quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Grandes vultos: Clóvis Beviláqua - Parte 01.

Clóvis Beviláqua

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
CLÓVIS BEVILÁQUA – PARTE - 01
(1859 – 1944)
“… possuía na juventude a gravidade, as tendências e os hábitos de hoje...”
Em 1774, procedente de Trieste, chega às prais do Ceará, vítima de um naufrágio, o piloto italiano Ângelo Beviláqua. Casa-se, em Fortaleza, com D. Luísa Gaspar de Oliveira. Dos seus dez filhos, o segundo era José, de temperamento arrebatado e interessado em política, tendo sido deputado à Câmara Geral. Esse foi o pai de Clóvis. Sua mãe, D. Martiniana Maria de Jesus Ayres, natural da Província do Piauí.
Nasceu Clóvis a 4 de outubro de 1859, dia de São Francisco de Assis. Viçosa, sua terra natal, fica plantada no alto de uma serra, em meio do caminho que vai das alvas praias dos verdes mares, como diz Alencar, ao sertão rude e trágico, onde o sertanejo se faz forte e resignado.
Não é vã a referência ao panorama. O berço natal traçou o destino de Clóvis. Se voltado para o norte seus olhos se perdiam no infinito do oceano, como em busca de um ideal, do sul chegava-lhe ao ouvido a voz quente do sertão agreste. Assim se fez aquele ente singular que elevava o coração aos páramos dos mais elevados sonhos, sem se afastar da realidade, que enfrentava corajosa e resignadamente. O próprio Clóvis confessa a influência telúrica em sua vida: – “O cearense educou-se na luta e a ela afeiçoou-se. O solo esquivo recusa-lhe os meios de subsistência sem aturado esforço; o sol cai, como um incêndio, sobre uma terra que não possui rios, nem lagos, nem grandes matas, onde toda vegetação desaparece com o verão; o mar só se deixa domar pela afoiteza da jangada alvíssima. Numa escola assim, aprende-se a lutar, sem jamais cansar. Adquire-se a intrepidez e perseverança...” – (Revivendo o passado, volume II, pág. 96).
Muito criança sai Clóvis de seu lar. Faz os primeiros estudos em Sobral. O curso secundário iniciado em Fortaleza é concluído no Rio de Janeiro, em 1877.
Na Corte, torna-se amigo de Paula Ney e de Silva Jardim, que procurou convencê-lo a vir morar em São Paulo. Com esse diletos companheiros, publica um jornalzinho escolar: – o “Labarum Litterarium”, que obteve pleno êxito e revelou os primeiros bruxoleios daquele que seria poeta, tribuno e jurista.
Continua
MANUEL AUGUSTO VIEIRA NETO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...