quarta-feira, 18 de abril de 2018

Grandes vultos: José do Patrocínio - Parte 02.

Quintino Bocaiuva

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 02.

Na mesma ocasião ocorriam os preparativos, na casa do Capitão Emiliano Rosa Sena, que seria, também, seu futuro sogro, ficava no Rio de Janeiro, em São Cristóvão, na antiga rua Imperial Quinta, 17. Patrocínio era recém formado em farmácia e tinha sido colega no Externato Aquino, de João Rodrigues Vila Nova, enteado do Capitão Sena. Foi recebido, certo dia, como hóspede da casa, levado pelo colega Vila Nova. Tal acontecimento teve significado decisivo na vida do “Tigre da Abolição”, pois, ali se tornou professor dos meninos: Bibi, Nenê, Sinhá, Tengo e Cévola, filhos do Capitão. Bibi, ou Dona Maria Henriqueta de Sena Figueira do Patrocínio, foi, mais tarde, a esposa de José do Patrocínio e Tengo, o conhecido Ernesto Sena, um dos baluartes do abolicionismo e republicano fervoroso. Entre os convivas da chácara do Capitão Sena, figuravam Quintino Bocaiuva, Sousa Caldas, Lopes Trovão, Silva Jardim, Joaquim Nabuco, Ferreira de Araújo e muitos outros nomes de nossa história que, juntamente com a família Sena, deixavam entrever o embrião do afamado “Clube Republicano”, em cujas reuniões Patrocínio conseguiu introduzir-se, apesar da oposição do capitão Sena, que não o tolerava porque o mesmo já demonstrava secretas pretensões de amor com a branca Bibi. O Capitão tinha seus “zelos de sangue azul” e não podia admitir qualquer idílio entre sua filha e o ousado cafuzo. Patrocínio não era negro. Nem um mulato. Sua pela oscilava entre os dois, segundo o descreve Félix Pacheco. “Tinha a cor do charuto colorado maduro, de Havana”. “Etíope, com o escuro um pouquinho atenuado na primeira degradação do matiz originário, erigiu-se, entretanto, num ariano do melhor quilate pelo espírito”.

Os preconceitos raciais do Capitão Sena foram, contudo, contornados pela figura singular e carinhosa de D. Henriqueta Sena, mãe de Bibi, conseguindo realçar os méritos excepcionais do moço bronzeado e, talvez, com seu sexto sentido feminino, prever o futuro grandioso daquele que, mais tarde, seria erigido ao altar da glória na mais memorável campanha cívica brasileira: a da abolição.

Continua…

S. SILVA BARRETO
Meus queridos amigos!
Primeiro que tudo, quero apresentar minhas desculpas por estar ausente do valioso convívio de vocês neste maravilhoso mundo da blogosfera durante esses dias que passou. É que meu grande amigo e parceiro (PC) foi acometido de um probleminha e tive que levá-lo ao hospital (oficina), onde, depois de alguns exames, o médico (técnico) constatou que bastaria algumas intervenções no cérebro (placa mãe) e tudo voltaria ao normal.
Agradeço pela compreensão de todos pelos amáveis comentários deixados no nosso humilde espaço, prometendo retribui-los na medida do possível, pois quem visita quer ser visitado.
Beijos no coração de todos.
"QUE DEUS SEJA LOUVADO!"
Rosemildo Sales Furtado


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Grandes vultos: José do Patrocínio - Parte 01.

José do Patrocínio

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 01.
(1833-1905)
“Ou cede à vontade do povo ou cai.”
José Carlos do Patrocínio, vulgo “Zé do Pato”, era um mulato bronzeado, filho natural de Justina Maria do Espírito Santo – a quitandeira “Tia Justina” – e do padre João Carlos Monteiro – o trigueiro vigário da paróquia de Campos. Nasceu aos nove dias do mês de outubro, do ano de 1853, na cidade do mesmo nome, Estado do Rio de Janeiro. Assim o atesta seu batistério, fornecido pela Paróquia do S. Salvador, Bispado de Campos.
Desengonçado, feio, de estrutura desarmônica, como o descrevem seus amigos Luís Marat, Coelho Neto, Olavo Bilac e outros; físico balofo e olhos empapuçados, como atesta seu mais fiel retrato publicado.
“Não quis o destino – escreve Bilac – que o libertador nascesse de um ventre feliz, entre carinhos e beijos fidalgos, na ventura de um lar amoroso … Tirou-o de um ventre humilde e desventurado, deu-lhe à pele a cor da treva, cercou-lhe o berço de todas as infelicidades, a condição baixa, a origem obscura, a privação da paternidade legítima e a atmosfera dos sofrimentos da gente cativa. O destino quis que no corpo, nas células orgânicas, no sangue, na vibração dos nervos daquele homem, se acumulassem e confundissem todas as revoltas da gente mártir contra a maldade dos opressores, toda a longa e trágica epopeia do sacrifício africano”.
Brandiu sua pena com a força temível da inteligência e da convicção pelas colunas da “Gazeta da Tarde”, da “Gazeta de Notícias” e da “Cidade do Rio” e, em catadupas eletrizantes, dramáticas, com a mesma bravura de um Espártaco, despejou suas catilinárias das tribunas da rua. Ambos tiveram um ideal comum: a luta contra a escravidão.
Luta difícil e penosa, somente teve sua ascensão e esplendor quando JOSÉ DO PATROCÍNIO, acolhido pela simpatia de Ferreira de Araújo, assenta sua barraca na redação da “Gazeta de Notícias”, em 1879, depois do famoso “Congresso Agrícola” e das primeiras agitações populares da campanha abolicionista, alcançando suas armas “para a quebra das grilhetas”, na expressão de Osvaldo Orico.
Continua…
S. SILVA BARRETO


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