HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA –
PARTE 08
No Uraguai, publicado em 1768,
os cinco cantos em decassílabos soltos constitui exemplar típico de
poema heróico. Se o Caramuru não pode ombrear-se em valor com o
Uraguai, consoante haver-se acomodado às normas rígidas da
disciplina renascentista, como as referentes à oitava camoniana em
que foi escrito; enquanto o poema de Basílio da Gama nos mostra, em
vários aspectos, lances de autonomia no tratamento do tema e,
paralelamente, propósitos de liberdade expressiva – o Vila Rica,
de Cláudio Manuel da Costa, tematizando o heroísmo bandeirante no
descobrimento das minas, vale, apenas, como a visão nativista de um
poeta, em que o livro é incomparavelmente maior do que o épico!
Cláudio Manuel da Costa |
Se, pois, no setor épico, é
Basílio da Gama quem mais se distancia dos seus co-irmãos
portugueses, no setor lírico toma vulto Tomás Antônio Gonzaga. O
autor de Marília de Dirceu soube atingir, em sua arte, o ideal da nobre
simplicidade. Dos seus companheiros de Grupo: Cláudio Manuel da
Costa, da grande linha do soneto camoniano, e que, por isso mesmo,
prolonga no século XVIII, aqui, no Brasil, a cultura literária
portuguesa de Setecentos; Silva Alvarenga, autor de Glaura, de tão
admiráveis rondós e madrigais e, por fim, Alvarenga Peixoto – foi
Tomás Antônio Gonzaga o que melhor soube dar a nota de distinção
e autonomia artística. Se a Literatura Portuguesa se orgulha do
Hissope, de Cruz e Silva, tendo-o na conta de sua obra arcádica mais
perfeita, orgulha-se nossa literatura de Marília de Dirceu, em cujas
liras os seres e a paisagem se idealizam como um verdadeiro estado de
poesia. Obra de arte, Marília de Dirceu satisfaz a todos os
princípios estéticos codificados por Aristóteles, Boileau, Pope,
Francisco José Freire – alusivos à clareza intelectiva e formal –
e que nortearam as teorias críticas do século. A natureza
espiritualizada é uma forma de ser desse livro em que o gênero
bucólico se entremostra com todas as suas virtualidades. “O mais
belo livro de amor da Língua Portuguesa”, como lhe chamou Garrett
– Marília de Dirceu, pelo seu lirismo sincero e suavidade de
ritmos, se legitima por ser precursor de Romantismo brasileiro. Em
Tomás Antônio Gonzaga, ainda, como se processou com Bocage, em
Portugal, e com o nosso Gregório de Matos – confluíam duas faces:
a do lírico e a do satírico, e assim é que as Cartas Chilenas (13
cartas que circularam manuscritas por volta de 1788, nas quais o
poeta Critilo (Gonzaga), cidadão do Chile, narra a Doroteu (Cláudio
Manuel da Costa), residente em Madri, o que acontece com o Fanfarrão
Minésio, governador do Chile, e que não era senão Luís da Cunha
Menezes, governador de Minas Gerais) – as Cartas Chilenas, de tão
discutida autoria, e que, hoje, pelos trabalhos de Afonso Arinos de
Melo Franco e Afonso Pena, se devem atribuir a Gonzaga, impressionam
pela contundência, verismo, são, de fato, o documento de uma época,
em que o processo administrativo, os costumes e as personagens ficam
à merce do senso do ridículo, da viscômica de um escritor cujo
espírito satírico sabia ver e sabia denunciar.
Ob: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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3 comentários:
Muito interessante. Nada conheço da literatura portuguesa antiga, a não seu Damião de Góis, Camões e Gil Vicente.
Pelo que me diz parece ser imperdoável nunca ter sequer ouvido falar em Marília Dirceu
Um abraço
Olá, Rosemildo!
Tudo bem?
Se diz Uraguai ou Uruguai? Me estou referindo ao poema.
Esse post não é mto acessível, a nível da compreensão, pke parece ter havido entre os autores citados rivalidades e contradições, e houve mesmo.
A primeira parte de tua postagem, é como que o relembrar da anterior, acentuando um ou outro ponto.
Marília de Dirceu foi um caso sério na Literatura Brasileira, e ainda hoje, li algumas bonitas passagens desse livro: AMOR E MAIS AMOR, e tão liricamente escrito! Acho k Garrett tinha razão.
O resto, se trata daquele disse k disse, eu sou melhor k tu, enfim, bobagem, sem fundamento científico.
Bom final de semana.
Beijos para todos vocês.
Agradeço por mais um episódio da história de nossa literatura.
Abraços carinhosos
Maria Teresa
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