quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Literatura Brasileira - Parte 03.

      


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 03.
 
Bento Teixeira Pinto é, literalmente, o único em que repercutiu o Humanismo português. Sua Prosopopeia, publicada em 1601, procura seguir à risca os cânones da poesia renascentista, na qual Camoês, lhe serve de modelo. Se a estrutura desse poema épico se molda no processo rítmico e rimático de Os Lusíadas, seus propósitos ideativos também não se voltam para nós: a Prosopopeia, poema constituído por 94 oitavas em decassílabos, exalta os dois irmãos Albuquerque, Jorge e Duarte, o primeiro dos quais governador de Pernambuco, ambos guerreiros impávidos na batalha de Alcácer-Quibir, que Bento Teixeira descreve. Na Prosopopeia, há uma descrição do porto de Recife e a explicação etimológica da palavra Pernambuco – mas isso é um quase nada para que consideremos a Bento Teixeira nosso autor, no sentido do espírito nacional em perspectiva.
 
Antes de entrarmos no século XVII, é necessário frisarmos que, embora a era colonial brasileira correspondesse à era clássica da Literatura Portuguesa (cronologicamente: séculos XVI – XVII – XVIII) – a repercussão renascentista, no primeiro século da Colonia, foi nula: a não serem Anchieta e Bento Teixeira, o primeiro a reproduzir normas estéticas tradicionais, de natureza medieval, e o segundo a admitir a mesma concepção de vida heroica da época portuguesa quinhentista – os demais, cronistas e jesuítas (por excelência: cronistas e jesuítas portugueses) – se circunscrevem a organizar uma literatura informativa sobre a terra, à maneira dos cronistas e missionários que acompanhavam os reis portugueses às campanhas do Oriente – uns e outros que, com seus roteiros, relatos e descrições, formam o verdadeiro ciclo de uma literatura de expansão.

A nosso ver, pertence ao século XVII aquele que reputamos o autêntico iniciador de nossa literatura: Gregório de Matos Guerra, em cuja obra poética se acham as várias direções de uma resistência ao luso, as inúmeras visões de um observador lúcido e intolerante em relação ao meio, à sua gente, aos costumes, às próprias instituições do tempo. A Bahia seiscentista está de corpo inteiro na obra satírica de Gregório de Matos! Nesse poeta, a intuição do ridículo não perdia sequer um lance do que se passava em derredor: as normas convencionais da fidalguia, pretensão ostensiva do reinol, o pernosticismo do mestiço – tudo envolto em intrigas e escândalos que tematizam a arte do poeta, e o tornam um dos mais agudos e impenitentes satíricos de nossa literatura, ou melhor: da literatura em língua portuguesa. No ver de Afrânio Peixoto, a obra de Gregório “deporá sempre de si próprio e da sociedade colonial que retratou, documento humano, autorretrato de um povo em formação”.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

Visite também: 
Clicando aqui:

5 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Muito interessante. E educativo, já que tenho aprendido bastante com as suas postagens.
Um abraço

CÉU disse...

Bom dia, Rosemildo!

Tenho de confessar que de Literatura Brasileira, da sua história, nada sei, a não ser a proveniente da ligação e interação que tivemos, devido ao Brasil ser colónia de Portugal, e para aí se terem deslocado várias figuras importantes das Letras, do clero ou não.
Nunca ouvi falar de Bento Pinto, mas, logo k me seja possível, pesquisarei.
Agradeço teu contributo.

Um dia bem feliz.

Beijos e abraços para todos vocês.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Muito interessante e fiquei a conhecer um pouco melhor a literatura brasileira.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Zilani Célia disse...

OI ROSEMILDO!
LITERATURA É ALGO FASCINANTE E SAÍMOS DAQUI SEMPRE, MAIS INFORMADOS.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Postagens sempre enriquecedoras! Não conhecia o autor, obrigada por compartilhar, Furtado. Desejo-lhe uma semana bem produtiva e feliz.
Beijo,
da Lúcia

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...