quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 05.

Lord Landsdowne

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOAQUIM NABUCO – PARTE 05
Essa questão dos limites com as Guianas, absorveu a maior parte do seu tempo, com estudos históricos e geográficos, para demonstrar as razões que tinha o Brasil a respeito. Por ordem do governo, aceita assinar com Lord Landsdowne, em 1901, um tratado em que as duas partes conflitantes, Inglaterra e Brasil aceitavam a solução de um árbitro, o rei da Itália, Vitor Emanuel III.
Para acompanhar o processo de que era advogado, transfere-se para Roma, nunca cessando de conseguir novos elementos para apoiar a tese brasileira. Por fim o laudo, em 1904: o território seria dividido ao meio, entre os dois países.
Muito embora o ministro e o governo brasileiro, considerassem o laudo uma derrota para o Brasil, mas reconhecendo os seus esforços, pois foram dois ou três anos de árduo trabalho, Nabuco é nomeado, no ano seguinte, embaixador em Washington. Volta ao Rio de Janeiro pela última vez, em 1905, para presidir a II Conferência Pan-Americana, juntamente com Elihu Root, secretário de Estado norte-americano, iniciando-se uma nova era nas relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos.
Morreu em 1910, a 17 de janeiro longe de sua pátria, à qual havia tão bem servido. Em seus últimos anos, havia se voltado à leitura dos clássicos gregos. A surdez, de que havia sido acometido, em virtude de um resfriado, o isolava de certo modo do mundo em que vivia e se voltava assim aos mortos.
Seu corpo foi trasladado para o Brasil. Em Recife, seus funerais foram de um herói nacional e no cortejo se destacavam os negros e ex-escravos, pelos quais tanto havia lutado.
Foi casado com uma moça da nobreza açucareira do estado do Rio de Janeiro, Evelina. Teve o casal cinco filhos, entre os quais Carolina, escritora, autora de um livro sobre seu pai, A Vida de Joaquim Nabuco.
Além dos livros citados escreveu ainda: Pensées Detachés, em francês; A Intervenção Estrangeira durante a Revolta de 1893, Balmaceda, uma biografia do grande político e reformador, Camões e Assuntos Americanos, conferências realizadas em universidades americanas, traduzidas do inglês por sua filha Carolina, Campanha Abolicionista em Recife em 1884; e finalmente O Direito do Brasil, Memoria sobre a questão dos limites com a Guiana inglesa.
LEONCIO BASBAUM

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 04.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

JOAQUIM NABUCO – PARTE 04

Após os acontecimentos de 1893, a revolta da esquadra contra Floriano, os monarquistas remanescentes, os que não haviam aderido à república, foram acusados de ter inspirado o movimento e mesmo de lhe haver prestado apoio. Dizia-se que a revolta tinha por objetivo a restauração da monarquia. Os monarquistas se reuniram por várias vezes para discutir a atitude que iriam tomar. Como na realidade estavam livres de culpa, afastados da política, e nem mesmo pensavam na restauração, decidiram lançar uma espécie de proclamação em que manifestavam sua completa inocência no caso. Nabuco foi encarregado de redigir o documento.

Todavia, na hora de assinar aquela proclamação, não permitiram que Nabuco o assinasse: a assinatura estava reservada “aos grandes” da monarquia, os que haviam ocupado cargos de relevo na administração e na política, ex-ministros e outras, o que muito aborreceu Nabuco. Sua situação não era nada invejável. Suspeito aos republicanos, desprezado pelos seus próprios correligionários, e ainda, empobrecido, pois perdera quase toda a sua fortuna em suas tentativas de estabilizar sua situação financeira, passou vários anos sem se decidir sobre o seu destino. Era sua intenção dedicar-se a algum negócio, talvez voltar à lavoura que tinha sido a base econômica de sua família. Amigos lhe sugeriram que se dedicasse à plantação de café que estava tornando ricos inúmeros fazendeiros. Sonhava ao mesmo tempo em regressar à Europa, onde havia passado anos felizes, mas sua fortuna não lhe permitia esse luxo.

Mas havia uma forte pressão de seus amigos, no sentido de se reconciliar com a república e aceitar um emprego do novo governo republicano. Durante muito tempo recusou, por solidariedade aos seus correligionários e mesmo ao imperador deposto e, além disso, não acreditava na república.

Mas ao fim de algum tempo não resistiu ao convite que lhe havia sido feito pelo presidente Campos Sales de voltar à diplomacia: seria advogado do Brasil na questão de limites com a Guiana Inglesa.

Assim, após dez anos de afastamento da vida política, decide aceitar o convite, ainda que os seus antigos correligionários “torcessem o nariz” e lhe dessem as costas, como se se tivesse vendido. Foi assim nomeado, em 1900, ministro em Londres, voltando às lides diplomáticas.

Continua

LEONCIO BASBAUM
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