Gonçalves Dias |
GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
EUCLIDES DA CUNHA – Parte 02.
Terminou o curso de humanidades no Colégio Aquino, onde teve por mestre Benjamim Constant, Personalidade que iria influenciar poderosamente a formação do seu pensamento. Além de Benjamim Constant, foram mestres de Euclides da Cunha, nesse tempo, Teófilo das Neves Leão e João Pedro de Aquino. Nesse estabelecimento fundou um pequeno jornal: O Democrata, periódico bimensal cujo primeiro número apareceu no início de 1884. O grupo que organizara o jornal era composto de Eurico Jaci Monteiro, Natan Sérvio Ferreira, Reinaldo Jaime Maia, Custódio Enes Belchior, Carvalho Guimarães, Virgílio las Casas dos Santos e Manoel Francisco de Azevedo Júnior.
Ao tempo de O Democrata andava dominado pela poesia, especialmente a de Gonçalves Dias e a de Álvares de Azevedo. Além desses poetas sofria a influência de Fagundes Varela que sobressaía entre os demais. Apesar de adolescente, já abordava assuntos transcendentais para a vida nacional, escrevendo, segundo o depoimento de Francisco Venâncio Filho, “crônica vibrante sobre a abolição no Ceará”.
Mas estampou principalmente, no órgão juvenil, produções em versos que foram por ele reunidas depois com o título de Andas, livro que se conserva inédito no arquivo do Grêmio Euclides da Cunha. Dizia então:
“Não tenho ainda vinte anos
E sou um velho poeta. A dor e os desenganos
Sagraram-me mui cedo a minha juventude
É como uma manhã de Londres fria e rude.”
Em um soneto dedicado a Marat, Euclides da Cunha versejava:
Foi a alma cruel das barricadas!…
Misto de luz e lama!… Se ele ria
As púrpuras gelavam-se e rangia
Mais de um trono se dava gargalhadas!…
Fanático da luz… porém seguia
Do crime as torves, lívidas pisadas.
Armava, à noite, aos corações ciladas,
Batia o despotismo à luz do dia.
No seu cérebro tremente negrejavam
Os planos mais cruéis e cintilavam
As ideias mais bravas e brilhantes.
Há muito que um punhal gelou-lhe o seio…
Passou… Deixou na história cheio
De lágrimas e luzes ofuscantes…
Continua
CLÓVIS MOURA
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