quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Literatura Ocidental - Parte 64.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 64
LITERATURA ITALIANA -- VI

O cosmopolitismo do século XVIII

Observa-se no século XVIII a renovação literária italiana, estimulada em grande parte pelas traduções para o italiano dos autores característicos do século das luzes, como Jean-Jacques Rousseau, Condillac, Goethe e a Enciclopédia, criando uma ampla mentalidade na qual coexistem elementos racionalistas, cartesianos, empiristas e sensualistas. A renovação científica italiana caracteriza também o século cosmopolita e apresenta a tradição de Galileo continuada por Torricelli, Spalanzani, Magalotti e Volta. O desenvolvimento da imprensa periódica amplia o público literário e divulga princípios das novas teorias, acelerando a decadência do academicismo. Devem ser destacados os seguintes periódicos: “Osservatore veneto” (1761-1762) de Gaspare Gozzi (1713-1786) e a revista “Frusta letteraria” (1763-1765) do crítico Giuseppe Baretti (1719-1789). O grande crítico da renovação foi incontestavelmente L. A. Muratori (1672-1750) pré-teórico do romantismo em seu livro “Antiquitates italicae medii aevi”, mas é necessário citar ainda G. B. Vico (1668-1744) renovador crítico-filosófico da literatura italiana com seus estudos de teoria literária, bem exemplificados como aquele que traça as diferenças entre a poesia como espontaneidade e como arte. 
 
Carlo Goldoni

O grande gênero em que se processa a renovação oitocentista italiana é o teatral com os dramaturgos Carlo Goldoni (1707-1703) Carlo Gozzi (1722-1806) e Vittorio Alfieri (1749-1803). Carlo Goldoni introduz no teatro, que conhecia a comédia clássica e a “commedia all'improvviso o a soggetto” ou “commedia dell'arte”, a comédia de costumes e observação da vida contemporânea. A fixidez de tipos e de temas da comédia de arte cede lugar a veracidade de observação com este dramaturgo renovador que escreveu “Locandiera” e, em francês, “Le Bourru bienfaissant”. A fraqueza do teatro de Goldoni reside na superficialidade de sua análise psicológica e a suprema qualidade na observação dos costumes e realização da sátira social.

Carlo Gozzi é o criador das “fiabe”, ou comédias de magia. Como seu irmão, o polígrafo Gaspare Gozzi, Carlo dedica-se à sátira com maestria, mas, enquanto o primeiro é renovador iluminista, o outro é sobretudo um tradicionalista.

Vitorio Alfieri colabora na renovação do cosmopolitismo oitocentista ao criar a tragédia italiana. A inspiração de sua temática encontra origem na antiguidade greco-latina, nas tradições bíblicas e na vida moderna. Há em seus dramas uma certa esquematização de ação sem que se omita o essencial e que se possa atingir sua finalidade básica: estimular a reflexão. Alfieri é também autor de numerosos poemas que reuniu em “Rime” e que se classificam quanto à temática como amorosos-petrarquianos e satírico-sociais: os primeiros anunciam o romantismo, os demais estão nas comédias versificadas e combatem o despotismo, a oligarquia e a demagogia a bem do ideal da época: a instauração de um estado constitucional.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 113/114. 

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