sábado, 19 de dezembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 19.

   


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA PARTE 19  

  
Euclides da Cunha

Outros autores, de diversas tendências, direções mentais e gêneros, enriqueceram a prosa do binômio Realismo-Naturalismo. Historiadores, ensaístas, biógrafos, eruditos como João Ribeiro, tão capacitado para os estudos de Filologia – uns e outros, dentro do seu gênero, personalizaram a época, deram-lhe a universidade das ideias, como se observou com Rui e Nabuco, o método do conhecimento, como se viu em Capistrano de Abreu, a quem devemos os melhores ensaios de historiografia colonial; com Sílvio Romero e seu método crítico sociológico, aplicado à literatura; com José Veríssimo e seu método crítico puramente estético; com Euclides da Cunha que soube transmitir em Os Sertões, ensaio sociológico acima de tudo, visão de um dos aspectos negativos da realidade política e social do Brasil – do Nordeste problemático – tendo feito, com o seu livro magistral, o primeiro e sistemático estudo, de teor científico, de nossa tipologia regional, em que o gaúcho, o sertanejo e o jagunço são formas de ser de um determinismo antropofísico. Rui, em que pesem seus detratores, é um autor oceânico. Sua obra interpreta um típico exemplo de vivências diversa e sucessivas com os temas que versa: o político, o jornalista, o jurista, o historiógrafo, o ensaísta literário, o gramático – títulos que o tornam o maior polígrafo das nossas Letras e da nossa cultura. Enquanto outros se individualizavam por ser grandes em uma disciplina, quer do conhecimento puro, quer do conhecimento aplicado, como o foram Clóvis Beviláqua e Epitácio Pessoa, o primeiro – civilista, o segundo – internacionalista – Rui operava com a mesma eficiência, talento criador e compostura mental nas disciplinas dos intelectuais do seu tempo e naquelas para as quais sua vocação de pensador o dirigia. Sua vida de lutas, mas de lutas sem desfalecimentos, é tao grande quanto sua obra, de riqueza léxica incomparável e, acima de tudo, documentada nas fontes mais áureas e fidedignas do idioma.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
 
MEUS QUERIDOS AMIGOS!

O Natal chegou, e com ele as festas, as alegrias, e acenderam-se as esperanças de muitos, quanto à obtenção de dias melhores. Aproveitamos a oportunidade, para agradecer a todos, indistintamente, pelo apoio e pelo carinho dedicado ao nosso Literatura & Companhia Ilimitada, não só aos nossos queridos e leais amigos seguidores, como também, àqueles que nos visitaram durante o ano de 2015, pois temos certeza de que sem esse apoio jamais teríamos chegado aonde chegamos nesses cinquenta e três meses de vida. Não sei se será pedir demais, mas, gostaríamos de continuar contando com esse valiosíssimo apoio, por tratar-se do nosso principal fomento e a razão maior da nossa existência. Aproveitamos também para apresentar nossas desculpas, caso tenhamos, mesmo inadvertidamente, cometido algum erro. A partir de hoje, faremos uma pequena pausa para descanso, repor as energias e concatenar as ideias, e somente retornaremos em 2016, ocasião em que atualizaremos as nossas visitas.

Pedimos ao nosso DEUS misericordioso que cubra com seu manto todo o universo, abençoe e proporcione a todos os viventes de um modo geral, um Feliz Natal e que o ano de 2016, seja de muita paz, amor, saúde e felicidades, e que o homem adote como prioridades, o amor, a compreensão, a harmonia e a solidariedade para com o seu semelhante, e assim, possamos ter um mundo mais justo e mais humano.

Muitíssimo obrigado e até 2016.

“Que DEUS seja louvado!”

Rosemildo Sales Furtado

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 18.

     


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 18

No Brasil, também podemos citar aspectos influentes em relação ao Realismo-Naturalismo: 1) na poesia, denominada condoreira, de Castro Alves sobretudo, há fortes indícios de uma arte que se aproxima, de uma nova estética; 2) na Escola de Recife (de 1870 em diante), na qual Tobias Barreto foi a maior figura, o Positivismo e o Transformismo eram estudados e divulgados. Essa Escola trouxe à Literatura Brasileira uma feição crítica, que correspondia, disciplinarmente, à observação do romance naturalista ou experimental e do romance realista; 3) no próprio romance romântico de Taunay e de Franklin Távora há um verismo nos acontecimentos, nos seres e nas coisas, o que já é um prenúncio do Realismo-Naturalismo. Na obra inicial de Machado de Assis veem-se, a par de valores românticos, valores que, por sua penetração e objetividade, se opõem aos primeiros, e fazem do autor de Quincas Borba uma figura de transição. Interpenetradas, aqui, no Brasil, as duas direções estéticas, ainda assim se encontram, em nossa literatura, as obras essencialmente naturalistas e as obras essencialmente realistas. Das primeiras, citem-se: O Missionário (Inglês de Sousa), A Carne (Júlio Ribeiro), O Bom Crioulo (Adolfo Caminha), O Cortiço (Aluísio Azevedo). Das segundas: os romances da última fase de Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Memorial de Aires) e O Ateneu, de Raul Pompéia, com alguns aspectos também naturalistas. 
 
Aluísio Azevedo
De todos esses autores avulta Machado de Assis: tao grande contista quão grande romancista – nele, a literatura toma não só aspectos humanos, mas também problemáticos. Para Machado de Assis a alma humana não tinha segredos e, intuí-la, para uma revelação contínua dos seus valores, de suas grandezas e de suas misérias – era um hábito nesse escritor, duplo de filósofo e de artista, que duvidava sem escarnecer, que julgava sem humilhar. Sua galeria, tanto a dos seus romances, quanto a dos seus contos, é de caracteres, de seres enriquecidos pelos valores do seu tempo interior, mas presos a uma inquietação constante, ao tédio irreversível, a inúmeras frustrações. Servido por uma prosa que domina todo o setor idiomático, pela clareza e pelo casticismo da linguagem, Machado de Assis é um clássico. Humorista, nada lhe escapa à análise, irremediável sonda de aprofundamento no mistério que envolve os seres e a vida. Há, ainda, obrigatoriedade nas menções a Aluísio Azevedo e a Raul Pompéia. O Cortiço, protótipo do romance naturalista, trouxe à nossa literatura o talento criador de Aluísio na arte de ativar caracteres e tipos, enfim uma humanidade sem remissão, afundada nas suas próprias misérias e nos seus próprios problemas, e, o que é pior, incapaz de uma libertação. Em O Ateneu, o problema da adolescência, representado no menino Sérgio, faz desse romance uma obra de inconfundível originalidade, a tal ponto consciente, que raríssimas literaturas podem suscitar romancistas que entendam a mente infantil, como Raul Pompéia! A par disso, a prosa em que se tornaram mestres: a de Aluísio, precisa, disciplinada significativamente pelas próprias teses que o escritor punha em termos de criação; a de Pompéia, artística, impressionista, cheia de sutilezas expressivas em sua estrutura.

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 17.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 17

O Realismo, todavia, gerou o romance psicológico, em que Machado de Assis foi o grande mestre, a prosa simbolista, o romance de vida interior que, a partir da década de 30, vai ser uma das feições mais importantes da ficção brasileira. Seus objetivos se voltam para a análise do ser humano, no que este tem de mais identificador: o caráter, a personalidade, a constituição psicológica. Daí a necessidade de o autor realista incursionar nos autores das disciplinas especulativas, como se verificou entre Machado de Assis e Pascal, ou nas disciplinas que fazem do comportamento humano objeto de um total interesse. Com o Naturalismo, entretanto, o conhecimento procede de uma tese que o autor estuda exaustivamente, como se fosse uma verdade científica que desejasse provar. Na França, Emile Zola com o Germinal, romance que trata da vida dos mineiros, evidencia ao leitor um domínio quase completo do sistema das minas, do processo social dos mineiros, de sua vida sacrificada, da linguagem que os particulariza como grupo social. Aqui, no Brasil, Júlio Ribeiro, em A Carne, compôs a figura de Lenita, fundamentando-a nas teses que estudou acerca da histeria feminina.

Como surgiu, aqui, no Brasil, o binômio Realismo-Naturalismo? Simultaneamente, pois basta dizer que, em 1881, aparecem duas entre as obras mais importantes desse binômio: O Mulato, de Aluísio Azevedo e as Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. O que quer dizer: o aparecimento de uma obra naturalista a par de uma realista...

Tanto na Europa quanto no Brasil, o Realismo-Naturalismo arrimou-se num ideário que o viria sobremaneira beneficiar, em três livros: Da Origem das Espécies (1859), de Charles Darwin, em que este amor estudou a seleção natural, a hereditariedade, defendendo, pois, o transformismo; a História da Literatura Inglesa (1864), do positivista Hippolite Taine, em cujo prefácio este historiador francês estabeleceu a tese do determinismo literário com sua teoria do meio-raça-momento; a Introdução da Medicina Experimental (1865), de Claude Bernard, em que este fisiologista explica a atuação da hereditariedade sobre os atos e o caráter do homem. São três obras fundamentadas no cientificismo da época, e que carrearam para a literatura o sentido da experimentação, da pesquisa, do laboratório.

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.


Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 16.

  


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 16

Gonçalves Dias
Finalmente, no estudo do nosso Romantismo, não podemos desprezar alguns aspectos estruturais, documentais e institucionais: 1) a distinção que se deve fazer entre indigenismo e indianismo: no indigenismo, o índio é uma figura histórica. Exemplifica-se no Uraguai, de Basílio da Gama. No indianismo, o índio é uma figura mítica. Exemplifica-se com o Y-Juca Pirama, de Gonçalves Dias; 2) para a história documental do nosso Romantismo, temos de citar a revista Niterói, fundada em 1836, de dois números apenas, no primeiro dos quais Gonçalves de Magalhães publicou o Ensaio sobre a história da literatura brasileira, considerado para muitos o 1º manifesto romântico, entre nós; 3) ainda em se tratando de indianismo: a necessidade de ler-se a obra de Alencar – Cartas sobre a Confederação dos Tamoios – em que o romancista, criticando a Confederação dos Tamoios (1856), poesia épica de Gonçalves de Magalhães, “traça o plano de uma verdadeira epopeia brasileira”; 4) o papel de pensador de Tobias Barreto: com seus Estudos Alemães, trouxe à Literatura Brasileira uma feição crítica, de natureza filosófica. Kant, Hartmann, Schopenhauer, Haeckel foram estudados por ele. A Escola de Recife, fundada por Tobias Barreto, divulgou, na época, o Positivo e o Transformismo. Os primeiros republicanos, como Benjamin Constant, permanece, apenas em feição cronológica, próximo aos últimos romancistas românticos. Assim mesmo, é uma figura de transição entre o Romantismo e o binômio Realismo-Naturalismo.

No Brasil, é nas últimas décadas do século XIX que podemos estabelecer este binômio! Não é possível, todavia, falarmos dele sem a compreensão particular de cada uma de suas faces. O Realismo, como estética, origina-se na França, no romance de Gustave Flaubert – Madame Bovary (1857). Vinte anos depois, em 1877, o aparecimento de L'Assomoir, de Emile Zola, lança o Naturalismo. O Realismo filia-se ao romance de Stendhal e de Balzac, que lhe são precursores, e cuja característica primordial está na análise psicológica das personagens. Cronologicamente, o Naturalismo é posterior ao Realismo, mas os pontos de contato entre ambos são, sempre, como se deu no Brasil, um se dissocia do outro. 

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.


Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 15.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
 LERATURA BRASILEIRA – PARTE 15

 
Martins Pena também deve ser distinguido. Verdadeiramente, não se pode dizer que houve teatro brasileiro nos séculos XVI, XVII e XVIII. Os autos religiosos de Anchieta, como A Pregação Universal, de finalidade catequista, pertencem a um autor que se antecipa, historicamente, à formação de nossa nacionalidade. O mesmo se dá no século XVIII, com Antônio José da Silva, o Judeu, cujo teatro, apesar de seu autor ser brasileiro, pertence muito mais a Portugal, onde escreveu toda a sua obra, do que no Brasil. Esse mesmo teatrólogo dá seu nome à primeira manifestação do teatro romântico entre nós: a tragédia Antônio José, de Gonçalves de Magalhães, foi representada, pela primeira vez, em maio de 1838, no Teatro da Constituição, pela Companhia João Caetano. Não é, contudo, essa tragédia que importa a Literatura Brasileira, pois, em outubro desse mesmo ano (1838), a mesma Companhia, no mesmo teatro, leva à cena a comédia O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena, na qual o assunto, o ambiente social são nossos. Luís Carlos Martins Pena foi, pela brasilidade, pelo espírito de observação, pela alta capacidade de atingir o ridículo humano, o teatrólogo mais importante do romantismo. França Júnior, em importância, vem em segundo lugar: não lhe falta senso de análise, como sentimos quando lhe conhecemos os tipos burgueses que se movimentam em As Doutoras. Gonçalves Dias, Alencar e Manuel de Macedo escreveram teatro, mas o poeta que houve em Gonçalves Dias e o romancista existente em Alencar e Macedo, faces naturais dos seus talentos, fizeram-nos menores em relação a Martins Pena e França Júnior...    
 
No setor da História, Francisco Adolfo Varnhagen merece a referência de ter criado um sentido científico para a nossa história, antes apenas cronológica, sem aparato crítico, ausente de fontes e de investigações. Veja-se lhe, para confirmação, a História Geral do Brasil.
 
Na oratória sacra, não se pode subestimar a presença de Frei Francisco de Mont'Alvern, cujas Obras Oratórias revelam um autor que fazia da palavra , eloquente e polêmica. Um instrumento de sincero patriotismo e de moralidade social...
 
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Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.   
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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 14.



Foto: A Iracema de José de Alencar, em pintura de José Maria Medeiros

  
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 14
  
Quais os Romantismos que podem mostrar-nos um poeta como o fluminense Nicolau Fagundes Varela, em quem a consciência religiosa era uma forma de ser? Podemos esquecer José de Alencar, o mais visual dos nossos românticos, de capacidade descritiva tão intensa quanto a de Chateaubriand para a Literatura francesa! Nossa natureza, tão irregular nos seus aspectos: de serena à exótica, de paradisíaca à revulsiva – encontrou nele o artista épico, aquele que soube ver melhor do que os outros, porque era grande seu horizonte visual e não menor sua imaginação. Iracema, misto de poema em prosa e romance, tanto quanto um documento histórico: mostra um aspecto da formação de nossa raça, quando o conquistador branco, Martim Soares Moreno, se une, perdido de amores, a Iracema. O filho de ambos – Moacir – é o brasileirinho que desponta para a grande aventura da raça... O Guarani, na pessoa de D. Antonio de Mariz, em Ceci e em Peri, retrata o início de nossa civilização, quando a História, na sua dialética e no seu determinismo, procurava harmonizar a raça conquistadora (Ceci) com a conquistada (Peri).

A prosa romântica teve em Alencar o seu aspecto mais reativo: anticlássica e antilusitana, porque rompeu com certos giros e matizes da sintaxe tradicional portuguesa – (colocação auditiva e rítmica dos pronomes átonos, emprego do gerúndio, nas conjugações perifrásticas, em substituição ao infinitivo proposicionado) – criando não uma língua brasileira, mas uma nova fase do idioma mais liberta do predomínio das correntes eruditas e dos convencionalismos linguísticos gerados pelo tempo e pelas escolas literárias.

O outro aspecto dessa mesma prosa representam-no os demais romancistas, como Bernardo Guimarães, Taunay, Joaquim Manuel de Macedo, Franklin Távora, Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis (em sua fase de transição); os teatrólogos, como Martins Pena; os historiadores como Francisco Adolfo de Varnhagen; os críticos como Pereira da Silva e Joaquim Norberto de Sousa e Silva; os jornalistas como João Francisco Lisboa e Tavares Bastos; os oradores, principalmente os sacros, como Frei Francisco de Mont'Alverne. De cada um deles poderíamos dizer algo: se Alencar representa o romance indianista – Bernardo Guimarães, com A Escrava Isaura, Franklin Távora, com O Cabeleira, Taunay, com Inocência – distinguem-se no romance de características regionais, enquanto Joaquim Manuel de Macedo, com A Moreninha, e Manuel Antônio de Almeida, com Memórias de um Sargento de Melícias, ilustram o romance de tendências urbanas. Dentre esses romancistas, convém salientar Manuel Antônio de Almeida: precursor do realismo brasileiro pelo seu espírito de análise e de observação, a época que retratou (o Rio de 1810) está integral em seu livro, no qual o romancista movimenta tipos sociais e figuras históricas, com os quais soube reconstituir a humanidade do 1º reinado brasileiro.

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.


Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 13.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 13
 
A ironia, a inquietação, a obsessão da morte – constantes na poesia baironiana – refletem-se na do nosso Álvares de Azevedo, de maneira vivencial e, ao mesmo tempo, perturbadora. Dos nossos românticos, Álvares de Azevedo parece ter sido o que melhor assimilou o spleen baironiano. Em outra direção, não foi o processo do romance histórico europeu (o de Walter Scott, de Cooper, de Garrett, de Herculano) que se reproduziria na arquitetura do romance histórico alencariano? Poucos Romantismos podem comparar-se ao nosso, em se tratando da revelação de valores! Se assimilamos a experiencia europeia, a experiencia dos românticos europeus nos gêneros de que a nova estética se fez pregoeira, também criamos, de acordo com o nosso gênio poético, o nosso lirismo inato, verdadeiras obras-primas. Num ensaio há tempos publicado, não perguntava Gilberto Amado, referindo-se a Castro Alves: que literatura pode apresentar um valor como esse poeta que, morto aos 24 anos, deixou, entre outros, um livro como Espumas Flutuantes? Quantos Romantismos podem apresentar uma elegia como o Cântico do Calvário, de Fagundes Varela? Foi mais autentico, por ventura, do que o de Gonçalves Dias e de Alencar o indianismo de Chateaubriand e de Cooper? Nossa literatura teve a seu favor a coincidência de, no século XIX, assistir o Brasil ao nascimento de uma plêiade de talentos artísticos à maneira de como ocorreu com a França nesse mesmo século e nessa mesma estética. Bastariam os nomes de Castro Alves, de aparato verbal grandiloquente, adaptável aos grandes temas sociais e polêmicos como a escravidão que seu estro vituperou; de Gonçalves Dias, em quem a nacionalização da poesia tem procedência na sua capacidade de intuir a natureza em todos os seus aspectos, de fazer do índio um mito poético.
 
Gonçalves Dias, que Bilac julgava o maior de todos os nossos românticos, chegou a impressionar o gênio austero de Alexandre Herculano. Não foi, pois, baldado o grupo de admiradores, o chamado Grupo maranhense que se formou sob a égide, e que se constituía de homens como João Francisco Lisboa, autor de uma excelente biografia do Pe. Antônio Vieira, do humanista e tradutor (aliás de notáveis recursos) Odorico Mendes, do gramático Sotero dos Reis...
 
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Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 12.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 12

Assim operaram os grandes Romantismos europeus, como o da Alemanha. Em Portugal, por exemplo, Alexandre Herculano reconstrói a Idade Média portuguesa nos seus romances históricos que formam a trilogia: O Monge de CisterO BoboEurico, o Presbítero. No Brasil, entretanto, nossos românticos, a cuja nação faltava o lastro medieval, faltavam as tradições remotas, tiveram de cingir-se às lendas atinentes ao índio ou a figuras e a acontecimentos do período colonial, como se verifica com o romance histórico de Alencar.

Como encaramos o romantismo, aqui, no Brasil? Cronologicamente, houve precursores: a) remotos, como os árcades Basílio da Gama, Tomás Antônio Gonzaga; b) próximos, como os que compuseram o grupo a que Sílvio Romero chamou de transição: o pernambucano Maciel Monteiro, o maranhense Odorico Mendes, o mineiro Salomé Queiroga, o paulista José Bonifácio de Andrada e Silva, com importância este último de haver utilizado, depois de Basílio da Gama, o verso branco que os românticos adotariam. Doutrinariamente, não podemos esquecer-nos de Ferdinand Denis, em seu “Résumé de l'histoire littéraire du Portugal et du Brésil”: “nesta obra, alguns anos antes da data oficial da implantação do Romantismo no Brasil (1836), assinalava F. Denis a necessidade, para a renovação literária de fontes de inspiração bem nossas, do abandono da mitologia greco-romana, em desarmonia com a nossa natureza e as nossa tradições” (Virgínia Côrtes de Lacerda).

O Romantismo brasileiro caracterizou-se por sua autenticidade: não só foi um retrato fiel de nossa natureza e de nossa psique, mas também obedeceu ao processo de nossa nacionalidade. Como escola literária, possui influências, autores representativos, gerações que reagem favorável ou desfavoravelmente em relação aos gêneros usados e exaltados pelas escolas anteriores. Acrescente-se mais uma particularidade: nossos poetas românticos, sendo todos bem jovens, não poderiam deixar de receber influências das literaturas amadurecidas e cristalizadas no tempo. Assim é que, se fizermos um estudo de literatura comparada, para a revelação de fontes temáticas e de traços estilísticos, observaremos as influências da poesia religiosa do francês Lamartine em Gonçalves de Magalhães, cujo Suspiros Poéticos e Saudades, publicado em Paris, em 1836, foi o primeiro grito criador do nosso Romantismo; da poesia da dúvida e da descrença, tanto em Byron quanto em Musset, tanto em Shelley quanto em Espronceda e Leopardi – a refletir-se em Alvares de Azevedo (Lira dos vinte anos), em Laurindo Rabelo (Trovas), em Junqueira Freire (Inspirações do Claustro), em Fagundes Varela (Cantos e Fantasias), em Cassimiro de Abreu (Primaveras).

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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 11.

 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 11
 
A marcha do tempo, todavia, vai inoculando um cansaço nos seres, nas coisas, nos acontecimentos. Quando advém o século XIX, é novo o painel social e político, são novas as gerações literárias que o compõem! Originário na Alemanha, no final do século XVIII, e depois irradiado às demais partes da Europa (principalmente à Inglaterra, à França e a Itália) – saído da revolução literária motivada pela publicação do Werther (1774), de Goethe, e de Os Bandidos (1782), de Schiller; pelos estudos dos irmãos Schlegel e Tieck em relação à poesia medieval expressa no romance – o Romantismo fundamentou-se, para a criação de um novo estado de espírito literário, em dois generalizados propósitos: 1) o da reação contra o Humanismo clássico; 2) o da nacionalização das Letras.
 
Na própria Alemanha, num sentido doutrinário, processou-se o conflito entre Bodmer e Gottsched, o último dos quais defensor do Classicismo...
 
Rousseau e Diderot, o primeiro com a doutrina do homem naturalmente bom e o segundo com a crença de que a liberdade é a expressão espiritual do tempo – também se podem considerar fontes ideativas próximas do Romantismo, nisso de eles terem assentado um antagonismo entre o irracionalismo, forjado nos valores emotivos, sentimentais, individualistas e nacionais e o racionalismo da Escola Clássica, quer o ideológico, quer o expressivo.
 
No desprezo à rigidez e à simetria dos gêneros literários, às convenções mitológicas, ao equilíbrio da medida clássica – o Romantismo se identificou ao próprio Liberalismo. Se este, social e politicamente falando, se havia alicerçado no Enciclopedismo, no Iluminismo, nas correntes filosóficas em luta, mormente as que, no século XVII, procuravam destronizar o aristotelismo e a Escolástica unificados – depois estendeu-se às Letras, às Artes, e os povos, dos quais estas se faziam expressões, livres da imitação clássica que lhes dava características comuns e convencionais, passaram a admitir, como uma forma de nacionalização, a Idade Média onde se achavam as tradições e as fontes que os individualizavam uns em comparação aos outros, e onde a língua – o romance – os situava em determinado espaço e em determinado tempo.
 
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