quarta-feira, 4 de março de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 09.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 9

A LITERATURA PORTUGUESA

A -- Os tempos anteriores á formação da nacionalidade

Como dissemos, oficialmente a nação portuguesa constituiu-se em 1143 quando, pelo tratado de Zamorra, o Infante Afonso Henriques conseguiu que seu primo, Afonso VII de Leão e Castela, reconhecesse a independência do Condado Portucalense (ou Portugalense, como também se dizia) e o título de rei com que havia sido aclamado pelos seus comandados depois de vencer os muçulmanos na batalha de Ourique. Mas é claro que uma nacionalidade não se forma numa data fixa. Trata-se de um lento processo de evolução social que se estende por muitos anos. No caso de Portugal, pode-se dizer que a nacionalidade portuguesa, inclusive do ponto de vista da língua nacional, só se apresenta razoavelmente consolidada cerca de dois séculos após a paz de Zamorra. (E alguns autores falam em três séculos.) É aproximadamente esse período da literatura portuguesa que pretendemos citar nesta secção. 
 
Ao que tudo indica, o mais antigo documento literário da língua portuguesa é uma poesia. Uma poesia atribuída a Pai Soares Taveiros e dedicada a D. Maria Pais Ribeiro: “Cantiga de Ribeirinha”. Dataria de 1189, mas é claro que antes dessa data a poesia já deveria ser cultivada na região, especialmente sob a forma de tradição oral, pelos trovadores e jograis. Não se tratava de poesia pura, isto é, declamada, mas de poesia cantada. Criada pelos trovadores; simplesmente repetida pelos jograis. 
 
O tema central dessa poesia dos primeiros séculos da nação portuguesa, bem como de toda a Península Ibérica e, mesmo, de parte da atual França, é o amor em diversas formas, mas quase sempre um amor não correspondido, idealizado, saudoso, choroso. Essa poesia lírica galaico-portuguesa costuma ser classificada em dois tipos: cantigas de amor e cantigas de amigo. Nas de amor, o homem expressa os seus sentimentos em relação à mulher amada, ao passo que nas de amigo (= namorado em português arcaico), o trovador fala como se uma mulher tivesse composto a referida cantiga, isto é, como se a sua amada a ele se dirigisse. Às vezes, faz com que a amiga (= namorada) não se dirija a ele diretamente, mas fale dele para a mãe dela, suas amigas, ou, mesmo, para o seu santo protetor. 
 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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3 comentários:

CÉU disse...

Olá, Rosemildo!

Na verdade, e após o tratado de Zamora e da concessão da Bula "Manifestis Probatum" em 1179, a D. Afonso Henriques, consagrando-o, dessa forma, efetivamente Rei (como você sabe, era preciso o apoio/reconhecimento do Papa, que através de uma Bula - documento, devidamente assinado, que reconhecia um rei, como tal), a independência do Condado Portucalense e a consolidação da nossa nacionalidade, dando origem à Nação Portuguesa, levou mais de três séculos, tenho certeza. A História não é uma ciência exata, como já referi, e portanto, os historiadores que fazem a História posteriormente, se baseando em documentos, nem sempre muito fiáveis, falham e nos induzem em erro.

Em relação à Literatura, ou melhor, à Poesia Trovadoresca, acho ela muito interessante. A Idade Média é obscura, em muitos aspetos, mas na Literatura, não tanto assim.

As cantigas de amor eram as mais usuais, diretas e apreciadas, porque era o homem que falava de seu amor pela amada. Acho normal e bonito, desse jeito.

As cantigas de amigo, eram um pouco ingénuas e indiretas, pois a mulher tinha de dizer amigo, porque o termo namorado poderia ser mal interpretado, enfim, outros tempos, outras mentalidades. Normalmente, o seu "amigo" estava longe, e elas se lamentavam, por esse facto

As cantigas de escárnio, também têm muito encanto e interesse, porque nelas se dizia mal de alguém, ou se criticava a sociedade, em geral, mas de forma subtil.

As cantigas de maldizer eram o "bota-abaixo", assim, à descarada. Algumas são até muito desagradáveis e põem a nu, situações privadas, que são quase sempre exageradas (tipo caricatura).

Tudo de bom.

Abraço.

Daniel Costa disse...

Rosemildo, quem conhecer um pouco de Portugal e geografia do tempo, do que então era de domínio Muçulmano,
tem dificuldade em aceitar, a localização, em Ourique, do Baixo Alentejo e mesmo se a dita batalha foi travada. Conhecendo bem o sítio, digo: a batalha de Ourique, não passará de um mito. Historicamente, não há provas.
abraços

Maria Teresa Valente disse...

Olá Furtado, estou me deliciando e aprendendo com a sua postagem, complementada pelos comentários.
Muito bom que nossos patrícios fazem observações. Agradeço, abraços carinhosos
Maria Teresa

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