quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Literatura Ocidental - Parte 61.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 61
LITERATURA ITALIANA -- III

Há a destacar como contemporâneo de Dante Alighieri e, portanto, como figuras do “trecento”, século que criou a epopeia religiosa, a lírica pessoal e o conto, os escritores Francisco di Petrarca e Giovanni Boccacio (1304-1374); (1313-1375). Petrarca, Boccacio e Dante são ainda pertencentes a literatura medieval mas anunciam o renascimento.


Francisco di Petrarca
Francisco di Petrarca é essencialmente um individualista em constante conflito entre a razão e os sentidos; como erudito é capaz de realizar comentários sobre os antigos quase sem ser atraído pela deformação interpretativa. Petrarca foi um dos iniciais humanistas e escreveu, além de sua obra em expressão italiana, versos e prosa em latim. Como poeta lírico italiano tem “Trionfi” e “II Canzoniere”, poemas de exaltação de Laura, mulher real e não símbolo místico, caracterizados pela riqueza e profundidade de introspecção, refinamento formal e, fundamentalmente, pela dolorida tristeza e caráter pessoal: Petrarca atinge artisticamente o desespero através da ampliação de sua pessoal melancolia nos 336 poemas de conflito existencialmente experimentado entre o novo e o velho, entre o amor e Deus e a urgência de conciliá-los. Giovani Boccacio, famoso autor dos contos realistas reunidos em “II Decamerone”, é fundamentalmente aquele que aceita a vida em toda sua naturalidade e espontaneidade e crê na força do amor como obediência aos sentidos e na força construtiva da inteligência humana. A variedade de suas narrações tem origem nas tradições orais, nas antigas narrativas e nos romances e seus temas prediletos são o amor, a inteligência, o heroísmo, o acaso e a gentileza. É notável a objetividade alcançada por Boccacio na apresentação de seus personagens e o fato paralelo de que não há em suas narrativas quaisquer intenções moralistas ou simbólicas. Apenas um autor pode ser aproximado em sua época pelo exercício do realismo, embora com certa ingenuidade: Giovanni Villani (1276-1348) cujas composições oferecem verdadeira reportagem da vida social florentina no século XIV. É esta sociedade de “trecento” que é saudavelmente apresentada pelo superior Boccacio, mestre de um realismo mais desenvolvido e de técnica especial na introdução do ceticismo e construção do erótico.

O humanismo constitui o primeiro movimento da cultura italiana a expandir-se territorialmente e assumir caráter nacional. O humanismo, que deixa entrever o renascimento, consiste numa nova maneira de estudar as obras dos clássicos e afirmará o sentimento da possibilidade inerente ao espírito humano de exercer a criatividade. O humanismo estende-se à consequente reelaboração dos problemas da vida segundo suas características de nova perspectiva.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 109/110

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Um comentário:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Amigo como é possível que havendo
uma força cultural tão grande na
Europa que vem de séculos a mesma
se esteja a afundar? Como é que o
Capital está a destruir raízes
tão profundas?
Faltam neste momento homens de
fibra? Que nos está faltando para
travar este declínio que o capital
nos quer impor?
Desejo que esteja bem.
Um beijinho
Irene Alves

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