quarta-feira, 27 de maio de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 21.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 21

A Arcádia Lusitana. Essa escola literária foi fundada em Lisboa, em meados do século XVIII, por três jovens bacharéis coimbrenses: Antônio Dinís da Cruz e Silva, Esteves Negrão e Gomes de Carvalho, mas só o primeiro deles viria a se tornar um escritor conhecido.

Pretendia, a Arcádia, reformar a poesia portuguesa, e os seus componentes acreditavam que isso poderia ser conseguido imitando os escritores da Antiguidade Clássica, eliminando tudo que fosse supérfluo numa obra, procurando conservar-se fiel à realidade da natureza e abolindo a rima.
 
A obra mais importante de Cruz e Silva é um poema heroico-cômico, O Hissope, em que o autor ridiculariza uma desinteligência ocorrida entre o deão e o bispo de Elvas. Além dessa obra, Cruz e Silva ainda escreveu Metamorfoses, inspirada no Brasil, onde esteve por ocasião da Inconfidência Mineira, e uma comédia teatral: O Falso Heroísmo.
 
De um modo geral, os árcades – Correia Garção, Domingos dos Reis Quita e Manuel de Figueiredo, entre outros, além dos já citados – pouco produziram de importante no campo das letras, mas nem por isso deixaram de exercer uma apreciável influência no panorama literário de Portugal, mercê da importante atividade crítica e doutrinária a que se dedicaram.
 
Mas não existiram apenas árcades em Portugal, na época. Aliás, é exatamente entre os que não se filiavam a essa academia literária que vamos encontrar o maior nome das letras portuguesas no século XVIII: Manuel Maria Barbosa du Bocage, nascido em 1765 e falecido em 1805.
 
A atividade literária de Bocage limitou-se a dois campos: tradução e poesia, mas é especialmente como poeta que ele ficou conhecido. Escreveu dois livros: Rimas, em 1791, e Poesias, só publicado postumamente, em 1853. Bom poeta,de grande inspiração, de rima e ritmo fáceis Bocage gostava de retratar-se nas suas obras, comparando-se a Camões:
 

Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Ludíbrio, como tu, da sorte dura,
Meu fim demando ao céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura...
 
Além da sua própria pessoa, os temas das suas poesias são o amor, a morte, a infelicidade, o destino, o que possivelmente se explica pelos seus problemas de saúde.
 
Bocage foi mal compreendido pelos seus contemporâneos, para o que muito contribuiu, sem dúvida, a linguagem um pouco desabrida que costumava usar nos seus escritos. Aliás, é exatamente nessa qualidade que é popularmente conhecido.
 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 20.

 

A conversão de S. Paulo. Miguel Ângelo

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 20

D – O setecentismo

Se o século XVII foi em grande parte da Europa, um período em que se tem uma espécie de marasmo nas atividades literárias, o século XVIII, ao contrário, é o século do Iluminismo, o século das “luzes”, isto é, um período em que se testemunha uma febril atividade em todos os campos da cultura, especialmente no terreno das ciências. Essa agitação também se reflete no campo sociopolítico-econômico, e presenciamos aí, o início da chamada “revolução industrial” – da mesma forma que no século XV já havíamos presenciado a “revolução comercial” – e a ascensão definitiva da burguesia como classe dominante, ascensão essa que iria culminar na revolução Francesa.
 
Esse desenvolvimento geral da ciência e da técnica, bem como o aumento da riqueza e do bem-estar social que ocorreram no século XVIII tiveram influências marcadas nas atividades literárias, como não poderia deixar de ser: aperfeiçoamento das impressoras, que permitiu o barateamento (e a consequente maior difusão) do livro e o aparecimento dos jornais diários, e o aumento do público ledor, que começou a permitir, aos escritores, a fuga ao mecenato. De fato, até mais ou menos o século XVIII, praticamente nenhum escritor – e por que não dizer artista? – conseguia viver da sua pena, a não ser quando conseguia ser “protegido” por algum mecena, fosse ele o rei, algum nobre, ou simplesmente um burguês endinheirado. Foi o que aconteceu com Miguel Ângelo, por exemplo, ou com Luís de Camões. Esse estado de coisas começou a mudar a partir do século XVIII, e isso permitiu um notável aumento no número de escritores e uma maior independência para cada um deles. 
 
Em Portugal, o século XVIII caracteriza-se por um particular incremento nas atividades culturais – fundação de escolas e de academias científicas – e, no campo da literatura, pelo aparecimento das “escolas literárias”, não só no sentido de estilo e características literárias, mas também no sentido de grupos de escritores que se filiam conscientemente a determinadas correntes literárias. Se quiséssemos usar uma terminologia marxista, diríamos que até o século XVIII as escolas literárias existiram como “escolas em si”, ao passo que dessa época em diante começaram a existir como “escolas para si”, isto é, tomaram consciência de que existiam como escolas literárias. A primeira escola ou corrente literária que surgiu, nesse sentido, em Portugal, foi a Arcádia.
 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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quarta-feira, 13 de maio de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 19.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 19
 
C – O seiscentismo

No século XVII, podemos citar como nomes importantes: Rodrigues Lobo, Padre Manuel Bernardes, Padre Antônio Vieira e D. Francisco Manuel de Melo. Mas apenas um deles foi literato realmente de vulto: o Padre Vieira, único autor de que vamos tratar em relação ao século XVII, neste trabalho.
 
O Padre Vieira nasceu em Lisboa em 1608 e morreu na Bahia, na nossa pitoresca Bahia, em 1697. Passou grande parte da sua vida em nosso país, onde se ordenou sacerdote e onde começou sua carreira de grande orador e pregador.
 

Antônio de Sousa de Macedo
 
Vieira teve uma vida muito intensa nos terrenos educacional e político, e usou abundantemente, para conseguir os fins que perseguia, sua linguagem fácil e bela, nos púlpitos e nas cátedras que ocupou. Essa foi a sua grande contribuição para a língua portuguesa, melhor diríamos, luso-brasileira: os Sermões. Além disso, escreveu muitas cartas, especialmente no período em que passou nos cárceres da Inquisição (1662 a 1665), por causa das suas posições a favor dos cristãos-novos, isto é, dos judeus recém-convertidos ao cristianismo. A Arte de Furtar, a ele atribuída, não mais é considerada, hoje, como obra sua, mas sim de Antônio de Sousa de Macedo.
 
Influenciado pelos grandes oradores da Antiguidade Clássica, Vieira fez com que os seus sermões obedeçam a uma estrutura rígida: têm sempre uma introdução, uma invocação, uma argumentação e uma peroração. Na introdução, o orador propõe o tema do sermão e traça o seu plano geral; na invocação – geralmente se trata da Virgem Maria – Vieira pede o auxílio dos poderes sobrenaturais para si próprio e para os seus ouvintes; na argumentação, tece os comentários que julga úteis, no que muito o auxilia a sua enorme erudição e a sua experiencia de vida; finalmente, a peroração é o fecho do sermão.
 
O leitor certamente prestou atenção no fato de termos citado nesta secção uma grande porcentagem de autores religiosos, o que não havia ainda acontecido em outras partes deste trabalho. Não foi por acaso. É que, no século XVII, a cultura portuguesa esteve praticamente nas mãos do clero, para o que muito contribuiu a união do reino com a Espanha (de 1580 a 1640) e a importação da Inquisição e das ordens religiosas que operavam nesse país. Aliás, o fenômeno da dominação eclesiástica nessa época é mais ou menos comum nos países de fé católica romana; o século XVII é o século da Contrarreforma e, consequentemente, das perseguições religiosas, da censura, do obscurantismo, da intolerância. Nessas condições, não é de causar admiração que tenha havido um decréscimo mais ou menos geral das atividades culturais dos leigos nessa época, especialmente no campo literário.
 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 18.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 18

 
Francisco Sá de Miranda. Como acontece frequentemente em relação aos autores antigos, também no que se refere a Sá de Miranda tem-se poucos dados biográficos. Sabe-se que nasceu em Coimbra e morreu em Lisboa, que se formou em Direito e que fez uma longa viagem pela Itália (de 1521 a 1526), que, no fim da vida, incompatibilizado com o governo, retirou-se para a zona rural, ocasião em que passou a desenvolver uma notável atividade epistolar em que retrata, num saudosismo quase doentio, o contraste que percebia entre o Portugal da sua infância, predominantemente agrícola, e o da sua velhice, especialmente comercial.

 
Escritor bilíngue (português e espanhol), Sá de Miranda deixou trabalhos em vários campos: teatro, prosa, poesia, canções, etc., mas é especialmente como poeta que ele é conhecido.

 
Dos episódios da sua vida, a mencionada viagem à Itália teve uma particular importância para a literatura portuguesa, porque o contato que então manteve com os escritores italianos influenciou grandemente a sua obra, fazendo com que ele rompesse com o classicismo medieval e passasse a introdutor, em Portugal, do estilo italiano: soneto de Petrarca, terceto de Dante, oitava rima de Bocácio etc. Suas principais obras são: Os Estrangeiros (comédia em que está patente a influencia de Plauto e Terêncio), Sátiras e uma série de poesias, a mais conhecida das quais é a écloga Basto.

 
Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.   


Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7 

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