HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 59
LITERATURA ITALIANA -- I
A literatura italiana nasce no século XIII com S.
Francisco de Assis (1182-1226), Jacopone da Todi (1230-1306) e Dante
Alighieri (1265-1321), todos caracterizados pelo misticismo, pela
intensa atividade exercida e pela atração do absoluto. Jacopone da
Todi escreveu em dialeto úmbrio e suas composições constam de
“laudi” veementes, que às vezes atingem a grosseria, mas que
possuem sempre imensa visão mística, quase aniquilando o jogral de
Deus. Jacopone compôs magníficas cenas de drama religioso, formas
dialogadas dramáticas também denominadas “sacra
rappresentazione”. Francisco de Assis é o iniciador da poesia
sacra ao compor seu famoso “Cântico ao Sol”, autêntica ação
de graças ao Criador através da linguagem poemática. Amplia-se
“Cântico ao Sol” para abranger toda a criação, inclusive a
morte, numa profissão de fé com acentos cósmicos. As famosas
“fioretti” são obra de seus discípulos.
Chiaro Davanzati
A criação poética é desenvolvida oralmente e
apresenta caráter popular-medieval e abrange em sua temática o
amoroso, o político e o burlesco. A transformação da poesia
quantitativa em qualitativa, ou seja, a substituição da quantidade
da sílaba como base poética pelo acento, pelo número fixo de
sílabas e pela rima tem sua origem já nos tempos medievais; agora
inicia a atribuição de novo sentido de harmonia rítmica. Entre as
composições originais destaca-se a coleção “Novellino”,
constituída de cem contos ou novelas breves. O novellino tem
concisão e estilo com certo desenvolvimento, além de interesse no
gênero do “bel parlar gentile”. A primeira passagem desta
literatura popular a uma poesia erudita ocorre com a escola
siciliana, centralizada na côrte do imperador Frederico II e
caracterizada pelo preciosismo e nível palaciano-aristocrático.
Observa-se ainda na escola siciliana a profunda influência recebida
da escola provençal. A presença da mulher na poesia provençal
sofre a passagem de sua visão como objeto de desejo sensual dotado
de impassibilidade à exaltação do ânimo a alturas supra-terrenas
através da apaixonada contemplação. Contribuições da escola
siciliana são o aperfeiçoamento do soneto e o desenvolvimento da
“canzone”.
O predomínio da escola siciliana foi, gradativamente,
substituído pelo crescimento da escola toscana, que atingiu a
supremacia literária na segunda metade do século XIII. Como seu
principal representante aparece Chiaro Davanzati (? - 1285) que, numa
antecipação do “stil nuovo”, dedica-se à temática de
glorificação do amor e do culto à beleza feminina. “II dolce
stil nuovo” será iniciado na escola seguinte, a bolonhesa, por
Guido Guinizélli, que converterá o culto à dama num ato de
enobrecimento ou, até mesmo, de quase angelização da mulher.
Guinizélli (1235-1276), considerado por Dante como “o pai de todos
os poetas do amor”, é autor de canções dotadas de delicadeza,
harmonia e serenidade, mas, também de certo excesso de análises
psicológicas e introdução de elementos intelectualísticos. Uma
codificação dos princípios do doce estilo novo é apresentada em
um de seus poemas.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 107/108
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