quarta-feira, 7 de julho de 2021

Grndes vultos: Euclides da Cunha - Parte 06.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 06.

Vazado em estilo pessoal, aborda problemas dos mais importantes da formação social brasileira. Apreciado como obra de arte ou como contribuição às ciências sociais, o livro até hoje é uma das obras básicas da nossa cultura. A parte narrativa, isto é, aquela que se refere aos eventos, mostra, de forma realista, como os mesmos decorreram, as vicissitudes e dificuldades de ambas as partes, sem deixar de assinalar, no entanto, que todos eram brasileiros e sem deixar de deplorar a luta fratricida.

Na profissão de engenheiro, Euclides da Cunha conheceu, ainda, outras cidades do interior paulista – São Carlos e Lorena – e parou em Santos, por algum tempo, na Comissão de Saneamento da Cidade.

O livro Os Sertões abriu todas as portas da literatura ao seu amor e o transformou em um dos nomes mais conhecidos nos meios culturais do Brasil. Foi eleito, em seguida, para o Instituto Histórico Brasileiro e para a Academia Brasileira de Letras.

A glória, porem, não lhe trouxe a estabilidade econômica. Euclides da Cunha, já célebre, escritor consagrado, era um homem pobre, que lutava desesperadamente pela subsistência. Mal podia manter a família, composta de mulher e dois filhos. Finalmente, foi aproveitado pelo Barão do Rio Branco na Comissão que iria fixar definitivamente os limites entre o Brasil e o Peru. Em dezembro de 1904, na qualidade de chefe da Comissão, Euclides da Cunha calçou as suas “botas de sete léguas” e partiu para o Acre. Era, mais uma vez, o homem que sacrificava o seu conforto e a sua situação familiar para conhecer o Brasil, os seus problemas, a sua natureza. O Amazonas e a sua população sempre o atraíram. Ainda em São José do Rio Pardo, quando escreveu o seu livro imortal, abordara o problema. Erradamente. Vê no amazonense um desfibrado, homens de “organizações tolhidas”, fruto de um clima malsinado. Corrige, porém, no seu trabalho posterior sobre o homem amazonense, o seu equívoco. Reabilita-o.

Faz, juntamente com os membros da comissão peruana, o levantamento hidrográfico do Rio Purus. Enfrentando inúmeras dificuldades, chegam às suas cabeceiras.

Em julho de 1905 está finalmente de regresso, depois de ter visto com os seus olhos de “tapuia espantadíssimo” a realidade amazonense. Projeta escrever um livro sobre o que os seus olhos viram e os seus ouvidos escutaram. Seria o “Paraíso Perdido”. Prepara, por outro lado, o relatório da viagem, ainda em Manaus, relatório que bem demonstra o zelo de Euclides da Cunha por tudo que executava. Assim é que, no dia 15 de janeiro de 1906, escrevia ao seu amigo Firmo Dutra: “Cheguei bem – encontrando todos bons. Mal te posso escrever – tais e tantos trabalhos que ainda me impõem os restos da comissão.” Logo depois, a 18 de abril, comunicava-se com José Escobar nestes termos: “Continuo ainda muito atrapalhado, apesar de já estar impresso o meu relatório, e além de atarefado, doente. Há muita coisa pior que a tuberculose que é franca – é o insidioso impaludismo larvado que a Medicina não atinge, tão vário é ele e incaracterístico.”

Permaneceu no Itamarati e foi encarregado de organizar da região limítrofe com o Peru. Mais uma vez mostrou sua dedicação à causa pública, fazendo trabalho lapidar.

Continua

CLÓVIS MOURA


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...