quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Literatura Ocidental - Parte 60.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 60
LITERATURA ITALIANA-- II

“II dolce stil nuovo” não é apenas uma nova maneira de conceber o amor e a mulher, mas, uma autêntica visão de conjunto da realidade em seus níveis religiosos, filosóficos, científicos e políticos. Neste novo estilo sutil e original o amor não constitui simples paixão poética, mas, amplia-se à condição de meio para que o coração sensível se eleve à contemplação da perfeição divina; nesta renovação literária, que fundou a primeira tradição poética italiana e estimulou o processo de formação da língua literária toscana, há acentos tênues e musicais. Foram os seguidores desta nova concepção poética que criaram a inovação métrica conhecida como “ballata”. “Stilnovisti” foram Lapo Gianni, Gianni Alfani, Dino Frescobaldi, Cino de Pistoia e, de maneira especial, Guido Guinizélli (1235-1276), Guido Cavalcanti (1225-1300) e Dante Alighieri (1265-1321). Guido Cavalcanti é representante típico do “dolce stil nuovo” e autor de poemas que se caracterizam pela delicadeza de estilo e profundidade de inquietudes. Ao lado da função perene e exaltadora da mulher, a poesia de Guido Cavalcanti traz a constante da morte entre seus motivos.

Dante Alihhieri
A obra de dante é um universo perfeitamente estruturado que sintetiza toda a vida espiritual da Idade Média, seja em seu plano religioso, seja em seu plano moral. A poesia de Dante é excelente na presença artisticamente realizada da “terza rima”. Suas obras principais são: ”La Vita Nuova”, “Canzoniere” e “Commedia” – embora sejam também importantes para sua compreensão o poema de caráter político intitulado “Convivio”, o tratado de linguística “De Vulgari Eloquentia” e o paralelo que estabelece a natureza das relações entre o Estado e a Igreja denominado “De Monarchia”. “La Vita Nuova” reune poemas de juventude encaixados num comentário em prosa; estes cantos líricos são inspirados pelo grande amor do poeta a Beatriz Portinari, sentimento que não encontrará correspondência, mas desilusão profunda pelo casamento da amada com outro. Beatriz reaparece como figura central na “Commedia” ulteriormente denominada Divina, porém, o fato de que morrera e de que o poeta fracassara na ação política, trouxe a Dante a idealização de Beatriz como autêntica encarnação do Bem, da Verdade, da Justiça e do Ideal supremo. Além deste amor espiritualizado e do humor político-satírico de castigar seus inimigos no inferno no qual é o poeta orientado por Virgílio, a Divina Comédia é, indubitavelmente, uma vasta composição dotada de densidade simbólica e na qual o vate genialmente transpõe toda Teologia, a mística e a ciência de seu tempo. O excelente nesta obra-prima da literatura mundial é reconhecer a presença dominante do lirismo expresso nas confissões do poeta. Dante conferiu ao toscano primazia sobre os demais dialetos da península itálica elevando-o à condição de idioma literário nacional e com sua obra, na qual a Itália se reconhece em sua visão e sensibilidade, fundou a literatura italiana.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 108/109. 

Visite também:

Um comentário:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Mais uma vez aprendi mais um pouco
ao estar aqui no seu blogue e ler
os seus textos.
Desejo que o amigo esteja bem.
Bj.
Irene Alves

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...