HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA MUÇULMANA
Se os domínios culturais até aqui apresentados definem-se quanto ao isolamento cultural por condições naturais, inerentes a definidas condições geográficas, o Islã encontrou barreiras sociais advindas de seu complexo moral religioso.
Sua literatura nasce, praticamente, com o Alcorão, síntese em prosa rimada da ciência, direito, sabedoria, história e teologia muçulmanos. Esta obra religiosa, que compreende 114 capítulos ou surates, transcreve, através do profeta Maomé, a palavra eterna de Alá. Por ocasião da morte de Maomé apenas alguns fragmentos estavam configurados por escrito e o primeiro sucessor, Abu-Bakr, temendo perdas ou deformações, realizou sua transcrição da tradição oral e sua composição por ordem decrescente de surates. Sua influência é exercida como fonte de inspiração oculta dos povos convertidos ao Islã, pois, a influência diretamente determinável seria sacrílego porque o Alcorão é “inimitável”.
POESIA ÁRABE
O florescimento máximo da poesia árabe coincide com a expansão e domínio muçulmano (do século VIII ao XIII) e sua decadência com a invasão de Bagdá pelos otomanos em 1258. Esta poesia é eminentemente uma poesia de rudes e nostálgicos condutores de camelos pelos desertos, sendo temas constantes as doçuras da vida, simbolizadas pela água e pelos verdejantes oásis, o amor e a morte solitária.
Poetas e prosadores muçulmanos são, em sua maioria, inacessíveis ao mundo não-árabe. No entanto, duas obras alcançaram o mundo ocidental: o Romance de Antar e As Mil e Uma Noites.
O Romance de Antar foi, provavelmente, compilado pelo filósofo Açma'i (740-828). Este primeiro texto tinha certa organização lógica, mas, a atual forma de novela de cavalaria foi-se constituindo através de acréscimos e revisões posteriores. Trata-se de um ciclo de lendas ao redor da vida de um poeta, Antar, pré islamita.
As Mil e Uma Noites são uma súmula mais importante de temas encadeados em torno de Chahrazâd, heroína cuja história remonta a uma origem hindu. Três contribuições podem ser distinguidas: um primeiro texto iraniano (século IX), outro composto em Bagdá (século X), e um final no Cairo (século XII).
Uma revisão e redação definitiva datam do século XIV e sua vulgarização no Ocidente data do século XVIII por intermédio da versão reduzida por Antoine Galland.
Modernamente, devem ser citados Nasif Al-Yasidji (1800-1871), Ahmed Chawqui Bey (1868-1932) e Aboulquasin Al-Chabbi (1909-1934). Não há no mundo muçulmano um pensamento cultural que não esteja interiormente circunscrito e incapaz de atingir nível internacional e a influência ocidental é exercida diretamente até na adoção de línguas estrangeiras para expressão literária.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 21/22.
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