GRANDES VULTOS
BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
TOBIAS
BARRETO – PARTE 03.
Os
falsificadores da história em prol do poeta baiano esquecem-se de
que em 1860 era um menino de treze e em 1862 um rapazinho de quinze
anos, ao passo que o poeta sergipano na primeira daquelas datas era
já um moço de vinte e um anos e na segunda, quando chegou a
Pernambuco, tinha já vinte e três, era um latinista exímio e
estava na plenitude do talento. Ainda mais: nas Espumas Flutuantes os
versos mais antigos são de 1864, o que mostra ter o autor desprezado
suas composições anteriores, por não possuírem a tonalidade que
mais tarde deu a seu talento”. E o citado escritor sentencia: “Só
dos dezessete anos (1864) em diante, sob a influência de Tobias no
Recife, o futuro autor das Vozes d'África tomou voo em que depois
subiu tão alto”.
Os
argumentos que apresenta são realmente irrefutáveis. Castro Alves
sofreu a referida influência e, como poeta, tem em alguns poemas
lampejos geniais que iluminam toda sua obra.
Afrânio
Coutinho, no seu livro A Filosofia de Machado de Assis e Outros
Ensaios, no capítulo “O problema das influências”, assinala “a
influência jamais constituiu motivo de inferioridade”.
Ouçamos
algumas estrofes da ode de Tobias, A vista do Recife, de 1862, para
evidenciar a força do seu estro:
“Mágoas
tem que tem que estão guardadas
quando
as vingar é sem dó!
Raça
das Romas tombadas,
das
Babilônias em pó,
quer ter
louros que reparta;
vencer,
morrer não a farta…
grande,
d’altura de Esparta,
afronta
o mundo ela só!…
………………………………………………………….
Sim, eu
vejo, ainda a espada,
na tua
destra reluz,
cabocla
civilizada
de
pernas e braços nus,
cidade
das galhardias,
que no
teu punho confias,
coeva de
Henrique Dias,
guerreira
de santa Cruz! *
…………………………………………………………
Assopras
nas grandes tubas,
que
despertam as nações;
eriçam-se
as férreas jubas,
uivas as
revoluções…
Teus
edifícios dourados
vão-se
erguendo, penetrados
da voz
dos Nunes Machados,
do grito
dos Camarões!…
Com a
morte bebes a vida;
não te
abalas, não te dóis!
D’oiro
e luz sempre nutrida,
novas
ideias remóis,
é que a
voz das liberdades,
calçadas
as potestades,
germinam,
brotam cidades
do
sepulcro dos heróis!
Possa a
coragem de novo,
teu bafo
ardente inspirar,
e a
glória sair do povo,
como tu
surges do mar…
O
coração te advinha,
ruge o
gládio na bainha,
como na
gruta o jaguar.
Sejam
meus votos aceitos,
dá-me a
ver tuas ações,
dá-me a
sugar esses peitos
que
amamentaram leões…
Saíste
nua das matas,
não
temes, não te recatas;
contra a
frota dos piratas
açula
os teus aguilhões...”.
Como
Victor Hugo encerrou o ciclo romântico francês, Tobias iniciou o
fim do romantismo brasileiro. O poeta Tobias Barreto aparecerá
sempre em tôda sua obra. José Veríssimo observa:
“O
pensador nele – uma modelação do vate. Transportará para a
Metafísica, para as ciências biológicas, para o direito, a magia
da adivinhação, o improviso milagroso, a necessidade de idealizar e
de imaginar, que é a poesia”.
Continua…
BRASIL
BANDECCHI
Um comentário:
Au
Longe de casa até ao dia 19, para acompanhar a evolução da doença do cunhado, e só com o celular é-me muito difícil conseguir visitar-vos. Peço desculpa. Um abraço.
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