quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Grandes vultos: Tobias Barreto - Parte 10.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
TOBIAS BARRETO – PARTE 10.
E depois de ouvir um aparte que não se referia à matéria e em que foi chamado de oportunista, continuou:
“Pelo que toca, ao ponto de vista civil, não há dúvida que se faz necessário emancipar a mulher do jugo de velhos princípios, legalmente consagrados. Entre nós, nas relações de família, ainda prevalece o princípio bíblico de sujeição feminina. A mulher ainda vive sob o poder absoluto do homem. Ela não tem como deveria ter, um direito igual ao do marido, por exemplo, na educação dos filhos: curva-se, como escrava, à soberana vontade marital. Essas relações, digo eu, deveriam ser reguladas por um modo mais suave, mais adequado à civilização”.
Ao ouvir essas afirmações, o Deputado Clodoaldo investe:
– “Com igualdade absoluta de direitos é impossível a família”.
E Tobias fulmina a questão levantada:
– “Igualdade absoluta! São termos que se repelem, pois a igualdade é uma relação”.
Mas Clodoaldo é teimoso:
– “O que eu quero dizer é que não compreendo a sociedade conjugal sem uma autoridade”.
Tobias elucida:
– “Essa autoridade estaria na lei. O que eu desejava, pois, era que a lei regulasse as relações de família de tal maneira que não pudesse aparecer nem a anarquia nem o despotismo”.
Volta o aparteante:
– É o que temos”.
E ouve a contradita:
– “Perdão! Nós temos o despotismo na família”.
Um deputado chama a atenção para o peso do cérebro feminino que era inferior ao do masculino. O autor de Estudos Alemães examina a observação e faz algumas perguntas que embatucam os contendores:
“Portanto, não obstante a inferioridade em volume, e no que mais possa ser, a questão permanece a mesma: Qual é o peso normal do cérebro humano? Qual é o peso que determina a aptidão para as ciências? Se é possível que a mulher, tendo, na hipótese, um cérebro de peso inferior ao do homem, mesmo assim se desenvolva, mesmo assim cultive com proficiência este ou aquele ramo científico, para que mais lançar mão de semelhantes argumentos, que não passam de conjecturas, já desmentidas pela experiência? Com efeito, já não se trata de uma mera possibilidade, trata-se de um fato: tem existido na época de hoje mulheres notáveis, que se hão dedicado com vantagens a estudos superiores. É um fato: para que desconhecê-lo?
Continua…
BRASIL BANDECCHI


Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

Mais um bocadinho da vossa história, que me chega através deste post-.
Um abraço

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