quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Literatura Brasileira - Parte 23.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 23
 
Ao misticismo, à consciência religiosa de Alphonsus Guimaraens que, em Pastoral aos crentes do amor e da morte, atingem uma forma de ser santidade, junta-se de Mário Pederneiras a valorização do cotidiano, das coisas simples.
 
Gonzaga Duque
No princípio do século XX, quando – ainda – atuantes, caminhando lado a lado parnasianos e simbolistas; quando Alberto de Oliveira, parnasiano, e Augusto dos Anjos, simbolista, autor do “Eu e outras Poesias”, lançam livros no mesmo ano – 1912 – a par da prosa simbolista, iniciada por Cruz e Sousa em Missal (1893), e que teve um seguidor admirável em Gonzaga Duque, autor do romance Mocidade Morta – surgem romancistas da expressão de Graça Aranha, cujo Canaã (1902) tematiza, numa linguagem plástica, musical, artisticamente trabalhada, o caldeamento de correntes migratórias (latina e germânica) na terra que o romancista julgava promissora. De um lado, romancista como Lima Barreto, da linha machadiana, mestre em retratar a vida dos subúrbios do Rio de Janeiro, como se lhe vê no Triste fim de Policarpo Quaresma; Coelho Neto, fecundo, escritor de inúmeros recursos léxicos, a espelhar em A Conquista, a boêmia literária do seu tempo. Do outro lado, os contistas e romancistas do regional, como Valdomiro Silveira de Os Caboclos, Afonso Arinos de Melo Franco de Pelo Sertão, João Simões Lopes Neto de Contos Gauchescos, Afrânio Peixoto de Maria Bonita (fixação do ambiente baiano), Monteiro Lobato de Urupês e Cidades Mortas. São contistas e romancistas que apresentam suas personagens com o vocabulário típico e a vida regional que vivem. Desses, Lobato deve ser considerado o mais importante: seus contos escritos com extraordinário domínio das situações cômicas e, a par, numa linguagem rica de colorido e movimento – e em certo sentido, são modeladores. Lobato possuía a arte de narrar, de contar histórias: daí nossa literatura infantil tê-lo como seu autor mais representativo... Finalmente, em outo setor, o filosófico, Farias Brito, discípulo de Bergson e autor de dois livros austeros para a história do pensamento puro, no Brasil: Mundo Interior e Base Física do Espírito – passa a ser considerado, entre nós, pela sistematização de suas ideias espiritualistas contra o Materialismo, um filósofo por excelência, aquele que, trabalhando em prol do conhecimento, faz com que toda ideia valha como um ato criador.

Finda a primeira Grande Guerra (1914-1918), novas ideias, visando a solução de problemas psicológicos e de fenômenos sociais, atingiram o setor da Literatura e, aqui, no Brasil, sua repercussão foi imensa. O romance da década de 30, por exemplo, que se bifurcou em dois aspectos: o social e o de vida interior, recebeu fortes influencias do Marxismo e do Bergsonismo, então em voga na Europa. De 1933 é o Cacau, de Jorge Amado, início de uma série de romances que formarão um ciclo, o chamado “ciclo do cacau”, em que a exploração do trabalhador, simbolizando a luta de classes, exemplifica um processo desumano da realidade social, debatido por Marx; de 1936 é o Amanuense Belmiro, de Ciro dos Anjos, cuja personagem central se faz reger pela memória e, através desta,reconstrói seres, coisas e acontecimentos.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Muito interessante. Li vários livros do Jorge Amado, mas não conhecia este. Cacau.
Obrigado por esta partilha que sempre me enriquece.
Um abraço

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Obrigada por nos compartilhar tantos ensinamentos Rosemildo!
Bjs e um ótimo dia.
Carmen Lúcia.

CÉU disse...

Olá, Rosemildo!

Já aqui falámos do conceito de Parnasianismo e Simbolismo, tal como de seus apoiantes e seguidores.

Mais uma vez, esse post está mega completo e nada tenho a acrescentar ao volume 7 dos "Forjadores do Mundo Moderno".

Após a 1ª guerra Mundial, várias alterações se verificaram na sociedade, nas artes e na cultura, como todos sabemos.

Beijos e boa semana.

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