uma aula de actualidade literária e artística.
Novas correntes que se impõem em novas criações.
Obrigado pela tua presença em lidacoelho e pelas partilhas.
Olá, Rosemildo!
Continuamos falando do Romantismo brasileiro, mas esse post está mto completo, portanto, pouca coisa poderei acrescentar.
Nicolau Fagundes Varela nasceu no século XVIII no Brasil, foi poeta e teve vida curta.
Se casou bem jovem e desse casamento nasceu um filho, k faleceu, prematuramente. Cursou Direito, mas não chegou a terminar o curso, pke disse num dos seus poemas. "eu não sirvo pra doutor".
Depois foi para Paris, continuando sua vida errante e boémia, casando-se de novo. Dessa união, nasceram duas meninas e um menino, que veio, tb a falecer, prematuramente. Fagundes Varela morreu com 30 e poucos anos, vítima de tuberculose.
José de Alencar considerado como um dos maiores escritores brasileiros, tb nasceu no século XVIII em Messejana (Fortaleza - Ceará) e veio a falecer antes dos 50 anos, no Rio de janeiro.
De família bem abastada e nobre ocupou vários cargos, escreveu vários romances e teve uma importância primordial nesse tempo, e ainda hoje, se diga.
Morreu vítima tb de tuberculose e a família Alencar, à data de sua morte estava pobre, quase na miséria.
Boa semana.
Beijos para todos vocês.
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