HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA –
PARTE 28
Segundo
exemplo:
No meio
d'uma feira, uns poucos de palhaços
Andavam
a mostrar em cima de um jumento
Um
aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto
que lhes dava um grande rendimento.
Os
magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam
assim a flor do sentimento,
E o
monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns
olhos sem calor e sem entendimento.
E toda gente deu esmola aos
tais ciganos;
Deram esmola até mendigos
quase nus.
E eu, ao ver esse quadro,
apóstolos romanos,
Eu lembrei-me de vós,
funâmbulos da Cruz,
Que andais pelo universo há
mil e tantos anos
Exibindo, explorando o corpo
de Jesus.
Na sua crítica, Guerra
Junqueiro investiu contra inúmeras instituições do seu tempo, mas
a igreja foi a sua grande vítima. Contam, inclusive, uma anedota a
seu respeito: Quando estava para morrer, pediu a presença de dois
jesuítas, que fez sentar um de cada lado da sua cama. Como ele nada
dissesse, os religiosos começaram a se impacientar e, por fim, um
deles rompeu o silêncio perguntando ao moribundo qual a razão de os
ter chamado, ao que o poeta respondeu: “Para morrer como Cristo,
entre dois ladrões.” Apesar de esse episódio estar perfeitamente
de acordo com o espírito sarcástico do poeta, é pouco provável
que seja verdadeiro porque Guerra Junqueiro, no fim da vida,
reconciliou-se de certa forma com a Igreja, como mostra esta passagem
de Prosas Dispersas: “Eu tenho sido, devo declará-lo, muito
injusto com a Igreja. A Velhice do Padre Eterno é um livro de
mocidade. Não o escreveria já aos 40 anos.”
Ob: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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5 comentários:
Olá, Rosemildo!
Pois aqui temos mais um exemplo da forma como Guerra Junqueiro escrevia e da sua forma de pensar.
Rude, grosseiro e sarcástico, quanto bastou.
Bom, paz à sua alma, é o k me apraz dizer.
Tudo de bom!
Beijos pra você e família
O grande Guerra Junqueiro um homem multifacetado, político, deputado, jornalista, escritor e poeta. Foi um dos poetas mais populares da sua época e representante da chamada "Escola Nova".
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Poeta de uma geração de oiro, talvez seja pelo ateísmo demonstrado, que ficou menos popular.
Abraços
Um universo foi Guerra Junqueiro... Um belo fim de semana.
Olá Furtado, pode-se perceber o quanto Guerra Junqueiro era intenso,
até no seu expressar.
Agradeço, abraços carinhosos
Maria Teresa
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