quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Grandes vultos: Tobias Barreto = Parte 05.

Padre Henri Lacordaire
  

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
       TOBIAS BARRETO – PARTE 05.
 
Na Escada funda um clube popular, onde, em 1877, pronuncia discurso, que representa claramente um dos pontos básicos do seu pensamento político. Antes, ouçamos Hermes Lima:

Na crítica política, seu pensamento apresenta duas características principais: a primeira, a noção de que as instituições políticas, assim como os princípios desenvolvidos pela Filosofia a que dão lugar, são colaborações relativas à épocas e a países e que, portanto, devem ser considerados à luz dessa relatividade; a segunda, Tobias emprestava à palavra povo antes um significado social do que um significado constitucional. Ou melhor, essa palavra sugeria-lhe antes o conjunto da população nacional a ser conhecida nas exatas condições do seu viver do que no princípio político de soberania, que a Constituição depositava e encarnava no povo.

A primeira característica pode ser verificada, entre outros passos de sua obra, nas páginas dedicadas à questão do poder moderador; a segunda, no Discurso em Mangas de Camisa, principalmente”.

Neste discurso, pronunciado no Clube Popular de Escada, Tobias expunha ideias avançadas para sua época, ideias que tinham como “principal agente o espírito popular, o ímpeto democrático do século”. Isto criaria contra ele um ambiente de incompreensão e adverso. Ideias novas sempre têm inimigos. Para esses “o exercício de um direito pode tomar proporções de um fenômeno perigoso, de uma nuvem tenebrosa, que esconde no seu bojo alguma tempestade".
O próprio nome do discurso trazia algo de revolucionário. No tempo dos homens encasacados, ele se propunha a falar, simbolicamente, em mangas de camisa, isto é, com simplicidade, em família. O discurso, cuja primeira edição é de 1879, assim é anunciado:

“Disse uma vez o padre Lacordaire que a posição mais desfavorável do orador é ter que falar a homens que comem, – porém há outra, a meu ver, ainda mais desfavorável: – é quando se fala a homens que têm fome, se não se trata de meios de satisfazê-la, ou ao menos de moderá-la. Tal seria, por certo, a minha posição diante de vós, como iniciador da ideia de um Clube Popular, se me viesse à mente a singular lembrança de ocupar-me em outros assuntos, que não fossem os males da nossa vida política, o estado de penúria e a pior das penúrias, a penúria moral, em que laboramos, o desânimo dos espíritos, a surdez das consciências, em uma palavra, todos os sintomas da doença, que mata as nações, o abandono de si mesmo, o esquecimento de seus direitos, pela falta de justiça e liberdade, de que todos nós sentimo-nos sequiosos e famintos”.

Continua…

BRASIL BANDECCHI



Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

Excelente. Efectivamente naquela época qualquer um que falasse em liberdade ou igualdade, só podia ser considerado revolucionário.
Um abraço

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