HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA –
PARTE 29
José Maria Eça de Queiroz
(1845-1900) foi o maior romancista português. Começou no jornalismo,
na Gazeta de Portugal. Publicou seu primeiro livro em 1876: O Crime
do Padre Amaro, provavelmente o seu mais conhecido romance.
Ao lado da sua linguagem clara
e do seu estilo escorreito, o que mais se destaca na sua obra é a
sua ironia, uma ironia deliciosa de que se tem belos exemplos no
Conde d'Abranhos e, especialmente, na Relíquia. Sintam o sabor desta
última. Um moço boêmio é enviado por uma tia carola e muito rica
ao Oriente Médio em busca de relíquias cristãs, onde ele compra
uma coroa de espinhos qualquer que pretende impingir à tia como a
autêntica coroa de espinhos de Jesus. Acontece que há uma troca
inadvertida de pacotes e ele leva para Portugal a camisa de dormir de
uma inglesa que havia sido sua amante durante a viagem: uma camisa em
que estavam bordadas as iniciais MM. Avisada da compra da coroa e da
chegada do sobrinho, a tia reúne todos os altos dignatários civis e
eclesiásticos para vê-la. O pacote é aberto e surge a mencionada
camisola. O rapaz é expulso de casa e perde a herança ambicionada.
Ele então se lamenta: “Que burro fui, poderia ter dito que se
tratava da camisa de Maria Madalena, que aqueles imbecis todos
acreditariam.
Eça também foi um criador de
tipos e um grande analista da sociedade portuguesa da época. Dos
seus tipos, o mais popularmente conhecido é o Conselheiro Acácio,
um personagem do Primo Basílio; das suas análises sociológicas (O
Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, Os Maias, A Capital), a
melhor e a mais complexa é a tentada nos Maias, romance em que Eça
faz uma radiografia dos meios aristocráticos do Portugal da época.
Mas Eça também tem crônicas deliciosas, ainda atualíssimas hoje em
dia: Cartas de Inglaterra. No Mandarim, Eça tenta uma análise
brejeira do comportamento moral do homem ao levantar o problema de um
pobre diabo que poderia herdar uma grande fortuna de um mandarim se
estivesse disposto a matá-lo fazendo soar uma campainha. A situação
é artificial, mas o livro é delicioso. O seu mais fraco trabalho,
na nossa opinião, é A Cidade e as Serras, romance em que tenta um
estudo do meio rural lusitano. Falso do começo ao fim, apesar de
pretender ser uma análise sociológica séria e não uma simples
travessura, como O Mandarim. Eça foi, sem a menor sombra de dúvida,
o maior romancista português.
Obs: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
No próximo post iniciaremos o relato sobre a História da Literatura Brasileira.
Visite também:
Clicando aqui:
5 comentários:
Oi Rosemildo,parabéns por essa publicação maravilhosa.
Bjs-Carmen Lúcia.
Ora aqui está um dos meus autores de culto, quando li "Os Maias" não resisti e tive que ler quase toda a obra deste excelente autor.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Olá, Rosemlido!
Esse seu post está completíssimo, e até a história da camisa de dormir da amante dele, consta cá, portanto pouco mais tenho a dizer.
Eça de Queiroz foi um dos maiores, senão mesmo, o maior romancista português, até agora.
Filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, cedo começou suas andanças por esse mundo. Se licenciou em Direito, exercendo, posteriormente a advocacia e se casou tarde, mas foi pai de quatro filhos.
Seus romances são de estilo realista e são tão pormenorizados e até atais k parece k o leitor participa neles.
"Os Maias" e a "Cidade e as Serras" são dois dos seus muitos romances, e talvez mesmo, os mais conhecidos.
Dia feliz e bom fim de semana.
Beijos e abraços para todos.
É fascinante conhecer a história, uma grande riqueza o conhecimento. Um maravilhoso e belo domingo. A segunda parte de SEGREDOS DE UMA DAMA
Olá Furtado, mais uma etapa do aprendizado, que muito lhe agradeço,
por nos brindar com a história da literatura, desde o seu começo.
Abraços carinhosos
Maria Teresa
Postar um comentário