quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Literatura Ocidental - Parte 59.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 59
LITERATURA ITALIANA -- I
 
A literatura italiana nasce no século XIII com S. Francisco de Assis (1182-1226), Jacopone da Todi (1230-1306) e Dante Alighieri (1265-1321), todos caracterizados pelo misticismo, pela intensa atividade exercida e pela atração do absoluto. Jacopone da Todi escreveu em dialeto úmbrio e suas composições constam de “laudi” veementes, que às vezes atingem a grosseria, mas que possuem sempre imensa visão mística, quase aniquilando o jogral de Deus. Jacopone compôs magníficas cenas de drama religioso, formas dialogadas dramáticas também denominadas “sacra rappresentazione”. Francisco de Assis é o iniciador da poesia sacra ao compor seu famoso “Cântico ao Sol”, autêntica ação de graças ao Criador através da linguagem poemática. Amplia-se “Cântico ao Sol” para abranger toda a criação, inclusive a morte, numa profissão de fé com acentos cósmicos. As famosas “fioretti” são obra de seus discípulos.
 
  Chiaro Davanzati
A criação poética é desenvolvida oralmente e apresenta caráter popular-medieval e abrange em sua temática o amoroso, o político e o burlesco. A transformação da poesia quantitativa em qualitativa, ou seja, a substituição da quantidade da sílaba como base poética pelo acento, pelo número fixo de sílabas e pela rima tem sua origem já nos tempos medievais; agora inicia a atribuição de novo sentido de harmonia rítmica. Entre as composições originais destaca-se a coleção “Novellino”, constituída de cem contos ou novelas breves. O novellino tem concisão e estilo com certo desenvolvimento, além de interesse no gênero do “bel parlar gentile”. A primeira passagem desta literatura popular a uma poesia erudita ocorre com a escola siciliana, centralizada na côrte do imperador Frederico II e caracterizada pelo preciosismo e nível palaciano-aristocrático. Observa-se ainda na escola siciliana a profunda influência recebida da escola provençal. A presença da mulher na poesia provençal sofre a passagem de sua visão como objeto de desejo sensual dotado de impassibilidade à exaltação do ânimo a alturas supra-terrenas através da apaixonada contemplação. Contribuições da escola siciliana são o aperfeiçoamento do soneto e o desenvolvimento da “canzone”.

O predomínio da escola siciliana foi, gradativamente, substituído pelo crescimento da escola toscana, que atingiu a supremacia literária na segunda metade do século XIII. Como seu principal representante aparece Chiaro Davanzati (? - 1285) que, numa antecipação do “stil nuovo”, dedica-se à temática de glorificação do amor e do culto à beleza feminina. “II dolce stil nuovo” será iniciado na escola seguinte, a bolonhesa, por Guido Guinizélli, que converterá o culto à dama num ato de enobrecimento ou, até mesmo, de quase angelização da mulher. Guinizélli (1235-1276), considerado por Dante como “o pai de todos os poetas do amor”, é autor de canções dotadas de delicadeza, harmonia e serenidade, mas, também de certo excesso de análises psicológicas e introdução de elementos intelectualísticos. Uma codificação dos princípios do doce estilo novo é apresentada em um de seus poemas.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 107/108

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