HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 16
LITERATURA FRANCESA
(Continuação do post anterior)
A poesia parnasiana não apresenta maiores interesses que a consideração de Leconte de Lisle (1818-1894), Sully-Prudhomme (1839-1907) e José Maria Heredia (1842-1905).
Leconde Lisle, chefe do Parnasse Contemporain e encarnação das teorias da arte pela arte é o mais autêntico poeta da geração literária do realismo. Publicou “Poèmes Antiques”, “Poèmes Barbares” e Poèmes Tragiques”; nos dois primeiros aparece a nostalgia pelas civilizações gregas e hindu, bem como pelo passado egípcio, judaico, caldaico, escocês e irlandês; no último, o desespero perante a consciência do ilusório, e o pessimismo e angustia diante do destino humano. René François Armand Sully Prudhomme – autor de “Stances et Poèmes”, “Les Epreuves”, “Les Solitudes” e “Les Vaines Tendresses” – é o poeta das inquietudes íntimas e da melancolia e ternura. O cubano José Maria Heredia (1842-1905) é o poeta da paixão pelo longínquo no tempo e no espaço. Escreveu “Les Trophées.
A permanência do lirismo é-nos dada por Charle Baudelaire (1821-1867), autor de “Fleurs du Mal” e de “Petits Poèmes em Prose”. Baudelaire é dotado de excepcional sentimento crítico e dolorido da existência humana e pessoal na sua temporalidade e aproveita com perfeição de todos os efeitos musicais ao expressar com musicalidade as dores físicas e as perversões da alma. Charles Baudelaire anuncia o período simbolista.
Época simbolista (1890-1914)
As novas condições sócio-econômicas da França e do mundo provocam reações idealistas em todos os domínios da atividade humana. 1888 assinala a tradução de Schopenhauer à língua francesa. A produção do filósofo Henri Bergson (1859-1941) exerce profunda influência na reação contra as deficiências do materialismo e do naturalismo da época: “Essai sur les Données immédiates de la Conscience”, “L'Evolution Créatice”, “Matière et Mémoires” e “Les Deux Sources de la Morale et de la Religion” apontam os novos rumos idealistas do pensamento francês. No teatro a reação idealista é iniciada por Maurice Maeterlinck ((1862-1949) e culmina com sua peça psicológica e moral “Pelléas et Mélisande” em 1902. O teatro simbólico de Maeterlinck apresenta as angustias e o secreto do homem e do universo. Charles Péguy (1873-1914) é o autor do drama “Jeanne d'Arc” de inspiração socialista; Péguy refaz esta obra ao consagrar-se ao lirismo cristão místico, intitulando-a “Le Mystère de la Charité de Jeanne d'Arc”.
O simbolismo é essencialmente poético, como prova o aparecimento de Paul Verlaine (1844-1896, Arthur Rimbaud (1854-1891), Sthéphane Mallarmé (1842-1898), Emile Verhacren (1855-1916) e Francis Jammes (1868-1938). Paul Verlaine redescobre a musicalidade e a plena liberdade de expressão ao descrever estados fugitivos da sensibilidade. Verlaine inicia-se como parnasiano para tornar-se, posteriormente, um dos maiores simbolistas, embora seu estilo por vezes adquira características fortemente herméticas. “Poèmes Saturniens”, “Fêtes Galantes”, ”Bonne Chanson”, o original “Romances sans Parole” e também “Sagesse”, que constituem suas obras principais e representam o melhor de sua produção literária. Arthur Rimbaud é o poeta dos jogos da imaginação e da rebeldia contra a sociedade expressados numa linguagem poética flexível e pessoal na qual existe um sistema imagético cromático-sonoro extremamente original. Estas características e o misticismo ingênuo e, simultaneamente, carnal de Rimbaud pode ser agradavelmente comprovado pela leitura de “Rages de César”, “Le Dormeur du Val”, ”Les Effarés”, “Les Pauvres à l'Église”, “Les Premiéres Communions”, “Le Mal” “Bateau Ivre”, “Voyelles”, “Lanne”, “La Revière de Cassis”, “Fêtes de la faim” e Illuminations”; este último e “Une Saison em Enfer” escapam ao quadro simbolista para inaugurar uma nova poesia. Mallarmé, poeta refinado e esteticista,inaugura a separação entre o poeta e o público que caracterizará a atual época literária francesa e influenciará a formulação teórica de movimentos como o dadaísmo e o surrealismo. Mallarmé exprime suas experiências sexuais e sentimentais em busca da noção ideal e da comunicação da beleza através dos sentidos particularmente pessoais de seu universo vocabular. “L'AprèsMidi d'un Faune” e “Le Tombeau d'Edgar Poe” representam o melhor das composições de Mallarmé. Verhaeren, mestre do verso livre, cuja imaginação e sensualidade não transmitidas através de símbolos diretamente inteligíveis e que elaboram seu universo poético de exaltação da alegria vital, é autor de “Les Visages de la Vie”, “Les Forces Tumultueuses”, “La Multiple Splendeur” e “Les Rythmes Souverains”. Francis Jammes cultua também o verso livre, mas, para dar conteúdo poético de autêntico lirismo cristão a assuntos rústicos e familiares, Jammes escreveu “De l'Angélus de Aube à l'Angélus du Soir”, “Le Triomphe de la Vie” e “Les Géorgiques Chréstiennes.
(Continua no próximo post.)
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 53/55
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