quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Grandes vultos: Marechal Rondon - Parte 01.

  


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

CÂNDIDO M. DA S . RONDON – Parte 01.

(1865–1958)

“Morrer se necessário for; matar nunca”

Cândido Mariano da Silva Rondon, o mais famoso dos sertanistas brasileiros, nasceu a 5 de maio de 1865, de origem luso-espanhola, da parte do pai e indígena da mãe: terena e bororo. O seu interesse pela causa dos índios, pacificando-os, procurando enquadrá-los na civilização dos brancos, encontra antes de mais nada determinantes hereditárias. Foi-lhe berço natal o vilarejo de Mimoso no Estado do Mato Grosso, a cidade de Antônio João, aquele mesmo que se imolou diante dos paraguaios à hora da invasão, não sem deixar, feito almirante batavo, uma frase reboante para a nossa posteridade, tão amiga dessas expressões retóricas: “sei que morro, mas o meu sangue e o de meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo da minha pátria.”

De grande timidez, um caso a mais para a fileira dos complexados de inferioridade de Adler e que terminaram por se realizar na vida, mercê de penoso trabalho de compensação. Estudou na Escola Militar. Este famoso estabelecimento de instrução militar marca um interregno de sua vida que vai de 1884 a 1890. O seu mestre mais notável e a quem ele ficaria ligado por toda a vida por um sentimento de admiração e gratidão foi Benjamim Constant. Sua filha mais velha viria a chamar-se Araci como a filha de seu Mestre, e seu filho nascido em 1894, Benjamim Constant. O que a Escola Militar lhe incutiu, antes de mais nada, foi o Positivismo. A grande sombra de Augusto Conte desdobrava as asas sobre a sua figura e ele foi sem sombra de dúvida o último grande positivista brasileiro. A sua atuação na propaganda republicana é um episódio de sua vida que no seu caso como no de muitos frisa a sua fidelidade ao ideário comtiano. Participa de conferências políticas, preparatórias do grande movimento. O comandante da Escola adverte-os: “Não compareçam a essas reuniões, ou, se o fizerem, não o façam fardados”. Rondon não aceitou a ordem: “Não posso ir a parte alguma sem ser fardado; O Sr. Comandante fará o que julgar de seu dever”. Republicano com essas raízes comtistas, é a sua biografia que assevera: “Convencido pelos ensinamentos de Augusto Comte, transmitidos principalmente por Miguel Lemos e Teixeira Mendes – de que a sociedade e o homem, tal como o mundo, obedecem a leis naturais, compreendeu que a reforma das instituições devia ser precedida pela regeneração de opiniões e costumes.” Foi o discípulo mais amado de Benjamim Constant que por vezes lhe confiaria missões delicadas à realizações de planos em prol da causa. Abolicionista, republicano, o seu nome viria à tona na nossa história política mais recente, no decorrer de nossas últimas revoluções. Procurou-se envolver o seu nome no famoso episódio das cartas ofensivas ao exército, atribuídas (injustamente) ao candidato Artur Bernardes. Buscou-se seu apoio para a insurreição contra o poder constituído ao que ele reagia baseado nos ensinamentos de Comte: “Não nos ensinaram que o mais retrógrado governo é preferível à mais progressiva revolução?… Aderir à Revolução é ir de encontro aos princípios que abraçamos que só visam ao bem da Pátria e da Humanidade.” O que não impedia, pelo contrário, determinava que assumisse atitudes contra-revolucionárias, às claras, incluindo-se entre os que perseguiram a Coluna Prestes no sertão do Brasil.

Continua

Um comentário:

Juvenal Nunes disse...

Ficou, sem dúvida, para a história do Brasil. Os seus trabalhos e explorações na região que visitou valeram inclusive, se não estou em erro, que passasse a ter a designação de Rondónia.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

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