quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 16.

  


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 16

Gonçalves Dias
Finalmente, no estudo do nosso Romantismo, não podemos desprezar alguns aspectos estruturais, documentais e institucionais: 1) a distinção que se deve fazer entre indigenismo e indianismo: no indigenismo, o índio é uma figura histórica. Exemplifica-se no Uraguai, de Basílio da Gama. No indianismo, o índio é uma figura mítica. Exemplifica-se com o Y-Juca Pirama, de Gonçalves Dias; 2) para a história documental do nosso Romantismo, temos de citar a revista Niterói, fundada em 1836, de dois números apenas, no primeiro dos quais Gonçalves de Magalhães publicou o Ensaio sobre a história da literatura brasileira, considerado para muitos o 1º manifesto romântico, entre nós; 3) ainda em se tratando de indianismo: a necessidade de ler-se a obra de Alencar – Cartas sobre a Confederação dos Tamoios – em que o romancista, criticando a Confederação dos Tamoios (1856), poesia épica de Gonçalves de Magalhães, “traça o plano de uma verdadeira epopeia brasileira”; 4) o papel de pensador de Tobias Barreto: com seus Estudos Alemães, trouxe à Literatura Brasileira uma feição crítica, de natureza filosófica. Kant, Hartmann, Schopenhauer, Haeckel foram estudados por ele. A Escola de Recife, fundada por Tobias Barreto, divulgou, na época, o Positivo e o Transformismo. Os primeiros republicanos, como Benjamin Constant, permanece, apenas em feição cronológica, próximo aos últimos romancistas românticos. Assim mesmo, é uma figura de transição entre o Romantismo e o binômio Realismo-Naturalismo.

No Brasil, é nas últimas décadas do século XIX que podemos estabelecer este binômio! Não é possível, todavia, falarmos dele sem a compreensão particular de cada uma de suas faces. O Realismo, como estética, origina-se na França, no romance de Gustave Flaubert – Madame Bovary (1857). Vinte anos depois, em 1877, o aparecimento de L'Assomoir, de Emile Zola, lança o Naturalismo. O Realismo filia-se ao romance de Stendhal e de Balzac, que lhe são precursores, e cuja característica primordial está na análise psicológica das personagens. Cronologicamente, o Naturalismo é posterior ao Realismo, mas os pontos de contato entre ambos são, sempre, como se deu no Brasil, um se dissocia do outro. 

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.


Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 15.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
 LERATURA BRASILEIRA – PARTE 15

 
Martins Pena também deve ser distinguido. Verdadeiramente, não se pode dizer que houve teatro brasileiro nos séculos XVI, XVII e XVIII. Os autos religiosos de Anchieta, como A Pregação Universal, de finalidade catequista, pertencem a um autor que se antecipa, historicamente, à formação de nossa nacionalidade. O mesmo se dá no século XVIII, com Antônio José da Silva, o Judeu, cujo teatro, apesar de seu autor ser brasileiro, pertence muito mais a Portugal, onde escreveu toda a sua obra, do que no Brasil. Esse mesmo teatrólogo dá seu nome à primeira manifestação do teatro romântico entre nós: a tragédia Antônio José, de Gonçalves de Magalhães, foi representada, pela primeira vez, em maio de 1838, no Teatro da Constituição, pela Companhia João Caetano. Não é, contudo, essa tragédia que importa a Literatura Brasileira, pois, em outubro desse mesmo ano (1838), a mesma Companhia, no mesmo teatro, leva à cena a comédia O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena, na qual o assunto, o ambiente social são nossos. Luís Carlos Martins Pena foi, pela brasilidade, pelo espírito de observação, pela alta capacidade de atingir o ridículo humano, o teatrólogo mais importante do romantismo. França Júnior, em importância, vem em segundo lugar: não lhe falta senso de análise, como sentimos quando lhe conhecemos os tipos burgueses que se movimentam em As Doutoras. Gonçalves Dias, Alencar e Manuel de Macedo escreveram teatro, mas o poeta que houve em Gonçalves Dias e o romancista existente em Alencar e Macedo, faces naturais dos seus talentos, fizeram-nos menores em relação a Martins Pena e França Júnior...    
 
No setor da História, Francisco Adolfo Varnhagen merece a referência de ter criado um sentido científico para a nossa história, antes apenas cronológica, sem aparato crítico, ausente de fontes e de investigações. Veja-se lhe, para confirmação, a História Geral do Brasil.
 
Na oratória sacra, não se pode subestimar a presença de Frei Francisco de Mont'Alvern, cujas Obras Oratórias revelam um autor que fazia da palavra , eloquente e polêmica. Um instrumento de sincero patriotismo e de moralidade social...
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.   
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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 14.



Foto: A Iracema de José de Alencar, em pintura de José Maria Medeiros

  
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 14
  
Quais os Romantismos que podem mostrar-nos um poeta como o fluminense Nicolau Fagundes Varela, em quem a consciência religiosa era uma forma de ser? Podemos esquecer José de Alencar, o mais visual dos nossos românticos, de capacidade descritiva tão intensa quanto a de Chateaubriand para a Literatura francesa! Nossa natureza, tão irregular nos seus aspectos: de serena à exótica, de paradisíaca à revulsiva – encontrou nele o artista épico, aquele que soube ver melhor do que os outros, porque era grande seu horizonte visual e não menor sua imaginação. Iracema, misto de poema em prosa e romance, tanto quanto um documento histórico: mostra um aspecto da formação de nossa raça, quando o conquistador branco, Martim Soares Moreno, se une, perdido de amores, a Iracema. O filho de ambos – Moacir – é o brasileirinho que desponta para a grande aventura da raça... O Guarani, na pessoa de D. Antonio de Mariz, em Ceci e em Peri, retrata o início de nossa civilização, quando a História, na sua dialética e no seu determinismo, procurava harmonizar a raça conquistadora (Ceci) com a conquistada (Peri).

A prosa romântica teve em Alencar o seu aspecto mais reativo: anticlássica e antilusitana, porque rompeu com certos giros e matizes da sintaxe tradicional portuguesa – (colocação auditiva e rítmica dos pronomes átonos, emprego do gerúndio, nas conjugações perifrásticas, em substituição ao infinitivo proposicionado) – criando não uma língua brasileira, mas uma nova fase do idioma mais liberta do predomínio das correntes eruditas e dos convencionalismos linguísticos gerados pelo tempo e pelas escolas literárias.

O outro aspecto dessa mesma prosa representam-no os demais romancistas, como Bernardo Guimarães, Taunay, Joaquim Manuel de Macedo, Franklin Távora, Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis (em sua fase de transição); os teatrólogos, como Martins Pena; os historiadores como Francisco Adolfo de Varnhagen; os críticos como Pereira da Silva e Joaquim Norberto de Sousa e Silva; os jornalistas como João Francisco Lisboa e Tavares Bastos; os oradores, principalmente os sacros, como Frei Francisco de Mont'Alverne. De cada um deles poderíamos dizer algo: se Alencar representa o romance indianista – Bernardo Guimarães, com A Escrava Isaura, Franklin Távora, com O Cabeleira, Taunay, com Inocência – distinguem-se no romance de características regionais, enquanto Joaquim Manuel de Macedo, com A Moreninha, e Manuel Antônio de Almeida, com Memórias de um Sargento de Melícias, ilustram o romance de tendências urbanas. Dentre esses romancistas, convém salientar Manuel Antônio de Almeida: precursor do realismo brasileiro pelo seu espírito de análise e de observação, a época que retratou (o Rio de 1810) está integral em seu livro, no qual o romancista movimenta tipos sociais e figuras históricas, com os quais soube reconstituir a humanidade do 1º reinado brasileiro.

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.


Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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