quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 03.

Princesa Isabel

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOAQUIM NABUCO – PARTE 03
Retorna ao Brasil em 1884, depois de haver recusado o cargo de diretor da Biblioteca Nacional. Prefere a atividade política. Na ocasião, discutia-se no Brasil a Lei dos Sexagenários, libertação dos escravos maiores de sessenta anos e Nabuco se inscreve como candidato a deputado por Pernambuco, no 1º Distrito (Recife). Perde a eleição por poucos votos. Mas surge outra oportunidade, em segundo escrutínio, no quarto Distrito (Nazaré). Os demais candidatos desistem e Nabuco é eleito espetacularmente (1885).
Sem abandonar a campanha pela abolição, como deputado e como presidente da Sociedade Brasileira contra a Escravidão, Nabuco ergue ainda a bandeira da federação que, vencedora, teria prolongado ainda por muitos anos a monarquia. Mas os liberais não iam tão longe. Os conservadores é que estavam facilitando a ideia da abolição. Em 1888 apoia o gabinete conservador de João Alfredo, que apresenta o projeto de emancipação imediata sem indenização.
Escrevendo em O Paiz, órgão republicano, embora ele não o fosse, advoga a ideia de uma monarquia federativa e popular sob a regência da Princesa Isabel. (Imperador se achava na Europa, em tratamento de saúde).
Mas veio a República, no ano seguinte, e ele decide abandonar a atividade política. Não apreciava a República: “Meus sentimentos são republicanos, disse ele, certa vez, mas não se deve tomar como república, as formas pobres de governo assim chamadas através da América”. Referia-se à sucessão de golpes militares e ditadores que arruinavam as pobres repúblicas americanas, dos quais a monarquia havia livrado o Brasil.
Durante dez anos se manteve alheio aos acontecimentos políticos que agitavam o país, recusando participar deles. Já estava casado (casou-se em 1889 no mesmo ano em que caia a República) e decidiu dedicar-se a escrever. É então que escreve Um Estadista do Império, que é uma biografia do seu pai, o senador Nabuco, na qual esboça um panorama da vida monárquica, (1898-1899) e Minha Formação, um dos mais belos livros, pela singeleza do estilo, já escritos no Brasil, inspirado possivelmente por Renan, o historiador e filósofo francês do qual foi amigo e admirador e autor do livro Souvenirs d’Enfance et de Jeunesse.
Continua
LEONCIO BASBAUM

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 02.

Barão de Vila Bela

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOAQUIM NABUCO – PARTE 02
De volta a Recife, com a ascensão do Partido Liberal, consegue, com ajuda do Barão de Vila Bela, Domingos de Souza Leão, um dos chefes do Partido, eleger-se deputado às cortes, em 1879. Na Câmara seus discursos, sua posição política, logo o fazem destacar-se como homem brilhante mas perigoso: defendia a eleição direta, a presença de acatólicos no Parlamento e, sobretudo, a abolição. Nesse tempo o problema dos escravos já se havia tornado maduro, ou, pelo menos estava amadurecendo, mas poucos parlamentares tinham a necessária coragem para dar ao movimento que se iniciava o vigoroso impulso e o apoio parlamentar de que ele precisava. Entre os partidários dos escravos havia os emancipadores e os abolicionistas, os primeiros desejavam a abolição com indenização, e os segundos , a abolição imediata sem indenização. Joaquim Nabuco, pela sua atividade, inscreveu-se entre estes últimos.
Participou dos trabalhos parlamentares até extinguir-se o seu mandato, em 1881, e nas eleições seguintes, em virtude dessa mesma atividade abolicionista, foi excluído da chapa dos representantes de Pernambuco. Candidata-se pelo Município Neutro, mas não consegue ser eleito. Decide então exilar-se por algum tempo na Europa, fixando sua residência em Londres, para revisar suas próprias ideias, e escreve (1883) o Abolicionismo, que é, sobretudo um libelo contra a classe dominante, pela sua atitude perante o problema da escravidão. E soube, ao contrário dos românticos do abolicionismo, ligar o problema escravo ao problema da própria nacionalidade e dos interesses econômicos brasileiros, pois ao mesmo tempo em que lutava pela abolição, lutava para que se dessem terras aos futuros emancipados e pela “reforma agrária”, expressão que seria o primeiro a usar no Brasil. Era o que ele classificava de “democratização da terra”.
Na Inglaterra esteve sempre em contato com a Anti-Slavery Society, que o enviou como seu delegado ao Congresso para a Reforma dos Direitos das Gentes, em Milão, em1883.
Continua
LEONCIO BASBAUM
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