quarta-feira, 21 de março de 2018

Grandes vultos: Rui Barbosa - Parte 08.

  GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
RUI BARBOSA – PARTE 08.
Em 1913, Rui candidata-se novamente à suprema magistratura do país, não conseguindo outra vez ser eleito. Sua campanha política, no entanto, desempenhou assinalados serviços à Pátria pelo nível em que se desenvolveu, pois Rui Barbosa fez uma pregação cívica das mais elevadas em toda história republicana.
Novamente derrotado, Rui Barbosa continuou a sua atuação no Senado da República.
Além das suas atividades políticas, prosseguiu no seu labor literário, tendo feito uma saudação lapidar a Anatole France, em francês, quando esse escritor aqui esteve. Além disso foi presidente da Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a cadeira de Evaristo da Veiga. Manejava a língua portuguesa com maestria ímpar, tendo na polêmica com seu antigo e ilustre mestre Carneiro Ribeiro conseguindo manter-se à altura do grande filósofo baiano.
Poliglota, falava fluentemente o francês, o inglês e o espanhol, escrevendo corretamente em latim, alemão e italiano.
No campo literário, deixou entre outras obras de importância, as seguintes: O Papa e o Concílio (tradução com uma longa introdução); Ligações de Coisas (tradução); Cartas de Inglaterra; Parecer Sobre a Redação do Código Civil Brasileiro; Réplica à Defesa do Código Civil Brasileiro; Discursos e Conferências; Cartas Políticas e Literárias; Queda do Império, e inúmeras mais, além de discursos parlamentares e dos seus pareceres que enchem hoje dezenas de volumes.
Estas atividades todas, exercidas simultaneamente e de modo intenso, por um temperamento que tudo levava a sério, tinha de combalir o organismo de quem as exercia. Rui Barbosa sente os primeiros sintomas da doença que o iria vitimar. Em Petrópolis ainda recebe os amigos, apesar do seu precário estado de saúde. Discute política. Toma posições, faz valer sua opinião de semi moribundo àqueles que o ouvem e o seguem.
Aos setenta e quatro anos Rui Barbosa ainda é uma voz ativa na política. Apesar de todos sentirem que o grande tribuno, político, jornalista e escritor está ás portas da morte, ainda o acatam, respeitam; ouvem as suas opiniões, obedecem-no.
Finalmente, entra em agonia. No dia primeiro de março de 1923 cessou de pulsar o coração de Rui Barbosa.
CLÓVIS MOURA

quarta-feira, 7 de março de 2018

Grandes vultos: Rui Barbosa - Parte 07.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
RUI BARBOSA – PARTE 07.
“Quanto à outra, na elevada acepção do termo, a mais alta e nem por isso menos prática, no que se relaciona com os interesses supremos que une as nações, umas com as outras, acaso pode ser-nos vedada esta política? Não, senhores.”
Ao terminar o discurso houve um movimento de espanto na sala. Sua tribuna foi rodeada por representantes dos mais diversos países. Rui Barbosa havia feito o Brasil triunfar defendendo o direito das pequenas nações. Nascera a “Águia de Haia”.
Os jornais da Europa não pouparam elogios à atuação máscula de Rui Barbosa. O Times, de Londres, tão discreto e frio com elogios, comparou-o a Cícero e o comentarista William Staed afirmou sobre a atuação de Rui que “tão grande triunfo pessoal não obteve nenhum outro membro da Conferência.”
1910. Instado várias vezes para ser candidato à Presidência da República, Rui Barbosa sempre se esquivou. No entanto, ao se concretizar a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca, pessoa, aliás, a quem Rui Barbosa dedicava estima pessoal, em circunstâncias para ele anormais pois não saíra de um partido político ou de uma campanha política, mas de uma verdadeira imposição militar, endossada pelo situacionismo federal, aceita o posto de sacrifício. Candidata-se, iniciando a campanha Civilista. Abandona todos os seus afazeres; fecha o seu escritório de advocacia e entra no barco sucessório enfrentando a borrasca de uma situação crítica. Essa campanha – ainda é João Mangabeira que depõe – “excedeu a todas as expectativas, ultrapassou todas as previsões, ainda mesmo as mais otimistas. Somados todos os votos das seções eleitorais que real e livremente funcionaram, Rui foi eleito com grande maioria. Mas a democracia, como a liberdade, não se deixa conquistar de todo da primeira vez que por ela se luta. É preciso persistir, porfiar, estar sempre em riste, na linha da defesa, com uma vigilância permanente.”
Derrotado, Rui começa durante o governo de Hermes da Fonseca, o seu trabalho de oposição. Declara: “Nos dias de opressão, ser oposição é uma honra. A desonra é ser governo.”
Logo depois do início do governo Hermes da Fonseca, estoura a revolta Armada, chefiada pelo bravo marinheiro João Cândido. Os marujos exigiam fossem abolidos os castigos corporais na Marinha. É a “Revolta da Chibata”.
No Senado, Rui Barbosa levanta a voz pedindo anistia para os amotinados. E pouco tempo depois encaminha e justifica brilhantemente uma indicação para que a comissão de Justiça formule projeto abolindo, nas Forças Armadas, os castigos corporais até então usados.
Continua...
CLÓVIS MOURA

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