quarta-feira, 15 de junho de 2016

Grandes vultos: Visconde de Mauá - Parte - 01.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
IRINEU EVANGELISTA DE SOUZA (MAUÁ) - PARTE 01.
(1813-1889)
“Cumpre estar prevenido contra certas ideias apregoadas com dogmática severidade por parte de doutrinários inflexíveis, as quais nem sempre são aplicáveis a países onde as causas que determinam certos fenômenos são diversas...”
Irineu Evangelista de Souza, barão e depois visconde de Mauá, foi sem dúvida alguma, a maior figura no campo econômico que tivemos no Segundo Império, o mais audaz empreendedor do seu tempo e o iniciador da industrialização entre nós. Seu nome, por isso, projetou-se largamente na época, chegando aos nossos dias coberto de glória, embora sua personalidade seja por vezes controvertida. Mas isso é próprio das fortes personalidades humanas, que realizaram algo de imorredouro.
Sua existência, como a de todo grande homem, é fascinante, rica de sinuosidades, compondo-se das mais variadas facetas, todas elas plenas de ensinamentos. Se encontramos nela momentos de glória e esplendor, há também episódios amargos, comoventes mesmo, que só um espírito forte seria capaz de suportar, sem cair no desespero. E no meio disso tudo, um esforço hercúleo, uma vontade inquebrantável de atingir os objetivos visados. É a vida dos predestinados que nos servem de exemplo. Temos assim, em primeiro lugar o lado humano, ou seja, a trajetória do homem neste mundo, que foi eivada de sacrifícios e caracterizada por uma nobilitante força de vontade singular. Tendo nascido nos confins do país, em Arroio Grande, Município de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, ficou órfão de pai aos cinco anos, o que o obrigou a ganhar o seu próprio sustento desde os verdes anos. Tendo aprendido a ler com a mãe, evidenciando desde cedo inteligência invulgar, menino ainda, aos nove anos é levado por um tio para o Rio de Janeiro, onde se emprega no comércio, pois não tem qualquer recurso para estudar. Do minguado salário que percebe nesse modesto emprego ainda tira uma pequena parte para enviar à mãe pobre, que ficara distante.
Desembarca na Corte, trazido por um navio a vela, em 1822, o ano da nossa Independência. Sua escola, por isso, foi o rude balcão sobre o qual dormia as poucas horas que lhe sobravam à noite, depois de ler sequiosamente livros e mais livros à luz morta do lampião de azeite, guardando os livros na gaveta do mesmo balcão. Demonstrando sisudez precoce e desejando ardentemente vencer, procurava por todos os meios instruir-se e ganhar simpatias. Um dos fregueses da casa, notando naquele menino vivo e sério, incontido anseio de saber, dá-lhe lições à noite, a portas fechadas, escondido do patrão, proporcionando-lhe com isso mais instrução e conhecimentos práticos, ensinando-lhe Contabilidade, Francês e outras matérias.
Transferindo-se a seguir, para outra casa de comércio, onde consegue desde logo impor-se, conquista a confiança do chefe, a ponto de entregar-lhe a chave do cofre. O dono desta casa comercial, João Rodrigues Pereira de Almeida, não foi porém feliz nos negócios, tendo de liquidá-lo contra a sua vontade, para satisfazer os credores. Entre estes encontrava-se Ricardo Carruthers e Cia., a quem o rapazinho Irineu é apresentado e com quem vai trabalhar daí por diante. Tinha então dezesseis anos, no entanto, sua superioridade sobre os demais caixeiros já era notória. Aprende inglês rapidamente, praticando-o nas transações cotidianas que realizava, adquirindo dessa forma o manejo da língua inglesa em forma exemplar. Isso ajuda-o a subir e ganhar a simpatia dos patrões. Com sete anos de atividade constante e dedicada, torna-se sócio da firma, contando apenas vinte e três anos.
Estava vencida assim a primeira etapa, a mais difícil, a que tivera de criar do nada, sem parentes nem instrução prévia para auxiliá-lo. Em sua famosa Expedição aos Credores, considerada com razão como sua própria autobiografia, recordará mais tarde: “Um dos melhores tipos da humanidade, representado em um comerciante inglês, que se distinguia pela inteira probidade da velha escola da moralidade positiva, depois de provas suficientes de minha parte em seu serviço, escolheu-me para sócio-gerente da sua casa, quando era ainda imberbe, pondo-me assim tão cedo, na carreira comercial em atitude de poder desenvolver os elementos que por ventura se aninhavam em meu espírito”.
Continua...
Heitor Ferreira Lima
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3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Nunca lhe tinha sequer ouvido o nome. Obrigado pela partilha.
Um abraço

CÉU disse...

Olá, Rosemildo...

Estive pesquisando, alg. coisa, sobre esta ímpar e controversa figura e fiquei deveras agradada. É com sacrifício e mta determinação, que subimos, honestamente, na vida e Mauá, não foi exceção.

Visconde de Mauá, nascido bem no sul de seu país, bem longe das cidades mais intervenientes e influentes, e apesar de ter ficado órfão de pai, mto pequeno, soube, honestamente construir carreira, se salientar, sendo a economia, sua paixão.

Beijos e boa semana.

Nota - estarei ausente pra férias a partir do próximo fim de semana e até inícios de agosto. Estarei, tb, afastada da net.

CÉU disse...

Olá, Rosemildo...

Já estive pesquisando, alg. coisa, sobre o visconde de Mauá e tantos dados, eu encontrei.

Controverso, inteligente, rígido, sempre que necessário, determinado, de vida nada fácil, visto k ficou órfão de pai, bem pequeno, mas sempre soube se virar com honradez, atingindo seus objetivos, de forma brilhante e ao k parece o seu negócio era a Economia.

Beijos para todos vocês, com carinho.

PS - Rosemildo, entrarei de férias, nesse próximo fim de semana e só devo regressas nos princípios de agosto. estarei ausente da

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