HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 61
LITERATURA ITALIANA -- III
Há a destacar como contemporâneo de Dante Alighieri e,
portanto, como figuras do “trecento”, século que criou a epopeia
religiosa, a lírica pessoal e o conto, os escritores Francisco di
Petrarca e Giovanni Boccacio (1304-1374); (1313-1375). Petrarca,
Boccacio e Dante são ainda pertencentes a literatura medieval mas
anunciam o renascimento.
Francisco di Petrarca
Francisco di Petrarca é essencialmente um
individualista em constante conflito entre a razão e os sentidos;
como erudito é capaz de realizar comentários sobre os antigos quase
sem ser atraído pela deformação interpretativa. Petrarca foi um
dos iniciais humanistas e escreveu, além de sua obra em expressão
italiana, versos e prosa em latim. Como poeta lírico italiano tem
“Trionfi” e “II Canzoniere”, poemas de exaltação de Laura,
mulher real e não símbolo místico, caracterizados pela riqueza e
profundidade de introspecção, refinamento formal e,
fundamentalmente, pela dolorida tristeza e caráter pessoal: Petrarca
atinge artisticamente o desespero através da ampliação de sua
pessoal melancolia nos 336 poemas de conflito existencialmente
experimentado entre o novo e o velho, entre o amor e Deus e a
urgência de conciliá-los. Giovani Boccacio, famoso autor dos contos
realistas reunidos em “II Decamerone”, é fundamentalmente aquele
que aceita a vida em toda sua naturalidade e espontaneidade e crê na
força do amor como obediência aos sentidos e na força construtiva
da inteligência humana. A variedade de suas narrações tem origem
nas tradições orais, nas antigas narrativas e nos romances e seus
temas prediletos são o amor, a inteligência, o heroísmo, o acaso e
a gentileza. É notável a objetividade alcançada por Boccacio na
apresentação de seus personagens e o fato paralelo de que não há
em suas narrativas quaisquer intenções moralistas ou simbólicas.
Apenas um autor pode ser aproximado em sua época pelo exercício do
realismo, embora com certa ingenuidade: Giovanni Villani (1276-1348)
cujas composições oferecem verdadeira reportagem da vida social
florentina no século XIV. É esta sociedade de “trecento” que é
saudavelmente apresentada pelo superior Boccacio, mestre de um
realismo mais desenvolvido e de técnica especial na introdução do
ceticismo e construção do erótico.
O humanismo constitui o primeiro movimento da cultura
italiana a expandir-se territorialmente e assumir caráter nacional.
O humanismo, que deixa entrever o renascimento, consiste numa nova
maneira de estudar as obras dos clássicos e afirmará o sentimento
da possibilidade inerente ao espírito humano de exercer a
criatividade. O humanismo estende-se à consequente reelaboração
dos problemas da vida segundo suas características de nova
perspectiva.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 109/110
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Um comentário:
Amigo como é possível que havendo
uma força cultural tão grande na
Europa que vem de séculos a mesma
se esteja a afundar? Como é que o
Capital está a destruir raízes
tão profundas?
Faltam neste momento homens de
fibra? Que nos está faltando para
travar este declínio que o capital
nos quer impor?
Desejo que esteja bem.
Um beijinho
Irene Alves
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