quarta-feira, 22 de julho de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 29.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 29

José Maria Eça de Queiroz (1845-1900) foi o maior romancista português. Começou no jornalismo, na Gazeta de Portugal. Publicou seu primeiro livro em 1876: O Crime do Padre Amaro, provavelmente o seu mais conhecido romance.

Ao lado da sua linguagem clara e do seu estilo escorreito, o que mais se destaca na sua obra é a sua ironia, uma ironia deliciosa de que se tem belos exemplos no Conde d'Abranhos e, especialmente, na Relíquia. Sintam o sabor desta última. Um moço boêmio é enviado por uma tia carola e muito rica ao Oriente Médio em busca de relíquias cristãs, onde ele compra uma coroa de espinhos qualquer que pretende impingir à tia como a autêntica coroa de espinhos de Jesus. Acontece que há uma troca inadvertida de pacotes e ele leva para Portugal a camisa de dormir de uma inglesa que havia sido sua amante durante a viagem: uma camisa em que estavam bordadas as iniciais MM. Avisada da compra da coroa e da chegada do sobrinho, a tia reúne todos os altos dignatários civis e eclesiásticos para vê-la. O pacote é aberto e surge a mencionada camisola. O rapaz é expulso de casa e perde a herança ambicionada. Ele então se lamenta: “Que burro fui, poderia ter dito que se tratava da camisa de Maria Madalena, que aqueles imbecis todos acreditariam. 
 
Eça também foi um criador de tipos e um grande analista da sociedade portuguesa da época. Dos seus tipos, o mais popularmente conhecido é o Conselheiro Acácio, um personagem do Primo Basílio; das suas análises sociológicas (O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, Os Maias, A Capital), a melhor e a mais complexa é a tentada nos Maias, romance em que Eça faz uma radiografia dos meios aristocráticos do Portugal da época. Mas Eça também tem crônicas deliciosas, ainda atualíssimas hoje em dia: Cartas de Inglaterra. No Mandarim, Eça tenta uma análise brejeira do comportamento moral do homem ao levantar o problema de um pobre diabo que poderia herdar uma grande fortuna de um mandarim se estivesse disposto a matá-lo fazendo soar uma campainha. A situação é artificial, mas o livro é delicioso. O seu mais fraco trabalho, na nossa opinião, é A Cidade e as Serras, romance em que tenta um estudo do meio rural lusitano. Falso do começo ao fim, apesar de pretender ser uma análise sociológica séria e não uma simples travessura, como O Mandarim. Eça foi, sem a menor sombra de dúvida, o maior romancista português.
  
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

No próximo post iniciaremos o relato sobre a História da Literatura Brasileira.  
 
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5 comentários:

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Oi Rosemildo,parabéns por essa publicação maravilhosa.
Bjs-Carmen Lúcia.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Ora aqui está um dos meus autores de culto, quando li "Os Maias" não resisti e tive que ler quase toda a obra deste excelente autor.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

CÉU disse...

Olá, Rosemlido!

Esse seu post está completíssimo, e até a história da camisa de dormir da amante dele, consta cá, portanto pouco mais tenho a dizer.

Eça de Queiroz foi um dos maiores, senão mesmo, o maior romancista português, até agora.
Filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, cedo começou suas andanças por esse mundo. Se licenciou em Direito, exercendo, posteriormente a advocacia e se casou tarde, mas foi pai de quatro filhos.
Seus romances são de estilo realista e são tão pormenorizados e até atais k parece k o leitor participa neles.

"Os Maias" e a "Cidade e as Serras" são dois dos seus muitos romances, e talvez mesmo, os mais conhecidos.

Dia feliz e bom fim de semana.

Beijos e abraços para todos.

POESIAS SENSUAIS E CONTOS disse...

É fascinante conhecer a história, uma grande riqueza o conhecimento. Um maravilhoso e belo domingo. A segunda parte de SEGREDOS DE UMA DAMA

Maria Teresa Valente disse...

Olá Furtado, mais uma etapa do aprendizado, que muito lhe agradeço,
por nos brindar com a história da literatura, desde o seu começo.
Abraços carinhosos
Maria Teresa

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