quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Grandes vultos: Tobias Barreto - Parte 03.



GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
TOBIAS BARRETO – PARTE 03.
Os falsificadores da história em prol do poeta baiano esquecem-se de que em 1860 era um menino de treze e em 1862 um rapazinho de quinze anos, ao passo que o poeta sergipano na primeira daquelas datas era já um moço de vinte e um anos e na segunda, quando chegou a Pernambuco, tinha já vinte e três, era um latinista exímio e estava na plenitude do talento. Ainda mais: nas Espumas Flutuantes os versos mais antigos são de 1864, o que mostra ter o autor desprezado suas composições anteriores, por não possuírem a tonalidade que mais tarde deu a seu talento”. E o citado escritor sentencia: “Só dos dezessete anos (1864) em diante, sob a influência de Tobias no Recife, o futuro autor das Vozes d'África tomou voo em que depois subiu tão alto”.
Os argumentos que apresenta são realmente irrefutáveis. Castro Alves sofreu a referida influência e, como poeta, tem em alguns poemas lampejos geniais que iluminam toda sua obra.
Afrânio Coutinho, no seu livro A Filosofia de Machado de Assis e Outros Ensaios, no capítulo “O problema das influências”, assinala “a influência jamais constituiu motivo de inferioridade”.
Ouçamos algumas estrofes da ode de Tobias, A vista do Recife, de 1862, para evidenciar a força do seu estro:
“Mágoas tem que tem que estão guardadas
quando as vingar é sem dó!
Raça das Romas tombadas,
das Babilônias em pó,
quer ter louros que reparta;
vencer, morrer não a farta…
grande, d’altura de Esparta,
afronta o mundo ela só!…
………………………………………………………….
Sim, eu vejo, ainda a espada,
na tua destra reluz,
cabocla civilizada
de pernas e braços nus,
cidade das galhardias,
que no teu punho confias,
coeva de Henrique Dias,
guerreira de santa Cruz! *
…………………………………………………………
Assopras nas grandes tubas,
que despertam as nações;
eriçam-se as férreas jubas,
uivas as revoluções…
Teus edifícios dourados
vão-se erguendo, penetrados
da voz dos Nunes Machados,
do grito dos Camarões!…


Com a morte bebes a vida;
não te abalas, não te dóis!
D’oiro e luz sempre nutrida,
novas ideias remóis,
é que a voz das liberdades,
calçadas as potestades,
germinam, brotam cidades
do sepulcro dos heróis!


Possa a coragem de novo,
teu bafo ardente inspirar,
e a glória sair do povo,
como tu surges do mar…
O coração te advinha,
ruge o gládio na bainha,
como na gruta o jaguar.


Sejam meus votos aceitos,
dá-me a ver tuas ações,
dá-me a sugar esses peitos
que amamentaram leões…
Saíste nua das matas,
não temes, não te recatas;
contra a frota dos piratas
açula os teus aguilhões...”.


Como Victor Hugo encerrou o ciclo romântico francês, Tobias iniciou o fim do romantismo brasileiro. O poeta Tobias Barreto aparecerá sempre em tôda sua obra. José Veríssimo observa:
“O pensador nele – uma modelação do vate. Transportará para a Metafísica, para as ciências biológicas, para o direito, a magia da adivinhação, o improviso milagroso, a necessidade de idealizar e de imaginar, que é a poesia”.
Continua…
BRASIL BANDECCHI


Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

Au

Longe de casa até ao dia 19, para acompanhar a evolução da doença do cunhado, e só com o celular é-me muito difícil conseguir visitar-vos. Peço desculpa. Um abraço.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...