quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 09.

 



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 09
 
Vamo-nos despedindo do século XVIII. O melhor do Neoclassicismo ou Arcadismo brasileiro, desde o seu início com as Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa, foi escrito na segunda metade desse século. Nela, surgem figuras como a de Matias Aires Ramos da Silva D'Eça, autor das Reflexões sobre a vaidade dos homens; de sua irma Teresa Margarida da Silva e Orta, autora de Aventuras de Diófanes – um e outra que, embora tivessem sido educados em Portugal, e lá tivessem passado a vida, são brasileiros, e legaram à nossa literatura dois livros: o primeiro, de natureza ensaística, em que o pensador se confunde com o moralista genuíno; o segundo, escrito por u'a mulher, e que pode ser considerado, como tão bem acentuou Rui Bloem, o nosso primeiro romance.
 
O século ainda assiste à publicação do Dicionário da Língua Portuguesa (1789), de Antônio de Morais e Silva, “perfeito espelho evolutivo da língua no século XVIII” (Leite de Vasconcelos), e no final, estendendo-se aos primeiros anos do XIX, com o prolongamento da influência arcádica, ao aparecimento das obras do Pe. Antônio Pereira de Sousa Caldas, de Frei Francisco de São Carlos, de José Elói Otôni, de José Bonifácio de Andrada e Silva, o último dos quais, com o pseudônimo de Américo Elísio, escreveu sentidas poesias de cunho patriótico.
 
Pe. Domingos Caldas Barbosa
Não nos esqueçamos, também, de que o Pe. Domingos Caldas Barbosa, mestiço, poeta repentista, com sua Viola de Lereno, dando a nota folclórica e popular ao século, se constituiu um precursor de nossa poesia regionalista.
 
Em síntese, o século XVIII foi isto: a) do prisma ideativo: 1) criou nos seres uma preocupação do saber: o espírito de investigação, fundamentado na atividade e no progresso científico, cuja máxima expressão é o movimento enciclopédico entre 1715 e 1789, com Diderot, d'Alembert, Rousseau, Voltaire, Montesquieu – valorizou o experimentalismo, trouxe renovação aos espíritos, uma consciência histórica do papel do homem contra o despotismo (Revolução Americana, 1776, e Revolução Francesa, 1789); 2) o academismo, ou melhor: o aparecimento das academias, como a dos Seletos, fundada no Rio, em 1751; a dos Renascidos, na Bahia, em 1759 – não só procuravam restaurar o gosto clássico, reagindo contra o Gongorismo, mas também tinham preocupações científicas, filosóficas, morais – o que dava ensejo a uma atividade oratória de natureza prática.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Setenta e três aninhos.


SETENTA E TRÊS ANINHOS

Hoje eu tive um despertar bem diferente,
Olhei o jardim e vi flores maravilhosas.
Lá fora os pássaros, de forma envolvente,
Externavam sons, com vozes melodiosas.

No horizonte, muito lindamente o sol nascia,
Seus raios, lentamente, pela janela entravam.
A suave brisa, também, o meu quarto invadia,
E a chegada da primavera, logo anunciavam.

Há setenta e três anos, minha mãe chorou,
De alegria, satisfeita, que bela passagem.
Quando a primavera, aqui, neste dia chegou,
E me trouxe de carona, na sua bagagem.

Obrigado meu DEUS, pela bênção e proteção,
Obrigado meu PAI, por não ser uma quimera.
Obrigado por está vivendo a alegria, a emoção,
De hoje, poder comemorar mais esta primavera.

R.S. Furtado

“MEUS QUERIDOS AMIGOS!”

Hoje, 23 de setembro, eu e meus dois filhos, agradecemos ao nosso PAI todo poderoso, pela graça de estarmos comemorando mais uma primavera. Eu, particularmente, estou completando 73 aninhos, enquanto que Rosemildo Filho e Rosenildo, estão completando 45 e 39 respectivamente. Daí, resolvi partilhar com eles esta modesta comemoração.

“QUE DEUS SEJA LOUVADO”

Rosemildo Sales Furtado

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 08.





HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 08 

No Uraguai, publicado em 1768, os cinco cantos em decassílabos soltos constitui exemplar típico de poema heróico. Se o Caramuru não pode ombrear-se em valor com o Uraguai, consoante haver-se acomodado às normas rígidas da disciplina renascentista, como as referentes à oitava camoniana em que foi escrito; enquanto o poema de Basílio da Gama nos mostra, em vários aspectos, lances de autonomia no tratamento do tema e, paralelamente, propósitos de liberdade expressiva – o Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa, tematizando o heroísmo bandeirante no descobrimento das minas, vale, apenas, como a visão nativista de um poeta, em que o livro é incomparavelmente maior do que o épico! 
 
Cláudio Manuel da Costa
Se, pois, no setor épico, é Basílio da Gama quem mais se distancia dos seus co-irmãos portugueses, no setor lírico toma vulto Tomás Antônio Gonzaga. O autor de Marília de Dirceu soube atingir, em sua arte, o ideal da nobre simplicidade. Dos seus companheiros de Grupo: Cláudio Manuel da Costa, da grande linha do soneto camoniano, e que, por isso mesmo, prolonga no século XVIII, aqui, no Brasil, a cultura literária portuguesa de Setecentos; Silva Alvarenga, autor de Glaura, de tão admiráveis rondós e madrigais e, por fim, Alvarenga Peixoto – foi Tomás Antônio Gonzaga o que melhor soube dar a nota de distinção e autonomia artística. Se a Literatura Portuguesa se orgulha do Hissope, de Cruz e Silva, tendo-o na conta de sua obra arcádica mais perfeita, orgulha-se nossa literatura de Marília de Dirceu, em cujas liras os seres e a paisagem se idealizam como um verdadeiro estado de poesia. Obra de arte, Marília de Dirceu satisfaz a todos os princípios estéticos codificados por Aristóteles, Boileau, Pope, Francisco José Freire – alusivos à clareza intelectiva e formal – e que nortearam as teorias críticas do século. A natureza espiritualizada é uma forma de ser desse livro em que o gênero bucólico se entremostra com todas as suas virtualidades. “O mais belo livro de amor da Língua Portuguesa”, como lhe chamou Garrett – Marília de Dirceu, pelo seu lirismo sincero e suavidade de ritmos, se legitima por ser precursor de Romantismo brasileiro. Em Tomás Antônio Gonzaga, ainda, como se processou com Bocage, em Portugal, e com o nosso Gregório de Matos – confluíam duas faces: a do lírico e a do satírico, e assim é que as Cartas Chilenas (13 cartas que circularam manuscritas por volta de 1788, nas quais o poeta Critilo (Gonzaga), cidadão do Chile, narra a Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), residente em Madri, o que acontece com o Fanfarrão Minésio, governador do Chile, e que não era senão Luís da Cunha Menezes, governador de Minas Gerais) – as Cartas Chilenas, de tão discutida autoria, e que, hoje, pelos trabalhos de Afonso Arinos de Melo Franco e Afonso Pena, se devem atribuir a Gonzaga, impressionam pela contundência, verismo, são, de fato, o documento de uma época, em que o processo administrativo, os costumes e as personagens ficam à merce do senso do ridículo, da viscômica de um escritor cujo espírito satírico sabia ver e sabia denunciar. 
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 
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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 07.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 07

 
...Política e socialmente, espelha acontecimentos nos quais se radicam as grandes linhas de nossa história e de nossa cultura: a) se, no século XVII, se registrou o início da constituição da família brasileira e, a par, o caldeamento das raças que compõem nossa etnia – o século XVIII estrutura a afirmação do homem na terra brasileira: como que se cria uma vontade nacional, a que se subordinam as diversas penetrações no sertão, a epopeia bandeirante, o ciclo da mineração e, acima de todos esses fatos, as reações nativistas de um sentimento libertário e antidespótico que explodirá na Conjuração Mineira: b) as penetrações no sertão ensejaram a criação das Capitanias, importantes como a de Minas (1720), para onde se desloca o centro da civilização brasileira, na mesma civilização em que, estabelecido o ciclo da mineração, o negro das lavras e da cultura do café se incorpora definitivamente, e se torna elemento ascendente em nossa etnia.
Tomás Antônio Gonzaga
No setor literário, o século
XVIII reproduz, aqui, o coeficiente cultural da Europa setecentista. O Neoclassicismo ou Arcadismo, estética desse tempo, aqui como lá se fundamentou nos mesmos postulados e princípios, nos mesmos objetivos artísticos. Talvez Basílio da Gama e Tomás Antônio Gonzaga, o primeiro árcade épico e o segundo árcade lírico, se tenham distinguido dos seus co-irmãos europeus (principalmente os co-irmãos portugueses), nisso de, em muitos aspectos, lhes terem fugido não só às influências, mas também às ressonâncias temáticas e formais. Basílio da Gama, no Uraguai, reabilitou o verso branco, “mais adequado para receber a herança da métrica clássica quantitativa”, deu-lhe características de verso narrativo, e assim é que, comparando-se o Uraguai ao Caramuru (1781), de Santa Rita Durão, se observa quanto, do prisma criador, artístico e artesanal, o poema de Basílio da Gama é superior! Acrescente-se, ainda, que, no indianismo de ambos, o de Basílio é menos convencional, mais problemático, mais realístico: enquanto o Caramuru se fixa, lendariamente, num acontecimento da vida de Diogo Álvares Correia, o Uraguai gira em torno de um fato real: o aldeamento – “Sete povos das Missões – aldeamento de 30.000 índios, que, de acordo com o Tratado de Madri, de 1750, deveria passar ao domínio de Portugal. Recusando-se os índios a obedecer, tropas portuguesas e espanholas impuseram-lhes rendição...

 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.

 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 06.



 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 06
 
Jogos de palavras e de imagens; jogos de conceitos – uns e outros constituintes de uma arte em que a raridade vocabular ou léxica se casa à complexidade sintática; em que a sucessão de conceitos gera, ao mesmo tempo, uma sucessão de ideias abstratas – uns e outro resultando, finalmente, numa soma de elementos formais e de elementos essenciais ou significativos, equacionados no binômio: Cultismo-Conceptismo.
 
Gregório de Matos
Certas vezes, esses jogos de palavras e de conceitos, esse acúmulo de metáforas, imagens e hipérboles, essa preocupação pela raridade vocabular e sentenciosa tomam tal configuração, que o estilo se torna tenso, obscuro ou hermético; outras vezes, esse mesmo estilo, a que chamam gongórico ou barroco, chega a tais sutilezas, que temos a impressão de estar diante de um postulado logístico do aristotelismo, à maneira deste excerto de Gregório de Matos:

O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas, se a parte faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo”.
 
Quando no século XVIII, o Neoclassicismo ou Arcadismo sobreveio, a ruptura entre esta nova estética e o Barroquismo não foi imediata. Nas primeiras décadas do século, ainda se empregava as complexidades léxicas, os ornatos estilísticos, as inversões sintáticas do tipo do hipérbato – enfim, os jogos verbais, como os trocadilhos, tão do agrado dos cultistas ou escritores barrocos. Basta que leiamos A História da América Portuguesa, de Sebastião da Rocha Pita; o Eustáquidos, poema sobre a vida de Sto. Eustáquio, de autoria de Frei Manuel de Santa Maria Itaparica; o Compêndio Narrativo do Peregrino da América, narrativa moralizante de Nuno Marques Pereira; o Novo Orbe Seráfico Brasílico, de Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão – para que tenhamos viva ou atuante a presença do Barroco em escritores das primeiras décadas do século XVIII. Que características apresenta o século XVIII no Brasil?
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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