HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA –
PARTE 9
A LITERATURA PORTUGUESA
A -- Os tempos anteriores á formação da nacionalidade
Como dissemos, oficialmente a
nação portuguesa constituiu-se em 1143 quando, pelo tratado de
Zamorra, o Infante Afonso Henriques conseguiu que seu primo, Afonso
VII de Leão e Castela, reconhecesse a independência do Condado
Portucalense (ou Portugalense, como também se dizia) e o título de
rei com que havia sido aclamado pelos seus comandados depois de
vencer os muçulmanos na batalha de Ourique. Mas é claro que uma
nacionalidade não se forma numa data fixa. Trata-se de um lento
processo de evolução social que se estende por muitos anos. No caso
de Portugal, pode-se dizer que a nacionalidade portuguesa, inclusive
do ponto de vista da língua nacional, só se apresenta razoavelmente
consolidada cerca de dois séculos após a paz de Zamorra. (E alguns
autores falam em três séculos.) É aproximadamente esse período da
literatura portuguesa que pretendemos citar nesta secção.
Ao que tudo indica, o mais
antigo documento literário da língua portuguesa é uma poesia. Uma
poesia atribuída a Pai Soares Taveiros e dedicada a D. Maria Pais
Ribeiro: “Cantiga de Ribeirinha”. Dataria de 1189, mas é claro
que antes dessa data a poesia já deveria ser cultivada na região,
especialmente sob a forma de tradição oral, pelos trovadores e
jograis. Não se tratava de poesia pura, isto é, declamada, mas de
poesia cantada. Criada pelos trovadores; simplesmente repetida pelos
jograis.
O
tema central dessa poesia dos primeiros séculos da nação
portuguesa, bem como de toda a Península Ibérica e, mesmo, de parte
da atual França, é o amor em diversas formas, mas quase sempre um
amor não correspondido, idealizado, saudoso, choroso. Essa poesia
lírica galaico-portuguesa costuma ser classificada em dois tipos:
cantigas
de amor e cantigas de amigo.
Nas de amor,
o homem expressa os seus sentimentos em relação à mulher amada, ao
passo que nas de amigo
(= namorado em português arcaico), o trovador fala como se uma
mulher tivesse composto a referida cantiga, isto é, como se a sua
amada a ele se dirigisse. Às vezes, faz com que a amiga (= namorada)
não se dirija a ele diretamente, mas fale dele para a mãe dela,
suas amigas, ou, mesmo, para o seu santo protetor.
Obs: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte:
“Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968,
volume 7.
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3 comentários:
Olá, Rosemildo!
Na verdade, e após o tratado de Zamora e da concessão da Bula "Manifestis Probatum" em 1179, a D. Afonso Henriques, consagrando-o, dessa forma, efetivamente Rei (como você sabe, era preciso o apoio/reconhecimento do Papa, que através de uma Bula - documento, devidamente assinado, que reconhecia um rei, como tal), a independência do Condado Portucalense e a consolidação da nossa nacionalidade, dando origem à Nação Portuguesa, levou mais de três séculos, tenho certeza. A História não é uma ciência exata, como já referi, e portanto, os historiadores que fazem a História posteriormente, se baseando em documentos, nem sempre muito fiáveis, falham e nos induzem em erro.
Em relação à Literatura, ou melhor, à Poesia Trovadoresca, acho ela muito interessante. A Idade Média é obscura, em muitos aspetos, mas na Literatura, não tanto assim.
As cantigas de amor eram as mais usuais, diretas e apreciadas, porque era o homem que falava de seu amor pela amada. Acho normal e bonito, desse jeito.
As cantigas de amigo, eram um pouco ingénuas e indiretas, pois a mulher tinha de dizer amigo, porque o termo namorado poderia ser mal interpretado, enfim, outros tempos, outras mentalidades. Normalmente, o seu "amigo" estava longe, e elas se lamentavam, por esse facto
As cantigas de escárnio, também têm muito encanto e interesse, porque nelas se dizia mal de alguém, ou se criticava a sociedade, em geral, mas de forma subtil.
As cantigas de maldizer eram o "bota-abaixo", assim, à descarada. Algumas são até muito desagradáveis e põem a nu, situações privadas, que são quase sempre exageradas (tipo caricatura).
Tudo de bom.
Abraço.
Rosemildo, quem conhecer um pouco de Portugal e geografia do tempo, do que então era de domínio Muçulmano,
tem dificuldade em aceitar, a localização, em Ourique, do Baixo Alentejo e mesmo se a dita batalha foi travada. Conhecendo bem o sítio, digo: a batalha de Ourique, não passará de um mito. Historicamente, não há provas.
abraços
Olá Furtado, estou me deliciando e aprendendo com a sua postagem, complementada pelos comentários.
Muito bom que nossos patrícios fazem observações. Agradeço, abraços carinhosos
Maria Teresa
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