quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Literatura Brasileira - Parte 05.

      


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 05
 
A Música do Parnaso, de Manuel Botelho de Oliveira, também baiano, desperta-nos duplo interesse: a) quanto ao aspecto gongórico de seus versos; b) quanto ao seu nativismo, que chega à exaltação (exaltação dos nossos peixes, frutas, legumes, águas e ares) – como se verifica na silva, de sua autoria, À Ilha da Maré.
 
Manuel Botelho de Oliveira
A Música do Parnaso nos sugere uma incursão pelo Gongorismo, norma literária vigente no século XVII. O Gongorismo é a face literária do Barroco. Daí a razão de este último termo gozar de uma conceituação mais extensa, passando a quase todas as formas superiores da Arte: arquitetura, música, etc. Etimologicamente, barroco filia-se ao espanhol barrueco, denominação de uma pérola de superfície irregular. Pela lei da extensão semântica, essa irregularidade atingiu os domínios da Arte em geral, e tudo aquilo que, nos séculos posteriores ao XVI, século da ordem e da justa medida, exorbitou quer na essência, quer na forma, recebeu o nome de barroco.
 
Se agregarmos ao termo o sufixo ismo, de doutrina, teremos, mais disciplinarmente, o nome da estética. Assim, do prisma literário, e, se lhe quisermos dar privilégios de Escola, já que, por suas características formais e essenciais, o estilo barroco pertence a todos os tempos, o barroquismo, arte ou estética do período subsequente ao Renascimento, possui duas direções: barroquismo de forma e barroquismo de essência. Nuns autores, predomina uma das direções, como se dá com o Pe. Antônio Vieira em Portugal, muito mais barroco de essência do que de forma; em outros, como é exemplo o nosso Gregório de Matos em sua poesia lírica e em sua poesia de unção religiosa, as duas direções se harmonizam: a poesia de Gregório rebusca a perfeição formal nos moldes do vasto repositório do Gongorismo poético – os cinco volumes da coletânea denominada Fênix Renascida.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Literatura Brasileira - Parte - 04.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 04
 
Gregório de Matos, desse modo, foi um escritor necessário a esse século, o XVII, no qual o Brasil-Colônia, numa lenta estruturação social, assistiu a acontecimentos que o marcaram historicamente, como as invasões estrangeiras (francesa e holandesa), a fusão de povos para uma variação étnica, o desenvolvimento da lavoura e da criação de gado a par do florescimento da indústria e do comércio da cana-de-açúcar – um e outro tendentes à formação de uma aristocracia rural, a expressão territorial das bandeiras, a fixação dos costumes que o luxo e a ostentação muitas vezes exacerbavam, e que isso mesmo, eram denunciados e zurzidos pela sátira de Gregório...
Eusébio de Matos
A Bahia do tempo é sede do Governo Geral. Também centro literário, para onde convergem os jovens cujas famílias os mandaram a Coimbra estudar. No Colégio e no Seminário dos Jesuítas, formaram-se os grandes oradores sacros do tempo, como o padre Eusébio de Matos, autor de Ecce Homo e lídimo discípulo de Vieira. Ecce Homo é uma das mais perfeitas peças oratórias de nossa parenética.
 
Não é, contudo, apenas a obra poética de Gregório que valoriza, literariamente, o século XVII do Brasil-Colônia! Obras como o Diálogo das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão; a História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador; a Música do Parnaso, de Manuel Botelho de Oliveira – fazem, nessa época, da Bahia um legítimo núcleo de cultura.
 
A primeira dessas obras, conquanto escrita por um português, aqui aportado na função de coletor de impostos, o qual Rodolfo Garcia, diante de inúmeras controvérsias, especificou o verdadeiro autor, importa-nos pelas observações acerca da natureza brasileira (recursos vegetais, minerais e animais); de instituições e costumes do tempo, enfim: observações que promanam da dialogação entre Brandônio e Alviano, as duas personagens do livro. A História do Brasil, de Frei Vicente de Salvador, baiano, franciscano, forma, com a obra satírica de Gregório, uma documentação visual do tempo. Frei Vicente assistiu a primeira invasão holandesa no Brasil (Bahia). Sua obra transcorre de 1500 a 1627, início dessa invasão, e só foi publicada em 1888, o que quer dizer: permaneceu inédita até o século XIX.

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Literatura Brasileira - Parte 03.

      


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 03.
 
Bento Teixeira Pinto é, literalmente, o único em que repercutiu o Humanismo português. Sua Prosopopeia, publicada em 1601, procura seguir à risca os cânones da poesia renascentista, na qual Camoês, lhe serve de modelo. Se a estrutura desse poema épico se molda no processo rítmico e rimático de Os Lusíadas, seus propósitos ideativos também não se voltam para nós: a Prosopopeia, poema constituído por 94 oitavas em decassílabos, exalta os dois irmãos Albuquerque, Jorge e Duarte, o primeiro dos quais governador de Pernambuco, ambos guerreiros impávidos na batalha de Alcácer-Quibir, que Bento Teixeira descreve. Na Prosopopeia, há uma descrição do porto de Recife e a explicação etimológica da palavra Pernambuco – mas isso é um quase nada para que consideremos a Bento Teixeira nosso autor, no sentido do espírito nacional em perspectiva.
 
Antes de entrarmos no século XVII, é necessário frisarmos que, embora a era colonial brasileira correspondesse à era clássica da Literatura Portuguesa (cronologicamente: séculos XVI – XVII – XVIII) – a repercussão renascentista, no primeiro século da Colonia, foi nula: a não serem Anchieta e Bento Teixeira, o primeiro a reproduzir normas estéticas tradicionais, de natureza medieval, e o segundo a admitir a mesma concepção de vida heroica da época portuguesa quinhentista – os demais, cronistas e jesuítas (por excelência: cronistas e jesuítas portugueses) – se circunscrevem a organizar uma literatura informativa sobre a terra, à maneira dos cronistas e missionários que acompanhavam os reis portugueses às campanhas do Oriente – uns e outros que, com seus roteiros, relatos e descrições, formam o verdadeiro ciclo de uma literatura de expansão.

A nosso ver, pertence ao século XVII aquele que reputamos o autêntico iniciador de nossa literatura: Gregório de Matos Guerra, em cuja obra poética se acham as várias direções de uma resistência ao luso, as inúmeras visões de um observador lúcido e intolerante em relação ao meio, à sua gente, aos costumes, às próprias instituições do tempo. A Bahia seiscentista está de corpo inteiro na obra satírica de Gregório de Matos! Nesse poeta, a intuição do ridículo não perdia sequer um lance do que se passava em derredor: as normas convencionais da fidalguia, pretensão ostensiva do reinol, o pernosticismo do mestiço – tudo envolto em intrigas e escândalos que tematizam a arte do poeta, e o tornam um dos mais agudos e impenitentes satíricos de nossa literatura, ou melhor: da literatura em língua portuguesa. No ver de Afrânio Peixoto, a obra de Gregório “deporá sempre de si próprio e da sociedade colonial que retratou, documento humano, autorretrato de um povo em formação”.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Literatura Brasileira - Parte 02.

   



Colégio São Paulo de Piratininga
  
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 02
 
Se entrarmos no outro setor – o dos jesuítas – no qual predominam as figuras dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta – observaremos que o papel, desempenhado por eles, não somente se prende à formação espiritual da Colonia, mas também às lições do Humanismo europeu que procuraram difundir logo nos primeiros colégios fundados, como o da Bahia, em 1551, e o de S. Paulo de Piratininga, em 1554.

José de Anchieta, na série dos pretensos iniciadores da Literatura Brasileira, é, sem dúvida alguma, o representante daquele humanismo teocêntrico , de estrutura e significado medievais, que o seu teatro e as suas poesias tão bem expressam. O teatro anchietano, por exemplo, faz-nos compreender como as formas dramáticas tradicionais nele se desenvolveram – como, em Portugal, anteriormente, porém no mesmo século XVI, se havia dado com Gil Vicente: num sentido da maior humanização do homem, à medida que nele se enraizasse a concepção cristã da vida. Nesse particular, Anchieta prolonga até ao Brasil Colonia a Literatura Portuguesa, procurando adaptar ao novo ambiente um elemento de características sociais como o teatro. O que quer dizer: Anchieta incorporou ao processo espiritual do Brasil Colonia, processo evidentemente em formação, um valor tradicional, um modelo artístico que o gênio vicentino tornara em voga no Portugal quinhentista.
 
A chamada Literatura dos Jesuítas tem, em Anchieta, sua maior figura, quer pelas características do escritor que houve nele, quer pela atividade literária que soube, no Brasil Colonia do século XVI, realizar entre nós. Só historicamente, todavia, em consonância ao processo espiritual do Brasil Colonia, e pelo seu trabalho de taumaturgo e conquistador, podemos considerá-lo figura nossa!...
 
Se, contudo, vimos sob outro prisma, isto é, como escritor aqui chegado com uma língua literária feita, não poderemos admiti-lo como a figura iniciadora de nossa literatura, pois que a obra anchietana não é típica expressão de um povo, não corresponde, em nenhum momento, ao caráter genuíno deste.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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