quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 02.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 02

A ANTIGUIDADE CLÁSSICA

O tronco comum de que derivam nossas culturas ocidentais encontra-se na Antiguidade Clássica greco-romana. Embora durante alguns séculos tenha existido a concepção romântico simplista de um milagre grego que marcasse o início da magnífica e quase insuplantável riqueza literária helênica no século VI a.C., as modernas disciplinas auxiliares da história revelam que este florescimento artístico foi o resultado de longa evolução da tradição principalmente oral dos séculos anteriores. A civilização cretense, que floresceu entre 3000 e 1400 a.C., era já portadora de literatura em língua não indo-europeia. Do amálgama posteriormente ocorrido entre cretenses e povos indo-europeus invasores e outros autóctones resultará o povo grego a cujos dialetos será superposta uma língua escrita e com expressão literária. Este fato ocorre nas proximidades de 1400 a.C. quando devido a frequentes contatos sociais é elaborado um fundo de cultura comum, incluindo uma concepção do mundo e do homem e das relações seja entre os homens, seja entre o homem e o mundo, ou ainda, entre o homem e os deuses. E 1200 a.C. surgem os gigantescos e prestigiosos monumentos literários que marcam o começo histórico da literatura ocidental: a Ilíada e a Odisseia atribuídas a Homero.


HOMERO

A existência de Homero, incontestada até o século XIX, foi pela primeira vez colocada em dúvida graças aos trabalhos do filólogo alemão Wolf. No século atual é recolocada por Victor Bérard. Embora a questão homérica não possa ser definitivamente resolvida, alguns fatos são incontestáveis: os textos não são contemporâneos às façanhas descritas; a Ilíada foi composta no final do século IX a.C. e a Odisseia, no início do VIII; finalmente, o estado de civilização apresentado data de épocas bem mais recuadas do que tradicionalmente se julgava. Análises linguísticas e literárias colocam dúvidas quanto a um único autor para as duas obras.

Ciclos de mitos, que serviram de repositório para os valores culturais do período compreendido entre os séculos XIV e IX a.C., comporiam toda uma literatura épica a partir de cujos episódios teriam sido compostas as duas obras referentes à Guerra de Troia. A Ilíada é a narrativa das catástrofes provocadas pelos deuses contra os homens e que acende a cólera de Aquiles, que se retira dos combates após altercação com o chefe da armada grega, Agamenom. Esta obra fornece-nos ampla visão da civilização pré-helênica. A Odisseia narra o retorno de Ulisses e as aventuras que encontra por intervenções prejudiciais dos deuses. Aspectos ainda importantes na Odisseia são a extrema fidelidade de sua esposa Penélope, o zelo de seu filho Telêmaco e a emoção de seu pai, Laerte.

A técnica empregada é altamente artística e a língua, a métrica e a própria composição elaborada indicam estágio cultural muitíssimo desenvolvido.

As duas epopeias homéricas encerram a síntese clássica dos valores religiosos, morais, intelectuais, que informam a civilização grega clássica e para a atualidade, uma das mais importantes fontes de sua sensibilidade e consciência moral e histórica.

Outra importante obra, inicialmente também atribuída a Homero, a Batracomiomaquia (Guerra das rãs e dos ratos) imita com grande perfeição as formas gerais da epopeia heroica, mas, com intenção eminentemente burlesca. Epopeia inferior e com caráter de imitação é “Os Argonautas”, composto pelo poeta Apolônios no século III antes de nossa era. Apresenta como tema a procura do velocino de ouro pelos príncipes chefiados por Jasão.


HESÍODO

Hesíodo (século VIII a.C.) é o seguinte autor que surge. Dominando habilmente a língua literária, compõe os poemas “Teogonia” e “os Trabalhos e os Dias”, ambos com dupla intenção didática: transmitir conhecimento sobre a técnica agrícola e apresentar um conjunto de normas morais retiradas da vida campestre. Observa-se nos poemas de Hesíodo o início de uma estruturação jurídica substituindo gradualmente o poder da força e da astúcia.

Costuma-se atribuir também a Hesíodo a obra “O Escudo de Aquiles” que estabelece uma primeira genealogia aos deuses do Olimpo grego.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 25/27.

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Um comentário:

Smareis disse...

Oi Amigo, eu não conhecia a história do HESÍODO. Ele foi um grande poeta e historiador.Como diz o Drummond de Andrade, a leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.
Beijo grande!

Smareis

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