quarta-feira, 24 de junho de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 25.

      


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 25
 
O Realismo. A burguesia começou a sua escalada para o poder público nos fins do século XVIII. Primeiramente na França, depois em outros países da Europa, mesmo conservando em muitos deles uma fachada aristocrática, com reis e nobres, como foi o caso de Portugal, por exemplo. Muita esperança foi depositada nas ascensão econômica e política da burguesia, que representava, na época, uma classe avançada e progressista em luta contra a aristocracia anquilosada e os resquícios do feudalismo. Mas a desilusão não custou muita a aparecer porque a burguesia, uma vez instalada no poder, mostrou suas garras e se transformou numa força opressora das classes laboriosas, quase tão opressora quanto a velha aristocracia.
 
Todavia, muitos jovens idealistas, apesar de pertencerem a essa mesma burguesia, pelo nascimento e educação, não se conformaram com esse estado de coisas e iniciaram, no século XIX, um movimento de protesto contra a classe dominante: o socialismo. É verdade que esses socialistas eram, em sua maioria, utópicos, isto é, sonhadores românticos divorciados das massas trabalhadoras e da realidade econômico-social. Nem por isso deixaram de construir uma vanguarda progressista. Queriam reformar a sociedade da época e insurgiram-se contra os padrões estabelecidos, inclusive contra o espírito romântico que, especialmente no campo da literatura, não queria ver a verdadeira realidade social da exploração das massas pela burguesia.
 
Em Portugal, o realismo no terreno literário surgiu pouco depois dos meados do século XIX como resultado dos esforços de um grupo de jovens de Coimbra, influenciados pelas ideias socialistas e anticlericais. Queriam que a literatura abandonasse os velhos temas românticos, sentisse a realidade coeva, especialmente a social e procurasse retratá-la fielmente. 
 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 24.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 24

 
Três outros grandes românticos portugueses ainda merecem citação, se bem que o seu valor literário seja menor do que o dos citados em primeiro lugar: Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875), Camilo Castelo Branco (1826-1890) e Joaquim Guilherme Gomes Coelho, mais conhecido pelo pseudônimo de Júlio Dinis (1839-1871).

 
Castilho não pode ser caracterizado como tendo pertencido a uma única corrente literária. Na poesia, começa como um árcade (Cartas de Eco a Narciso; o título revela o tema clássico) e termina como um romântico (Anoite do Castelo e Os Ciúmes do Bardo). Na prosa, em que só se aventura mais tarde, filia-se vagamente ao romantismo e ao socialismo utópico: Quadros Históricos de Portugal e A Felicidade pela Agricultura.

 
Dedicou-se também muito a traduções e escreveu obras didáticas no fim da sua vida. Caracteriza-se por um grande purismo de linguagem; qual o gramático que não tem sempre uma citação de Castilho?

 
Como curiosidades a seu respeito, pode-se mencionar a sua frequente falta de fidelidade ao texto a ser traduzido e o fato de ter sido um escritor cego. (Perdeu a vista aos 6 anos de idade, em consequência de um ataque de sarampo.)

 
Camilo foi o mais fecundo escritor português de todos os tempos. Mais de duas centenas de obras, dos mais variados gêneros: poesias, romances, contos, traduções, biografias, etc. Sua obra não apresenta uma uniformidade de nível; há as excelentes, mas também há trabalhos relativamente medíocres, o que se explica pelo fato de Camilo viver realmente só de sua pena. Precisava escrever para sobreviver e a fome não costuma esperar pela inspiração, nem concorda com a demora que a correção da linguagem e a propriedade do estilo exigem. Suas obras mais conhecidas são os seus romances passionais Amor de Perdição (1862) e Amor de Salvação (1864), o primeiro deles considerado por muitos como a sua obra prima. Tendo ficado cego aos 63 anos, suicida-se no ano seguinte.

 
Júlio Dinis é o responsável pela introdução do romance burguês e pelo romance contemporâneo em Portugal. Seu estilo é impessoal, seus temas são os da vida de todo dia, sua linguagem é escorreita. Suas obras mais conhecidas são: A Morgadinha dos Canaviais, Os Fidalgos da Casa Mourisca e As Pupilas do Senhor Reitor, especialmente este último romance, em que retrata cenas da aldeia portuguesa, com seus tipos característicos. Romances tipo “água com açúcar”.

 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 23.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 23
 
Outro grande romântico da primeira geração do romantismo português foi Alexandre Herculano, romancista de importância extraordinária e historiador de excepcionais méritos. Aliás, não erraríamos muito se caracterizássemos Alexandre Herculano apenas como historiador, porque ele o foi acima de tudo; sua poesia foi apenas um episódio da sua mocidade, e os romances são todos romances históricos em que o herói central é sempre algum vulto, imaginado ou real, do medievo português.
 
Alexandre Herculano de Carvalho Araújo nasceu em 1810 de uma família burguesa de poucas posses, o que o impediu de cursar a Universidade de Coimbra, como o fizeram quase todos os intelectuais do seu tempo. Começou a trabalhar aos 23 anos, primeiramente como bibliotecário do Porto e, depois, na biblioteca do Palácio da Ajuda. Ingressou no jornalismo e na política, como deputado e como vereador, e foi responsável pela adoção do casamento civil em Portugal, o que reavivou a sua inimizade com o clero, iniciada quando, como historiador, negara o “milagre de Ourique”. Morreu em 1877.
 
Sua iniciação na carreira literária deu-se com um panfleto – A Voz do Profeta – em que criticava violentamente o governo setembrista do Porto, isto em 1836. Aliás, essa qualidade de panfletário e polemista, Alexandre Herculano nunca a perdeu porque continuou escrevendo opúsculos quase até o fim da sua vida. É impressionante a sua produção neste campo, pelo número e, em muitos casos, pela qualidade.
 
Dois anos depois do aparecimento da Voz do Profeta, Alexandre Herculano publica um livro de poesias, o único da sua vida – Harpa do Crente – dividido em duas partes, em que transparece, na primeira, a sua tendencia romântica, o seu espírito religioso (apesar do seu anticlericalismo), e em que aborda grandes temas impessoais: Deus, liberdade, natureza, justiça, piedade etc. Na segunda parte, os temas já passam a ser mais pessoais: sofrimento, amor, saudades, etc.
 
Mas Alexandre logo abandona a poesia e envereda pelo caminho do romance histórico, publicando sucessivamente Eurico, o Presbítero, O Bobo, Lendas e Narrativas e O Monge de Cister, que formam uma como que sequência mais ou menos romanceada da história de Portugal, desde a invasão da península pelos muçulmanos (Eurico), até a época de D. Joao I (O Monge). Esses escritos todos são notáveis pelo valor da reconstrução histórica, pela boa urdidura do enredo, pela descrição das cenas e dos episódios e pela correção da linguagem, um tanto pesada, aliás, o que distingue Herculano dos outros românticos.
 
Todavia, a grande glória de Alexandre Herculano, na nossa opinião, são a monumental História de Portugal, que consultamos abundantemente para escrever a introdução histórica deste trabalho, publicada de 1846 a 1849 (alguns autores trazem 1853), e a menos importante mas também notável História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, sua última obra.
 
Mercê da austeridade da sua vida pessoal e da sua estrutura intelectual de grande historiador e não de um simples escritor de romances ou poeta, Alexandre Herculano foi um dos principais responsáveis pela implantação do romantismo em Portugal.
 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 22.

 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 22
 
E – O século XIX
 
Se o século XVIII caracterizou-se pelo aparecimento das escolas literárias, podemos dizer que o XIX se caracteriza pelo florescimento delas: Romantismo, Realismo Naturalismo, Parnasianismo.
 
Romantismo: A escola romântica surge na literatura como uma reação contra a escola clássica, ao excessivo formalismo, ao apego às regras que tolhiam completamente o escritor, encerrando-o numa verdadeira prisão quanto ao tema e quanto à forma. A revolução romântica foi total. Para começar, os temas clássicos foram abandonados e os escritores românticos passaram a buscar inspiração nos fatos locais, na história do país, no folclore, na vida de todo dia. Além disso, puseram de lado a linguagem hermética dos grandes clássicos e os floreios literários, para passarem a expressar-se numa linguagem comum, acessível ao grande público, a que, agora, a maior parte dos leitores pertenciam.
 
O introdutor oficial do romantismo em Portugal, que já era entrevisto nas obras dos últimos árcades e, especialmente, nos trabalhos de Bocage, foi Garrett, que se deixou influenciar pelas ideias que grassavam, na época, na Inglaterra e na França, países em que ele viveu durante algum tempo como exilado político.
 
Sua primeira obra – o primeiro escrito romântico da literatura portuguesa – foi um poema em versos brancos: Camões (1825), onde o autor faz uma biografia um tanto romanceada do grande poeta português . Sua segunda obra foi outro poema – D. Branca – onde o jovem Garrett narra os amores de uma cristã (D. Branca com um chefe muçulmano. Todavia, não foram esses poemas que revelaram o grande valor poético do moço Garrett, mas um livro escrito bastante mais tarde, uma obra já da maturidade: Folhas Caídas, onde o poeta canta o seu amor por D. Rosa de Montofar, uma grande dama da época.
 
Mas Garrett não foi apenas poeta porque também se dedicou ao teatro e ao romance. No campo do teatro, Garrett não foi simples autor, mas também o organizador do moderno teatro português, incumbência que lhe foi entregue pelo governo liberal da época. Escreveu, entre outas, as peças Um Auto de Gil Vicente, em que relata a magnificência da corte de D. Manuel, o Venturoso, e Frei Luís de Sousa, uma das maiores peças românticas portuguesas, em que Garrett dá rédeas à sua imaginação, abandona o verso pela prosa, e faz análises psicológicas. Repare, o leitor, na escolha de temas nacionalistas, no abandono do verso, que tolhe e deturpa o pensamento, e no intimismo das análises psicológicas, características do romantismo.
 
No campo do romance, Garrett escreveu O Arco de Santana e Viagens na Minha Terra, romance este último em que existe uma notável crítica social e política (na época, Garrett já estava às turras com o novo governo) e onde se pode reconhecer intenções simbólicas.
 
João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto, em 1799, e morreu em 1854.
 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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