quarta-feira, 12 de maio de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 02.

   

Gonçalves Dias

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 02.

Terminou o curso de humanidades no Colégio Aquino, onde teve por mestre Benjamim Constant, Personalidade que iria influenciar poderosamente a formação do seu pensamento. Além de Benjamim Constant, foram mestres de Euclides da Cunha, nesse tempo, Teófilo das Neves Leão e João Pedro de Aquino. Nesse estabelecimento fundou um pequeno jornal: O Democrata, periódico bimensal cujo primeiro número apareceu no início de 1884. O grupo que organizara o jornal era composto de Eurico Jaci Monteiro, Natan Sérvio Ferreira, Reinaldo Jaime Maia, Custódio Enes Belchior, Carvalho Guimarães, Virgílio las Casas dos Santos e Manoel Francisco de Azevedo Júnior.

Ao tempo de O Democrata andava dominado pela poesia, especialmente a de Gonçalves Dias e a de Álvares de Azevedo. Além desses poetas sofria a influência de Fagundes Varela que sobressaía entre os demais. Apesar de adolescente, já abordava assuntos transcendentais para a vida nacional, escrevendo, segundo o depoimento de Francisco Venâncio Filho, “crônica vibrante sobre a abolição no Ceará”.

Mas estampou principalmente, no órgão juvenil, produções em versos que foram por ele reunidas depois com o título de Andas, livro que se conserva inédito no arquivo do Grêmio Euclides da Cunha. Dizia então:


“Não tenho ainda vinte anos

E sou um velho poeta. A dor e os desenganos

Sagraram-me mui cedo a minha juventude

É como uma manhã de Londres fria e rude.”


Em um soneto dedicado a Marat, Euclides da Cunha versejava:


Foi a alma cruel das barricadas!…

Misto de luz e lama!… Se ele ria

As púrpuras gelavam-se e rangia

Mais de um trono se dava gargalhadas!…


Fanático da luz… porém seguia

Do crime as torves, lívidas pisadas.

Armava, à noite, aos corações ciladas,

Batia o despotismo à luz do dia.


No seu cérebro tremente negrejavam

Os planos mais cruéis e cintilavam

As ideias mais bravas e brilhantes.

 

Há muito que um punhal gelou-lhe o seio…

Passou… Deixou na história cheio

De lágrimas e luzes ofuscantes…


Continua


CLÓVIS MOURA


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