quarta-feira, 20 de julho de 2016

Grandes vultos: Visconde de Mauá - Parte 06.

Estação Ferroviária Dom Pedro II - E.F.Central do Brasil _ Rio de Janeiro - RJ 1895


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
IRINEU EVANGELISTA DE SOUZA (MAUÁ) - PARTE 06.
A segunda estrada de ferro organizada entre nós foi a Recife and São Francisco Railway Company, que constituiu a primeira inversão inglesa em ferrovias no Brasil. Mauá interessou-se por ela, subscrevendo numerosas ações. Isso influiu no Stock Exchange de Londres para a subscrição do capital, que importou em 1.800.000 libras.
A terceira ferrovia inaugurada no país foi a D. Pedro II, atual Central do Brasil, para a qual Mauá concorreu, não somente abrindo mão, sem indenização, do privilégio da zona, que era seu, como também redigindo-lhe os Estatutos, sendo o seu banco escolhido para recolher os fundos dos acionistas. Também evitou um rompimento entre a Diretoria e o empreiteiro, o que constituiria desmoralização para nosso país, caso se efetuasse. O quarto empreendimento foi a Bahia and São Francisco Raillway Company, organizada em Londres, por iniciativa de J. P. Alves Branco, amigo de Mauá e que por essa razão inverteu nele alguns milhares de libras.
A quinta ferrovia organizada entre nós foi a Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, mais tarde São Paulo Railway, hoje usando o nome primitivo. Mauá não só obteve a concessão como criou a companhia em Londres, sendo ainda seu verdadeiro empreiteiro, perdendo nela mais de 416.000 libras, devido à chicana dos Tribunais nacionais promovida pela São Paulo Railway, sendo a questão transferida para o tribunal inglês que decidiu tratar-se de causa prescrita. A demanda levara mais de dez anos. Esta foi a derradeira luta de Mauá, já depois de decretada a sua falência e com cujo produto esperava atender aos seus credores.
A última estrada de ferro em que Mauá se envolveu foi a estrada de Ferro Rio-Verde, conhecida depois por Minas-Rio, o que ocorreu quando sofreu a moratória, em 1875. Couto de Magalhães, seu companheiro e sócio no empreendimento, quis que o velho   homem de negócios participasse da vantagem aí advinda, porém Mauá recusou a gentileza do amigo, alegando que sua consciência não lhe permitia partilhar de benefícios em que seus serviços não estivessem representados adequadamente. Obra de não menor importância foi a navegação do Rio Amazonas, empreendida em 1850, que o próprio Mauá considerava de elevado alcance, pois tratava-se de experiência que poderia falhar, de resultados que podiam não corresponder às previsões, levada a efeito numa época em que ninguém acreditava nela. Graças a isso, em 8 anos as rendas gerais e provinciais do Amazonas quintuplicaram e as do Pará triplicaram, ao passo que a Companhia do Amazonas distribuía dividendos de 12% . A navegação se efetuava por 580 léguas – 3.828 quilômetros do Rio Amazonas e por mais 200 léguas – 1.320 quilômetros do Rio Tocantins, além de mais outros cursos d'água da região. Agassis elogiou os serviços dos navios, ressaltando a comodidade e limpeza que apresentavam e a alimentação excelente, embora pouco variada.
Outra face não menos interessante na vida de Mauá, é a do banqueiro. Já aludimos que em 1851 fundou ele o Banco do Brasil, o segundo desse nome entre nós, a fim de aproveitar as disponibilidades que a cessação do tráfico negreiro propiciava. Em 1853 esse estabelecimento de crédito faz fusão com outro existente, o Banco do Comércio, criando-se o Banco do Brasil, em sua terceira fase, em 1854. Poucos meses depois, Mauá afasta-se dele, fundando a Casa Bancária Mauá, Mac Gregor & Cia. Surgindo também o Banco Rural e Hipotecário. Esse banco prospera rapidamente, por isso, já em 1867 possui filiais na Inglaterra, na França, em Nova York, no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Uruguai e na Argentina. Converte-se assim no maior estabelecimento do gênero do país, com renome no mundo inteiro, de tal modo que o herói de Júlio Verne, em sua Volta ao Mundo em 80 dias, Mr. Foggs, tem conta no banco de Mauá.
Continua...
Heitor Ferreira de Lima
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Um comentário:

CÉU disse...

E continua o desenvolvimento posto em prática por Mauá, mas, nem tudo corre sempre bem. há sempre uma pedra ou duas no caminho, k é preciso remover.

Íntegro, sabedor, consciente e empreendedor, não parou e surge uma outra vertente sua - a de banqueiro.
O banco de Mauá até inspirou escritores. Fantástico!

Encantada com a atuação de Mauá!

Beijos.

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