quarta-feira, 22 de abril de 2015

Literatura Portuguesa - Parte 16.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 16
 
A obra de Gil Vicente é muito extensa e compreende vários gêneros de teatro: peças alegóricas (Auto das Barcas, por exemplo), peças narrativas (D. Duardos, por exemplo), peças de temas pastoris (Auto Pastoril Português, por exemplo), farsas (Inês Pereira, por exemplo) etc. Todavia, há uma unidade de construção nas suas peças, qualquer que seja o gênero delas: a abundância de personagens, mais ou menos desligados uns dos outros, ausência da preocupação de fazer uma análise psicológica das personalidades dos personagens, intenção de fazer uma descrição dos costumes da época, inclusive caracterizando cada personagem pela linguagem que lhe seria própria, e intenção de criticar. Neste último sentido – críticas – o teatro de Gil Vicente é social, é popular, porque ele critica principalmente a aristocracia, a burguesia usuária e o clero dissoluto da sua época. Ao mesmo tempo, em grande parte por causa da sua profunda formação religiosa e mística, e também porque vivia dos favores da corte, Gil Vicente não consegue se libertar de certos preconceitos, respeitando e enaltecendo em suas peças certas virtudes ou ideias aristocráticas ou burguesas: a figura do rei, a noção de patriotismo guerreiro, a ideia de Deus, a noção de pureza sexual etc.
 
Entre nós, a sua peça mais conhecida é provavelmente o Auto das barcas, que tem, inclusive, sido levado em nossos palcos por vários conjuntos amadores e também por um profissional, ao que sabemos. O Auto das Barcas é uma trilogia: Auto da Barca do Inferno, Auto da Barca do Purgatório e Auto da Barca da Glória. A influência de dante (A Divina Comédia) nessa trilogia é manifesta, bem como a da mitologia greco-romana – lenda de Carão ou Carone, filho de Érebo e da Noite, barqueiro no Rio Stix que deveria transportar, na sua barca, as almas dos mortos para o outro mundo – o que caracteriza Gil Vicente como um escritor humanista renascentista, ao mesmo tempo que a falta de unidade interna das suas peças caracteriza-o como um teatrólogo medieval. Gil Vicente foi autor bilíngue (português e espanhol) e deixou escola, mas nenhum dos seus continuadores conseguiu atingir a estatura do mestre, o que justifica a não citação dos seus nomes num trabalho resumido como este.

Obs: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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8 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gil Vicente é considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome que deixou uma marca na cultura portuguesa que vem até ao presente.
Um belo texto.
Um abraço.
Uma boa semana.

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Olá Rosemildo,adoro vir aqui e saber um pouco mais sobre literatura que você descreve lindamente.
bjs e obrigada pela visita.

Carmen Lúcia.

Maria Teresa Valente disse...

Boa noite Furtado, gostei de saber de Gil Vicente e sua contribuição para a dramaturgia e poesia portuguesa, desconhecíamos e você, tão sabiamente, nos ofereceu, abraços carinhosos
Maria Teresa

Elvira Carvalho disse...

Estivemos estudando o mês passado, o Auto da Índia. Integrado no estudo fizemos uma visita de estudo que adorei.
Um abraço

Cia. De Teatro Atemporal disse...

Impressionante!

Muito bom!

Receba um abraço espremido da sua Cia. De Teatro Atemporal!

Clemente.

CÉU disse...

Olá, Rosemildo!

Esta postagem é, inteiramente, dedicada a Gil Vicente e à sua vasta obra. No meu anterior comentário já tinha falado dele, mas muito pouco.

Já tina reparado, que você se baseia, sempre, na mesma fonte bibliográfica, o k, por lado, até pode ser bom, pke há uniformidade de critérios históricos, por outro, nem tanto, pke a História, e como já aqui referi, algumas vezes, não é uma ciência exata, daí que, o que o historiador "A" afirma, pode não ser o mesmo que o "B", diz, escreve.

Voltando a Gil Vicente, e estudando eu este autor e sua enorme e diversificada obra, na universidade, não estou, totalmente, de acordo, qdo nesta postagem se diz (você escreveu aqui, exatamente, aquilo k estava escrito no volume 7 dos "Os Forjadores do Mundo Moderno"), onde é afirmado k Gil Vicente não soube romper com certos preconceitos da época. E agora pergunto eu: patriotismo, DEUS, têm época?

Gil Vicente criticou a Igreja do seu tempo de forma contundente, e chegou mesmo a estar preso, por poucos dias, tal como a promiscuidade sexual vivida na altura. Se admite que um homem k se relacionou sexualmente com uma mulher casada, a transporte aos ombros, quase, devolvendo-a a seu marido, k desconhece TOTALMENTE a situação, e acha até k ela é mto honesta e séria? Pois, Gil Vicente, não poupou o adultério, nem o poderio da nobreza aristocrática, k espezinhou mto povo.

O Auto da Barca (nós, em Portugal, dizemos Barca e não Barcas, embora saibamos que eram três)foi a sua mais emblemática obra.

GIL VICENTE É, SEM SOMBRA DE DÚVIDA, UM ESCRITOR HUMANISTA, EMBORA MUITO CRÍTICO, EM RELAÇÃO À SOCIEDADE DO SEU TEMPO.

Agradeço sua visita e seus votos, que retribuo.

Aquele abraço.

CÉU disse...

Retificando: 3ª linha- o k, por Um lado...
4ª linha: MAS, por outro, nem tanto...

Abraço.

CÉU disse...

Retificando: 3ª linha - Já TINHA

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