quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Literatura Brasileira - Parte - 22.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 22
 
Anteriormente a 1891, data em que Mallarmé colocou em termos inteligíveis a compreensão de símbolo, em 1886 – René Ghil, no seu Traité du Verbe, exaltando o instrumentismo, impõe ao poema a feição musical que também Verlaine defendeu em sua Art Poétique com o célebre verso: “De la musique avant toute chose”.
 
Cruz e Sousa
No simbolismo francês, todavia, o símbolo, que se pode identificar no mistério e à essência da própria poesia, toma caráter hermético e denso em Rimabaud, uma das mais importantes fontes da poesia moderna. Podemos esquematizar neste quadro os propósitos e os princípios do Simbolismo: 1) gosto do vago ou do nebuloso; 2) visão pessimista da existência; 3) sugestão de estado de alma; 4) passividade aos apelos do inconsciente; 5) transmutação dos quadros da natureza, das ações humanas e de todos os fenômenos concretos em aparências sensíveis; 6) o emprego de sinestesias (sobreposição de sensações); 7) formação de misteriosas correspondências (como as desejava Baudelaire); 8) valorização das analogias entre os seres e as coisas; 9) criação de inovações expressivas ou formais tendentes à libertação dos ritmos e à fluência musical do poema: 10) valorização do cromatismo (Rimbaud chegou a criar cores para os vogais); 11) contraposição à inteligibilidade parnasiana e ao sentimento romântico, de natureza biográfica ou confessional, pela sucessão de estados de alma apenas sugeridos; 12) contraposição a toda descrição objetiva, à maneira parnasiana; 13) todo poeta deve ter a consciência artesanal do seu estilo. Nosso Simbolismo obedece a este plano histórico: a) filiação ao Simbolismo francês e ao português (em 1890, com Oaristos, Eugênio de Castro introduz o Simbolismo em Portugal); b) início: década de 80. Nas Cancões da Decadência (1877), de Medeiros e Albuquerque, encontram-se nítidos indícios da nova estética; c) está em Broquéis (poesia) e em Missal (poemas em prosa), ambos os livros de 1893 e de autoria de Cruz e Sousa, a introdução definitiva do Simbolismo no Brasil.
 
O negro catarinense Cruz e Sousa, o mineiro Alphonsus de Guimaraens, o paranaense Emiliano Perneta e o guanabarino Mário Pederneiras se distinguiram entre os demais componentes da Escola; Eduardo Guimaraens, Virgílio Várzea, Severiano de Resende, Auta de Sousa, Alceu Wamosy.
 
A consciência artística foi, neles, a própria profissão de fé: em Cruz e Sousa, a angústia do homem e a música dos versos estão admiravelmente fundidos e harmonizados. O tédio de vida, a revolta do homem que não desconhece o próprio valor, mas vê-se preterido na hierarquia social, porque é humilde e porque é negro, converteram-se em poesia, transferiram-se para o verso musical, cromático,espiritualizado em toda a sua extensão e em toda a sua compreensão.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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3 comentários:

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Sempre nos ensinando um pouco mais Rosemildo!
Adorei ler.
Bjs e obrigada pela visita.
Carmen Lúcia.

Silenciosamente ouvindo... disse...

É sempre uma lição de história cada post seu.
Leio sempre com muita atenção.
Obrigada, pela partilha.
Desejo que se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves

CÉU disse...

Olá, Rosemildo!

Continuamos a falar do simbolismo, dando destaque inicial ao francês, mas o teu post está tão completo e elucidativo, que, e apesar das leituras que fiz sobre esse assunto, nada mais tenho a acrescentar.
Perfeito! nota 10!

Dias felizes.

Beijos e um sincero abraço.

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