quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 18.

     


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 18

No Brasil, também podemos citar aspectos influentes em relação ao Realismo-Naturalismo: 1) na poesia, denominada condoreira, de Castro Alves sobretudo, há fortes indícios de uma arte que se aproxima, de uma nova estética; 2) na Escola de Recife (de 1870 em diante), na qual Tobias Barreto foi a maior figura, o Positivismo e o Transformismo eram estudados e divulgados. Essa Escola trouxe à Literatura Brasileira uma feição crítica, que correspondia, disciplinarmente, à observação do romance naturalista ou experimental e do romance realista; 3) no próprio romance romântico de Taunay e de Franklin Távora há um verismo nos acontecimentos, nos seres e nas coisas, o que já é um prenúncio do Realismo-Naturalismo. Na obra inicial de Machado de Assis veem-se, a par de valores românticos, valores que, por sua penetração e objetividade, se opõem aos primeiros, e fazem do autor de Quincas Borba uma figura de transição. Interpenetradas, aqui, no Brasil, as duas direções estéticas, ainda assim se encontram, em nossa literatura, as obras essencialmente naturalistas e as obras essencialmente realistas. Das primeiras, citem-se: O Missionário (Inglês de Sousa), A Carne (Júlio Ribeiro), O Bom Crioulo (Adolfo Caminha), O Cortiço (Aluísio Azevedo). Das segundas: os romances da última fase de Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Memorial de Aires) e O Ateneu, de Raul Pompéia, com alguns aspectos também naturalistas. 
 
Aluísio Azevedo
De todos esses autores avulta Machado de Assis: tao grande contista quão grande romancista – nele, a literatura toma não só aspectos humanos, mas também problemáticos. Para Machado de Assis a alma humana não tinha segredos e, intuí-la, para uma revelação contínua dos seus valores, de suas grandezas e de suas misérias – era um hábito nesse escritor, duplo de filósofo e de artista, que duvidava sem escarnecer, que julgava sem humilhar. Sua galeria, tanto a dos seus romances, quanto a dos seus contos, é de caracteres, de seres enriquecidos pelos valores do seu tempo interior, mas presos a uma inquietação constante, ao tédio irreversível, a inúmeras frustrações. Servido por uma prosa que domina todo o setor idiomático, pela clareza e pelo casticismo da linguagem, Machado de Assis é um clássico. Humorista, nada lhe escapa à análise, irremediável sonda de aprofundamento no mistério que envolve os seres e a vida. Há, ainda, obrigatoriedade nas menções a Aluísio Azevedo e a Raul Pompéia. O Cortiço, protótipo do romance naturalista, trouxe à nossa literatura o talento criador de Aluísio na arte de ativar caracteres e tipos, enfim uma humanidade sem remissão, afundada nas suas próprias misérias e nos seus próprios problemas, e, o que é pior, incapaz de uma libertação. Em O Ateneu, o problema da adolescência, representado no menino Sérgio, faz desse romance uma obra de inconfundível originalidade, a tal ponto consciente, que raríssimas literaturas podem suscitar romancistas que entendam a mente infantil, como Raul Pompéia! A par disso, a prosa em que se tornaram mestres: a de Aluísio, precisa, disciplinada significativamente pelas próprias teses que o escritor punha em termos de criação; a de Pompéia, artística, impressionista, cheia de sutilezas expressivas em sua estrutura.

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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5 comentários:

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Mais uma parte da Literatura Mundial que gostei de ler.
Bjs Rosemildo.
Carmen Lúcia.

Elvira Carvalho disse...

Mais um pedaço de conhecimento da literatura brasileira, de que eu conheço tão pouco. Acabei há dias de ler uma antologia de conto brasileiro.
Um abraço

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Leitura que fiz na adolescência. Muito bom!
Furtado, obrigada pela partilha.
Importantíssima a divulgação da nossa literatura de todas as épocas.
Beijo, amigo, desejo saúde e paz!

CÉU disse...

Novo formato para os comentários, só que agora não temos acesso, não visualizamos a postagem original. Com a janelinha, chamada pop-up, conseguíamos ir seguindo o texto, mas agora se torna um pouco mais difícil.
Não tem sido nada fácil aceder e sobretudo permanecer no seu blog, embora tenha feito já várias tentativas. Qdo inicio o comentário, sou levada pra outra página com publicidade. Fecho essa página e tento voltar ao seu blog, e de novo lá vem outra página com publicidade diferente me convidando a ganhar isso e aquilo. Eu não sei por que está isto sucedendo agora com tanta frequência. De vez em qdo isso acontecia comigo nesse blog, me queriam "oferecer" dinheiro SE... Pois, mas eu vou tendo dinheiro que vai dando pra viver, portanto, não preciso de mais.

Passemos, então, à postagem, que está muito explícita e comple

CÉU disse...

Vamos ver se consigo concluir meu comentário, dessa vez.

Condoreirismo ou Condorismo- é uma das partes da escola da poesia brasileira, mais propriamente a 3ª. Esta corrente de pensamento preconizava justiça e igualdade de direitos.
Deve o seu nome à ave condor, que significava voo alto e livre.

Aluísio Azevedo- Nasceu no Brasil em meados do século XIX e faleceu no século XX na Argentina, Buenos Aires, mais propriamente. Era filho de pai português e mãe brasileira.

Foi dramaturgo, cronista, contista, escritor, poeta, jornalista, etc. Cedo perdeu o pai e teve que deixar parte das suas atividades para sustentar a família.

Tinha um jeito especial para o desenho e ingressou em Belas Artes, que não chegou a concluir.

Viajou por vários países e acabou sendo cônsul na Argentina.

Beijos para todos.

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