HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 60
LITERATURA ITALIANA-- II
“II dolce stil nuovo” não é apenas uma nova
maneira de conceber o amor e a mulher, mas, uma autêntica visão de
conjunto da realidade em seus níveis religiosos, filosóficos,
científicos e políticos. Neste novo estilo sutil e original o amor
não constitui simples paixão poética, mas, amplia-se à condição
de meio para que o coração sensível se eleve à contemplação da
perfeição divina; nesta renovação literária, que fundou a
primeira tradição poética italiana e estimulou o processo de
formação da língua literária toscana, há acentos tênues e
musicais. Foram os seguidores desta nova concepção poética que
criaram a inovação métrica conhecida como “ballata”.
“Stilnovisti” foram Lapo Gianni, Gianni Alfani, Dino Frescobaldi,
Cino de Pistoia e, de maneira especial, Guido Guinizélli
(1235-1276), Guido Cavalcanti (1225-1300) e Dante Alighieri
(1265-1321). Guido Cavalcanti é representante típico do “dolce
stil nuovo” e autor de poemas que se caracterizam pela delicadeza
de estilo e profundidade de inquietudes. Ao lado da função perene e
exaltadora da mulher, a poesia de Guido Cavalcanti traz a constante
da morte entre seus motivos.
Dante Alihhieri
A obra de dante é um universo perfeitamente estruturado
que sintetiza toda a vida espiritual da Idade Média, seja em seu
plano religioso, seja em seu plano moral. A poesia de Dante é
excelente na presença artisticamente realizada da “terza rima”.
Suas obras principais são: ”La Vita Nuova”, “Canzoniere” e
“Commedia” – embora sejam também importantes para sua
compreensão o poema de caráter político intitulado “Convivio”,
o tratado de linguística “De Vulgari Eloquentia” e o paralelo
que estabelece a natureza das relações entre o Estado e a Igreja
denominado “De Monarchia”. “La Vita Nuova” reune poemas de
juventude encaixados num comentário em prosa; estes cantos líricos
são inspirados pelo grande amor do poeta a Beatriz Portinari,
sentimento que não encontrará correspondência, mas desilusão
profunda pelo casamento da amada com outro. Beatriz reaparece como
figura central na “Commedia” ulteriormente denominada Divina,
porém, o fato de que morrera e de que o poeta fracassara na ação
política, trouxe a Dante a idealização de Beatriz como autêntica
encarnação do Bem, da Verdade, da Justiça e do Ideal supremo. Além
deste amor espiritualizado e do humor político-satírico de castigar
seus inimigos no inferno no qual é o poeta orientado por Virgílio,
a Divina Comédia é, indubitavelmente, uma vasta composição dotada
de densidade simbólica e na qual o vate genialmente transpõe toda
Teologia, a mística e a ciência de seu tempo. O excelente nesta
obra-prima da literatura mundial é reconhecer a presença dominante
do lirismo expresso nas confissões do poeta. Dante conferiu ao
toscano primazia sobre os demais dialetos da península itálica
elevando-o à condição de idioma literário nacional e com sua
obra, na qual a Itália se reconhece em sua visão e sensibilidade,
fundou a literatura italiana.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 108/109.
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Um comentário:
Mais uma vez aprendi mais um pouco
ao estar aqui no seu blogue e ler
os seus textos.
Desejo que o amigo esteja bem.
Bj.
Irene Alves
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