quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 08.





HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 08 

No Uraguai, publicado em 1768, os cinco cantos em decassílabos soltos constitui exemplar típico de poema heróico. Se o Caramuru não pode ombrear-se em valor com o Uraguai, consoante haver-se acomodado às normas rígidas da disciplina renascentista, como as referentes à oitava camoniana em que foi escrito; enquanto o poema de Basílio da Gama nos mostra, em vários aspectos, lances de autonomia no tratamento do tema e, paralelamente, propósitos de liberdade expressiva – o Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa, tematizando o heroísmo bandeirante no descobrimento das minas, vale, apenas, como a visão nativista de um poeta, em que o livro é incomparavelmente maior do que o épico! 
 
Cláudio Manuel da Costa
Se, pois, no setor épico, é Basílio da Gama quem mais se distancia dos seus co-irmãos portugueses, no setor lírico toma vulto Tomás Antônio Gonzaga. O autor de Marília de Dirceu soube atingir, em sua arte, o ideal da nobre simplicidade. Dos seus companheiros de Grupo: Cláudio Manuel da Costa, da grande linha do soneto camoniano, e que, por isso mesmo, prolonga no século XVIII, aqui, no Brasil, a cultura literária portuguesa de Setecentos; Silva Alvarenga, autor de Glaura, de tão admiráveis rondós e madrigais e, por fim, Alvarenga Peixoto – foi Tomás Antônio Gonzaga o que melhor soube dar a nota de distinção e autonomia artística. Se a Literatura Portuguesa se orgulha do Hissope, de Cruz e Silva, tendo-o na conta de sua obra arcádica mais perfeita, orgulha-se nossa literatura de Marília de Dirceu, em cujas liras os seres e a paisagem se idealizam como um verdadeiro estado de poesia. Obra de arte, Marília de Dirceu satisfaz a todos os princípios estéticos codificados por Aristóteles, Boileau, Pope, Francisco José Freire – alusivos à clareza intelectiva e formal – e que nortearam as teorias críticas do século. A natureza espiritualizada é uma forma de ser desse livro em que o gênero bucólico se entremostra com todas as suas virtualidades. “O mais belo livro de amor da Língua Portuguesa”, como lhe chamou Garrett – Marília de Dirceu, pelo seu lirismo sincero e suavidade de ritmos, se legitima por ser precursor de Romantismo brasileiro. Em Tomás Antônio Gonzaga, ainda, como se processou com Bocage, em Portugal, e com o nosso Gregório de Matos – confluíam duas faces: a do lírico e a do satírico, e assim é que as Cartas Chilenas (13 cartas que circularam manuscritas por volta de 1788, nas quais o poeta Critilo (Gonzaga), cidadão do Chile, narra a Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), residente em Madri, o que acontece com o Fanfarrão Minésio, governador do Chile, e que não era senão Luís da Cunha Menezes, governador de Minas Gerais) – as Cartas Chilenas, de tão discutida autoria, e que, hoje, pelos trabalhos de Afonso Arinos de Melo Franco e Afonso Pena, se devem atribuir a Gonzaga, impressionam pela contundência, verismo, são, de fato, o documento de uma época, em que o processo administrativo, os costumes e as personagens ficam à merce do senso do ridículo, da viscômica de um escritor cujo espírito satírico sabia ver e sabia denunciar. 
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 
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3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Muito interessante. Nada conheço da literatura portuguesa antiga, a não seu Damião de Góis, Camões e Gil Vicente.
Pelo que me diz parece ser imperdoável nunca ter sequer ouvido falar em Marília Dirceu
Um abraço

CÉU disse...

Olá, Rosemildo!

Tudo bem?

Se diz Uraguai ou Uruguai? Me estou referindo ao poema.

Esse post não é mto acessível, a nível da compreensão, pke parece ter havido entre os autores citados rivalidades e contradições, e houve mesmo.

A primeira parte de tua postagem, é como que o relembrar da anterior, acentuando um ou outro ponto.

Marília de Dirceu foi um caso sério na Literatura Brasileira, e ainda hoje, li algumas bonitas passagens desse livro: AMOR E MAIS AMOR, e tão liricamente escrito! Acho k Garrett tinha razão.
O resto, se trata daquele disse k disse, eu sou melhor k tu, enfim, bobagem, sem fundamento científico.

Bom final de semana.

Beijos para todos vocês.

Maria Teresa Valente disse...

Agradeço por mais um episódio da história de nossa literatura.
Abraços carinhosos
Maria Teresa

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